1951 foi o último ano em que funcionou o Departamento de Jaguarão
do Instituto Porto Alegre. Ainda não tinha findado o período letivo e já
agonizavam o Ginásio e a Escola Técnica de Comércio, mantidos por aquela
instituição. Direção e professores aguardavam ansiosos pelo desfecho, a
solução: encampamento pelo Estado do Rio Grande do Sul daqueles
estabelecimentos de ensino.
E os alunos remanescentes invejavam os integrantes da última turma a ser formada sob a
chancela do IPA. O pessoal da 3ª. Série chegava ao Prof. Jorge Abel Neto, o
último Diretor, solicitando para que estendesse até o próximo ano a sobrevida
da instituição; queriam se formar como ipaenses. E o Prof. Abel fazia um
esforço enorme para não sensibilizar-se com aqueles apelos, justificando-se com
a situação calamitosa da falta de recursos para manter a escola, muitas vezes à
custa do sacrifício pessoal de todo corpo docente.
No ano
seguinte, veio a nova Administração, tendo á frente o Padre Octávio Gurgel,
nomeado Diretor pelo governo estadual. Mas ainda restava acesa a centelha
ipaense daqueles alunos que conservavam dentro de si o estado de espírito da
antiga escola. Assim, buscavam retomar aquelas tradições que tinham sido
legadas pelos colegas e mestres antecessores. A última turma de alunos que
ingressou no IPA foi responsável pela realização da derradeira Festa da Saudade
oferecida pelos terceiro-anistas aos formandos de 1953. Essa gente foi a que
manteve o definitivo cordão umbilical com o Instituto Porto Alegre já que, ao
se formar em 1954, deixou de receber aquela homenagem: as turmas que lhes
sucederam não haviam vivenciado aqueles inesquecíveis tempos.
Fomos
participantes das comemorações dos 40 e 50 anos de fundação do IPA em Jaguarão:
nessa última oportunidade, nos perguntávamos se haveríamos de festejar o 60º.
Aniversário que aí está chegando neste próximo 11 de maio e até duvidávamos se
teríamos motivação suficiente para assim proceder. O milagre da vida tem
preservado a muitos ex-alunos para que se reencontrem e demonstrem às novas gerações
o dignificante exemplo de suas existências.
Entretanto,
cabe-nos refletir sobre a tese dos elos
de uma mesma corrente, tão brilhantemente formulada pelo Prof. Sebastião
Gomes de Campos, primeiro Diretor do IPA em Jaguarão. Inicialmente, gostaríamos
de colocar como núcleo estrutural da instituição o vetusto prédio da Rua
Joaquim Caetano da Silva, que teria abrigado em seus primórdios o antigo
Ginásio Espírito Santo e posteriormente outras escolas que lhes sucederam tais
como o Colégio Elementar, o IPA, o Ginásio Estadual de Jaguarão, o Colégio
Comercial Carlos Alberto Ribas e até o Colégio Estadual Espírito Santo, hoje
instalado na Rua Duque de Caxias.
Assim,
raciocinemos: se não dispusesse daquelas amplas dependências empilhadas nos
três andares do único Edifício então existente em Jaguarão, será que o
Instituto Porto Alegre teria aceitado o encargo que lhe queria atribuir o
governador Cordeiro de Farias? Portanto o IPA foi apenas o enxerto que vingou
no tronco primitivo, onde vicejava a seiva do saber.
De outra
parte, também nos ocorre: se o Governo do Estado do Rio Grande do Sul não
houvesse encampado a instituição em 1952 (a que tanto se empenhou Cristóvão
Neves, um dos pais que formou seus filhos naquele Departamento de Jaguarão), o
IPA assumiria o desafio de dar continuidade aos anseios daqueles estudantes que
sonhavam se formarem como alunos da velha escola? Da mesma forma, o Ginásio
Estadual foi outro enxerto que pegou naquele tronco ainda hoje preservado pelo
tempo.
A partir de 11 de maio de 1942, são sessenta anos que
o atual Instituto Estadual de Educação Espírito Santo estabeleceu como marco de
suas origens, quando na realidade essas se situam mais distanciadas no tempo:
oitenta, noventa, cem anos, quem sabe? Que se manifestem os historiadores de nossa Cidade Heróica.
(Publicado no jornal Nova Manhã, de Jaguarão, em 03/05/2002).
3 comentários:
Para Dom Clóvis Erly Rodrigues, bispo da Igreja Episcopal do Brasil, um pouco da história do nosso Ipinha.
Agradeço pela gentileza, me sensibilizou muito.
Ao querido Poeta das Águas Doces e Profundas meu abraço saudoso ipaense.
clovis , o bispo
Memorialismo essencial de sempre. Abraço.
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