domingo, 30 de março de 2008

Como entrar num parafuso sem fim





lá vem ela me enxerga se transforma fica linda e eu não tenho uma câmera para registrar a felicidade que ela transmite quando me vê nenhuma outra mulher no mundo se apura tanto quase corre querendo se atirar em meus braços que bom te ver eu também precisava tanto falar contigo eu também me beija nas faces que dia bonito dá vontade é sair de mãos dadas contigo não posso não fica direito vais pra lá eu também te lembras daquela vez que brincamos de roda faz tempo não muito ainda não esqueci mas como estás bem continuas a mesma menininha safada que mexia comigo dizendo que eu era um bocó que não gostava de namorar mas eu não queria me comprometer ficar enrabichado depois teu pai me perguntar qual era minha intenção sem que eu pudesse falar outra coisa que era a melhor possível e logo tua mãe na sala fazendo croché na cadeira de balanço vigiando a gente segura a tua mãozinha não pode faz cosquinha no sovaco vê só que atrevimento te manda moleque onde já se viu faltar o respeito com moça de família não ontém não dava pé hoje pode dar ela quase se encosta eu tenho vontade é de passar o braço nos seus ombros pergunto com meu olhar responde com seu gesto esfregando sua coxa na minha mão me excita me deixa todo corado de mão num bolso que coisa louca nunca vi nada igual até acho que ela deve gostar de mim

segunda-feira, 24 de março de 2008

A abelha-rainha merece ser tuteada?

Duas mensagens que recebemos através da Internet, chamaram-nos a atenção para o tratamento que costumamos dispensar às diferentes pessoas de nosso relacionamento.
Numa delas era relatado o caso de um juiz que processou o porteiro do prédio em que residia por que este o tinha destratado, chamando-o de você ao invés de saudá-lo como doutor.
Em outra, mostrava-se a diferença entre tu e você através de uma histórinha de um detetive prestando conta de suas investigações para um empresário que o havia contratado para informá-lo das atividades desenvolvidas por um de seus funcionários no horário do almoço.
Assim o sherlock historiou como aquele servidor desempenhava-se naquele intervalo de tempo, usando para isso a narrativa na terceira pessoa, deixando aquele patrão aliviado das suas desconfianças por não se configurar qualquer resquício de má fé.
Porém, eis que o nosso araponga resolve apresentar a outra versão, agora contada na segunda pessoa, esta sim desvendando a carapuça de inocência do acusado, ainda mais que andava fazendo amor com a tua mulher.
Tais fatos fizeram-nos refletir sobre os diferentes tratamentos pessoais a que somos condicionados através das relações humanas tradicionais.
Antigamente, ensinavam-nos a dobrar a língua para as pessoas mais velhas - seu Antônio, o senhor poderia me informar... - ou então para aquelas pessoas menos íntimas - Francisco, você pode me alcançar - e apenas e tão somente para aqueles mais jóvens - Maria, tu precisas saber... - ainda mais distinguido tornava-se quem possuía diploma de curso superior - Doutor Carlos, o que posso fazer...
Tantas mesuras só tem servido para semear confusão no entendimento correto da língua, fácil de ser simplificado abolindo-se a corruptela de Vossa Mercê, a exemplo da escrita bíblica onde nem mesmo o Supremo Criador deixa de ser tratado na segunda pessoa quando a primeira fala-lhe diretamente e n'Ele na linguagem indireta.
Poeticamente então, licença prá cá, licença prá lá, a gente não consegue livrar-se do você e ali pelas tantas termina dando marteladas na concordância verbal.
Querem ver como isso funciona - experimentem trocar o você pelo tu nos versos doidos desta Abelha-Rainha:
Você me atraía, me seduzia,
Me conduzia às alturas
Que eu nunca sonhei nem alcancei,
Pois fiquei no meio da viagem,
Desisti, não passei na triagem
Do cortejo nupcial.
Preferi continuar
Na minha vidinha
De eterno sofredor
Do que ser aquele zangão
Que contigo bailou
E morreu feliz
Na revoada do amor.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Teorema para quem gosta de filosofar...

