CARÍSSIMOS:
Ultimamente tenho pensado nas limitações que nos impõem os tempos atuais. A
rapidez das comunicações nas redes sociais nos obriga a entender de imediato as
mensagens que nos chegam a todo o momento. Nem sempre o nosso cérebro se
encontra pronto para contestar as opiniões alheias que carecem de certo tempo
para serem digeridas. Desta forma, somos levados a contemporizar alguns fatos
para uma melhor reflexão.
O avanço acelerado da tecnologia não
nos permite acompanhar as mudanças instantâneas do dia a dia, nem sequer
consolidar o aprendizado que nos foi imposto em exíguo espaço de tempo. Mais
ainda quando estamos aferrados a antigos costumes superados com a passagem de
tantos anos, provocando-nos uma nostalgia inadequada à adaptação no convívio
com as mentes mais jovens e, portanto, mais suscetíveis para melhor
aproveitamento dessa evolução.
Assim ficamos propensos a desabafar muitos
fatos irrelevantes que expõem nossas carências de índole pessoal em decorrência
de um isolamento a que somos submetidos nesta era pandêmica. Praticamente
isolados do mundo exterior, passamos a conversar com as paredes e os
pensamentos nos chegam aos borbotões de modo a conviver com nossas lembranças.
Uma consciência crítica começa a nos acometer, trazendo à tona toda aquela
negatividade submersa no esquecimento.
Então me vem aquela sensação de estar
percorrendo o “corredor polonês” da minha vida em que me jogam acusações de
tudo aquilo que fiz de errado até aqui. E sou levado a suprimir as boas
recordações para me reabilitar a partir deste instante, tornando-me uma
criatura amargurada e incapaz de pensar em amenidades que poderia transmitir
aos meus próximos. Falta-me certo discernimento para enxergar o que se passa a
meu redor se considerado o privilégio de estar vivo.
Quantos planos foram deixados de lado
na impossibilidade de realiza-los, embora continuemos alimentando esses sonhos
repletos da esperança de retomada no tempo perdido. Enquanto isso, ficamos
andando em círculo, na busca de uma melhor perspectiva que nos permita caminhar
na direção de nossos mais puros ideais. Na realidade, estamos sendo submetidos
a uma provação para resistir honrosamente às tentações de nossas fraquezas ante
as dificuldades existenciais.
E assim somos lançados a um tempo
futuro, completamente deslocados do presente em que vivemos. Ainda carregamos
as marcas de uma época passada de difícil adaptação à turbulência dos dias
atuais, Hoje somos exigidos a pensar com um raciocínio mais intuitivo,
procurando descobrir e até adivinhar a essência do conhecimento existente na
base das tentativas para compreender uma linguagem oculta na lógica de uma
interpretação casual.
José Alberto de Souza.