CRUZEIRO CAMPEÃO
ESTADUAL – Primeiro de uma série
18 de fevereiro de 1962. Chega a seu término o
Campeonato Estadual de Amadores da Série Verde, correspondente à temporada de
1961. E conquista o título máximo o Esporte Clube Cruzeiro do Sul, de Jaguarão.
Prêmio justo e merecido que vinha coroar com êxito um passado de lutas e
glórias de uma das mais tradicionais entidades amadoristas do Estado. Fundada
em 1924, a agremiação esportiva baluarte daquela cidade vem se mantendo
garbosamente através dos tempos – tantos e tantos clubes passaram enquanto essa
vai ficando.
Realmente, vários fatores contribuíram de modo
decisivo na brilhante campanha encetada pelo quadro tricolor, invicto há 49
jogos. Entre eles, a organização exemplar da Diretoria, a eficiente orientação
técnica, a disciplina e camaradagem dos atletas nos treinos e concentrações e a
torcida da colônia jaguarense radicada em Porto Alegre nos jogos de Guaíba e
Canoas. Nas excursões, os dirigentes estrelados não pouparam esforços em
proporcionar a máxima assistência aos jogadores. Estes eram transportados nas
condições melhores possíveis e chegaram até a serem concentrados na Praia da
Alegria, às vésperas dos cotejos finais.
São unânimes os jogadores em salientar a
orientação técnica que vêm recebendo – a do Dr. José Antônio Candiota Duarte da
Silva, Campeão Panamericano de 1956 – sem igual até então nos clubes locais.
Treinamentos intensos são realizados durante a semana, com ensaios de conjunto
às terças e quintas e preparo físico às quartas e sextas. No decorrer dos
treinos, existe um revezamento entre titulares e aspirantes, resultando sempre
a escalação do que render melhor. E não participa dos cotejos o atleta que não
treina. Por esse motivo, embora visados, vários elementos de fora não chegaram
a ser utilizados. Unicamente têm a sua oportunidade os mais assíduos e
persistentes nas práticas.
Impressiona sobremaneira a facilidade e o jeito
todo especial com que o treinador manobra cada um dos seus pupilos. O que
resulta de um saneamento mental empreendido através de uma disciplina rígida e
inflexível com poucas punições, porém, de caráter profundo. Em Pedro Osório,
alguns elementos de destaque encontravam-se afastados da equipe que mesmo assim
ainda conseguiu um empate de 1x1 frente ao Piratini local. E esta disciplina é
mantida fora e dentro de campo. Basta dizer que a agremiação vem granjeando um
ótimo conceito em todas as homenagens de que lançaram mão.
Na temporada passada, um grande plantel de
jogadores esteve em ação – Oscar, Almir e Luiz Carlos (arqueiros), Cordeiro,
Pedrinho, Silveira e Aramis (zagueiros), Ludwig, Oliveira, Bittencourt, Cacaio
e Fontoura (médios), Afonso, Nogue, Otaviano, Luiz Orlando, Adãozinho, Neca,
Elbio, Vitor Hugo e Pitella (artilheiros). Todos em iguais condições e nenhum
titular absoluto, de modo geral, correspondendo perfeitamente bem. Reservas
apenas eventuais, mas sempre prontos para intervir nas partidas.
Após o jogo em Canoas, muitos dos atletas
mostravam-se desejosos de chegar a Porto Alegre. No entanto, voltaram para a
Praia da Alegria, onde estiveram concentrados. Lá o treinador Duarte fez-lhes
ver da necessidade de repousar, tendo em vista a viagem longa e cansativa que
tinham pela frente e o pouco tempo de que dispunham para os “aprontos” da
contenda decisiva do Campeonato. Mas deixou a critério de cada um essa resolução
e todos prontamente lhe atenderam o aviso. Comentando o fato, Duarte apenas se
limitou a citar Osório – “É fácil a missão de comandar homens livres: basta
lhes mostrar o caminho do dever”.
(Publicado em 20.03.1962 na Folha da
Tarde Esportiva, de Porto Alegre).
5 comentários:
Legal mesmo! Não sabia deste teu passado de cronista de esporte. Bjo
Remocei muitos anos ao rever estas historias e me orgulhei do nosso time!
Muito obrigado por teres me proporcionado esta alegria.
Huldo Cony
Médico Veterinário
Bah, Souza! estás te tornando uma verdadeira enciclopédia.
Eta cara organizado!
Abraço e parabéns.
Marco
Que lembrança boa! Eu e meu pai festejando na Av 27 de Janeiro a volta da delegação, orgulhosos!
Nara Santos
Oi Zezinho
Foi muito bom ler este comentário, pois me levou aos tempos do Ginásio, onde vi nomes de muitos desses jogadores que foram meus colegas, que não os vejo há muitos anos.
Abraços
Theophanes
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