Imagine uma mulher: corpo de manequim, chapéu de feltro e blazer creme e o marrom da saia justa, da bolsa e dos sapatos. Agora tome duas tábuas de palmo e meio, juntas, espessura reforçada; suspenda-as por cabos de aço descendo do alto de um edifício, deixando-as porém situadas a uns trinta metros da base. Pois bem: suponha esta mulher em pé sobre as tábuas, agarrando-se a um dos cabos, numa tremedeira que balança de modo perigoso a armação. Embaixo uma multidão olhando para cima, o trânsito na rua interrompido.
- O que aquela louca está querendo fazer? – perguntem os assistentes tão curiosos em sua expectativa quanto nós em dar desfecho a esta história. Mas prossigamos: um sol, e bote solaço nisso, daqueles do início da tarde, tornando mais inusitado o acontecimento. Que ela se chame Madalena, não a arrependida, mas sim a enjoada como a considerem as pessoas de seu conhecimento. Ah, íamo-nos esquecendo, que esta criatura haja rodado muitos quilômetros nas caronas da vida, bastante necessitada de um novo condutor para sua máquina, já queimando óleo.
- Como teria chegado ali? – Que o interrogatório persista mais ainda com toda essa enrolação e você desate o nó: que Madalena, recém chegada de Paris e ansiosa por contar as novidades da viagem, convide as colegas do curso de línguas para um chá no seu apartamento; que estas, enciumadas e indiscretas em seus cochichos, combinem mudar de assunto caso a França venha à tona.
- Por que aquele andaime naquela altura? – Que as pessoas aqui embaixo continuem desconhecendo a questão, enquanto nós já tenhamos esclarecido alguma coisa com este exercício. Que possamos retroceder para vermos no andaime um sujeito alto, espadaúdo, cabelos grisalhos, vestido num macacão branco todo manchado, com aquele boné da Casa das Tintas, dando umas batidinhas no vidro da janela e, frouxo da bexiga, querendo pedir licença para usar o banheiro.
- Desde quando ela se mantém naquela situação? – Que a massa abale-se com o drama e nós, mais próximos de chegar a um termo, assistamos na sala as dondocas e sua permuta de farpas. Madalena, fascinada, abra a janela e deixe ele entrar embaraçado pela necessidade fisiológica. Tanto suas amigas insistam em ignorá-la, que ela passe ao exterior, gozando mais esta experiência. Que as outras fiquem mordidas de ciúme.
- Onde estão os responsáveis para tomarem providências? – Tanta pergunta, nenhuma resposta. E que nós sejamos as testemunhas implacáveis dessa tragicomédia urbana: o retorno dele a seu posto de trabalho, a surpresa vendo-a no andaime.
– Oi, dona, deixa eu continuar o serviço.
E ela no instante crucial de sua glória, naquele gostinho de quem conquista o poder, esnobando o triunfo incontestável, tanta atenção voltada para si:
- Hipólito, meu gatão, tira-me daqui!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Dia Internacional da Mulher

PRENDA GUERREIRA
A nossa homenagem a todas mulheres maravilhosas do mundo
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Quantas mulheres existem tão resignadas
Aí por detrás das panelas e dos fogões,
Por azares tantos da vida derrotadas,
Renunciando de futuras motivações.
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Mas há também aquelas já determinadas
A não serem abatidas por frustrações,
Superando dificuldades passadas,
De inesgotável manancial nos corações.
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Assim olhamos para ti, prenda guerreira,
E sentimos a luta por tudo que queres
Transparecendo sempre na fronte altaneira.
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Por isso, suplicamos: enquanto puderes,
Nunca desistas para que, desta maneira,
Continuemos acreditando nas mulheres.
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