Só
Heitor Saldanha
– A Hora Evarista –
1974 – p. 88.
Hoje enquanto tiver
dinheiro beberei.
Depois entregarei ao
garçom
meu relógio de pulso
meus carpins de nylon
meus óculos de
tartaruga (que nome bonito)
minha caneta tinteiro
e continuarei bebendo
sem literatura
sem poema
sem nada.
Só.
Como se o mundo
começasse agora.
Estou nesses
conscientes estados de alma
em que não posso me
salvar
e nem salvá-la.
Um comentário:
O poema de um momento na vida de todos nós...
Lindamente triste!
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