segunda-feira, 2 de abril de 2012

De Jaguarão-RS a Valinhos-SP *** (VI)

27. – Qual é o nome do seu primeiro livro? “Contos de Oficina 5” (Ed. Acadêmica, 1989), antologia em que tenho participação com 3 contos, resultantes da Oficina de Criação Literária já citada. Porém, como autor solo, “Lá Pelas Tantas” (crônicas, independente, 2010) posso considerar meu primeiro livro.
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28. – Em algum momento da sua vida pensou em parar de escrever livros ou já parou? Até pouco tempo, eu costumava responder àqueles que me perguntavam pelo próximo lançamento, dizendo que “Para Não Dizerem Que Passei em Brancas Nuvens” era minha obra póstuma. Mas, sem maiores comprometimentos, por enquanto vou levando e colocando os textos que me vem à mente no “quartinho de despejo” do meu blogue... Até que recentemente uma pessoa que não costuma usar computador me perguntou pelas últimas postagens que tinham saído. Então resolvi tirar cópia das mesmas para que ela fizesse a sua leitura. Ai me dei conta que já tinha material suficiente para publicar outro volume, resultando “Minha Fachada Predileta”, atualmente no prelo.
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29. – O que você quis dizer naquela parte (religiosa) que diz assim: “se é difícil entender o sofrimento, mais difícil ainda é aceitá-lo, mas é o preço a ser pago pela salvação do homem”? Quando escrevi “Um Compromisso para o Natal” imaginei uma Igreja de 15 degraus, em que cada um representaria uma estação da Via Sacra e, como o personagem estava sentado naquele que representava a Terceira Estação, procurei na Bíblia e lá encontrei coincidentemente o significado “quando Jesus cai pela primeira vez” e mais as citações “É melhor padecer se Deus assim o quiser, por fazer o bem, do que por fazer o mal (1 Pd, 3, 17)” e “se é difícil entender o sofrimento, mais difícil ainda é aceitá-lo, mas é o preço a ser pago pela salvação do homem”, que decidi encaixar no texto. Fazia sentido: o Coronel não entendia nem aceitava o sofrimento de Rafael, assim não só salvou este como também a si próprio, não se omitindo de ajudar o próximo.
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30. – Você já pensou em fazer um livro contando a sua história de vida ou já fez? Era minha intenção quando iniciei o blogue “Poeta das Águas Doces” responder a pergunta que me fez o contra-tenor Jarbas Taurino – “Qual a razão deste meu gosto pela música? – uma outra história comprida para ser contada numa conversa que cheguei a publicar em 16 postagens sem concluí-la e que desisti de continuar. Na sequência, fui desengavetando outro material que já não diziam mais respeito ao que tinha planejado e prossegui acrescentando novos temas em que se misturavam crônicas e ficções. A memória se faz presente em grande parte de meus escritos que não seguem uma cronologia definida, apenas são lampejos que surgem em minha cachola e eu vou anotando na ocasião.Estas respostas já me oportunizaram belas recordações.
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31. – Que conselhos você daria para quem não gosta de ler? Procure aquela leitura que flui ao natural, leia um livro por vez, evite o acúmulo de livros em sua cabeceira, freqüente as bibliotecas públicas, reserve um pouco do seu tempo para adquirir o hábito de ler, liberte-se do vício da televisão e do computador, troque idéias com outros leitores, assinale e comente tudo aquilo que descobrir de interessante, avance passo a passo na sua formação de leitor mais exigente de bons livros, sinta o prazer de criar a sua própria imaginação.

domingo, 1 de abril de 2012

De Jaguarão-RS a Valinhos-SP *** ( V )

20. – Desde quantos anos você começou a inventar história? Você gosta de inventar história? A primeira história que inventei foi num exercício de redação nas aulas particulares ministradas pela Profª. Delícia Bittencourt, preparatórias para o exame de admissão ao Ginásio. Ela leu o texto de um livro e mandou que a gente escrevesse com as próprias palavras o que ali estava escrito. Só que eu resolvi romancear e contei uma história bem diferente. Na outra aula, ela leu essa minha redação para duas colegas que comigo estudavam e estas logo reclamaram – “mas não foi essa história que a senhora contou”. Ai a professora explicou que só queria mostrar a mesma para que avaliassem a minha capacidade criativa. E de lá para cá, sempre que posso, largo com gosto essas tiradas. *********************************************************** 21. – Você é muito famoso? Ainda não cheguei a tanto e nem esperava alcançar esse reconhecimento que estou recebendo através do Projeto Letras e Artes Horácio 2011. Será que tenho café no bule? Mais uma vez recorro a Rachel de Queiroz – “Que não envergonha ser um romancista menor, um cidadão menor, uma pessoa do comum.”

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22. – Que tipo de música você gosta de ouvir? MPB, toda vida. Estou tentando me reciclar largando o “mofo” da Velha Guarda, acredito que tem muitos novos talentos surgindo por ai. Mas mesmo assim, minha predileta para tocar no derradeiro adeus é “João Valentão”, de Dorival Caymmi.

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23 – Que tipo de livro você gosta de ler? Uma literatura fluente, que prende atenção. Gosto muito da novela picaresca, aquela do anti-herói, que cito como exemplo Galeão Coutinho (“Vovô Morungaba”, “Memórias de Simão, o Caolho”, “Confidências de Dona Marcolina”), Dyonélio Machado (“Os Ratos”) e Gladistone Osório Mársico (“Cogumelos de Outono”). Aprecio bastante José Mauro de Vasconcelos (“Confissões de Frei Abóbora”), Humberto de Campos (“Lagartas e Libélulas”), a poesia de J.G.de Araujo Jorge, a prosa de Érico Veríssimo (“Incidente em Antares”), Luiz Antonio de Assis Brasil (o caro Mestre) e fico por aqui com tantos bons autores que minha memória mal consegue guardar.

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24. – Quantas histórias você já fez? Qual a sua maior inspiração para escrever contos? Olha, até perdi a conta do que já consegui produzir. Algumas vezes, a inspiração parece que já vem pronta e a escrita flui ao natural. Mas também acontece o bloqueio mental e não consigo concluir uma ótima trama por mais que me esforce em aprimorar o texto. E, por preguiça mesmo, acabo deixando-o de lado, na espera de um momento mágico que me lance as luzes do entendimento. Puro desespero ao perder o fio da meada. O mestre Assis Brasil me enfatizava: “Também só queres Mu-Mu!” Isto é, a maior inspiração.

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25. – Você acha que todas suas histórias podem ser filmes? Acho que qualquer história pode ser filme, mesmo que este não represente com fidelidade a obra literária. Daquela se extrai um roteiro que vai agregando outros valores artísticos necessários à sua adaptação cinematográfica, o que não desmerece o original e sim se presta para estimular as pessoas na sua leitura.

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26. – Você quando era pequeno queria ser outra coisa? Sempre tive facilidade para o desenho, até pensei em fazer vestibular para arquitetura. Mas não era minha aspiração de guri. Lembro-me daquele tio que esteve adoentado lá em casa e eu ia com um caderno de desenho, a beira do seu leito, esboçar a figura de um navio, a partir das suas narrativas de viagem como marinheiro. Ele me corrigia o que não estava certo, eu apagava com a borracha e redesenhava até que ele concordasse.