sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O DOM DA FANTÁSTICA TELA DE MESTRE PINO


Estátua da Liberdade apontando
Constantemente para nosso espaço cósmico
Como se estivesse a todos lembrando
Deste seu exclusivo proceder telúrico

Para que sempre se continue enxergando
Uma esperança a chegar nesse tempo cíclico
De crises e entendimentos alternando,
Uma possibilidade de paz ao público

Embora das águas se venha elevando,
Não deixa de compartilhar poder enérgico
Com outros monumentos ali se avistando

Ponte Mauá cede imponente panorâmico
E mais ao fundo a sua vez espalhando
Da cidade todo patrimônio eclético.

JOSÉ ALBERTO DE SOUZA,
POA, 03/10/2019.

sábado, 9 de novembro de 2019

*ESTAS PALAVRAS SÃO COMO AQUELAS ONDAS


PALAVRAS COMO ONDAS

As palavras vão e vem
Como as ondas batendo na praia,
Que deixam aquele recado
E retornam sem resposta
Para de novo insistir
Numa outra teimosia

Alguém não se cansa
De sempre apelar ao vento
Por esta brisa tão suave
Que traga esperada mensagem
De um afeto perdido
Na imensidão do infinito

Mas as águas não deixam
De mudar na corrente
E não são as mesmas
Tais palavras que passeiam
Sua indiferença pela solidão
De quem nunca se cala

José Alberto de Souza
POA, 09/11/2019.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

OS FILHOS DESTA MÃE JAMAIS RECONHECIDA


OS FILHOS DA MÃE

Os filhos da mãe andam por aí
Abandonados, dormindo ao relento,
E nos cobram essa indiferença,
Pedindo alguma moedinha
Que nunca temos no bolso.

E como nos pesa na consciência
Estar bem acima do seu nível
Sem ter do que se queixar,
Acomodados na vida confortável
Sempre nos constrangendo.

De que adianta nosso protesto
Para desculpar nossa alienação
De nunca querer modificar
Esta situação desequilibrada
Que jamais será mais justa.

Pois nunca deixaremos de ser
Como estes pequenos burgueses
Contentando-se em ignorar
Nossos irmãos desfavorecidos
Por uma eterna falta de sorte.

José Alberto de Souza
POA, 22/out/2019.

domingo, 19 de maio de 2019

#UMA QUÍMICA PARA AQUELA ALMA PRÓXIMA



F I M   D E   P I C A D A

Com essa química que vem dentro de mim
Corroendo as sobreviventes entranhas
Sem respeitar o ocaso d’amargo fim
Para insistir em tão funestas artimanhas

É o que me resta dum perdido jardim
Agora tomado pelas ervas estranhas
Que se espalham e cobrem rasteiras assim
O solo inteiro em minúsculas montanhas

Ainda mais deixando de possuir ambições
De retornar àquela antiga juventude
Sempre resistindo em nossos corações

Como se fosse a derradeira virtude
Conservar as tantas e boas aspirações
Numa redoma de nostálgica atitude.

José Alberto de Souza
POA, 19/05/2019.

segunda-feira, 25 de março de 2019

#QUANDO SURGEM AS LEMBRANÇAS FUGAZES

Stephen Baker, pintor australiano, Depois do Expediente.

U M A   S Ó   T A Ç A

As nossas vidas outras poderiam ser
Se a gente conseguisse mais esta graça
De unir numa forma sincera, sem querer,
Sendo sempre livre de qualquer ameaça

Sem que o destino tivesse de manter
Essas origens duplicadas na fumaça
De caminhos diferentes a percorrer
Que nos proíbem de visar uma só taça

Tanto e tanto tempo se viu a passar
Escoando por entre vias tortuosas
Nestas lembranças difíceis de apagar

E mesmo assim elas ressurgem manhosas
Em sonhos inconvenientes de mostrar
Idealizados pelas mentes teimosas.

José Alberto de Souza
POA, 24/03/2019.