terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Mais um boêmio chega no Além...

Temos o gaiteiro Paulo Barbosa,
os seus dedos pesados de camponês,
mas delicados na poética prosa
com minúsculos botões, a polidez...
Ontem, de manhã cedo, fomos surpreendidos por mensagem do Glênio Reis, comunicando o falecimento do nosso querido amigo Paulo Ercílio Barbosa, músico, antigo integrante do Regional do Clube do Choro de Porto Alegre, do qual foi fundador como ainda o seria do Museu da Imagem e do Som de nossa Capital. Deixa a prantear-lhe a ausência sua esposa Dª. Tereza e os filhos Sandra, Fábio, Gerson e Fabiane, além de seis netos. O seu enterro ocorreu, às 10 horas, no Cemitério João XXIII, com grande acompanhamento de familiares e amigos que lá se fizeram presentes, entre os quais seus companheiros do CCPA - Miriam e Arthur Sampaio, Enio Casanova, Luiz Fonseca, Luiz Palmeira, André Rocha, João Madruga, Soleno Almeida e Raul Flores e esposa.
Paulo Ercílio Barbosa (18.09.1932 - 27.12.2009) é mais um nome que inscrevemos na galeria das nossas eternas saudades onde já se encontram gravados os de Alcides Gonçalves, Jessé Silva, Johnson, Paulo Santos, Cláudio Braga, Francisco Campos, Osmar Gonçalves, Geraldo Majela, Jorge Costa, Zeno Azevedo, José Dorneles, Geraldo Santos, Waldyr Justi e outros tantos que tivemos oportunidade de conhecer desde os inesquecíveis encontros das segundas-feiras no Centro Ítalo Brasileiro – CIB, década de 80, ali na Rua João Telles, bairro Bonfim.
Acometido por moléstia degenerativa, ultimamente o nosso saudoso Barbosa já não tinha mais ânimo para freqüentar as reuniões e saraus a que sempre era requisitado para demonstrar seu virtuosismo na gaita-ponto, chegando ao ponto de seu filho Gerson (violão 7 cordas) e o sobrinho Elias (bandolim e cavaquinho) muito insistirem para tocar juntos, inclusive com planos de gravar um CD para resgate da sua obra, na qual se destacavam os choros Solfejando, Insensata e Ponto a Ponto.
O grande violonista Jessé Silva costumava elogiar a postura de interpretação do Barbosa com seu instrumento musical – ele sabe puxar um choro – o que constatamos através dos 2 discos gravados pelo Clube do Choro. Além desses registros, esse festejado músico ainda participou do projeto Por Amor á Música, editado sob a chancela do Fumproarte, solando e acompanhando composições de Paulo Sarmento Filho (Saltitante e Choro Azul), Alcides Gonçalves (Minha Seresta e Pardo Velho), Jorge Machado (Meu Recado e Amor Tem Prazo), Jayme Lubianca (Nasce uma Canção e Porto dos Casais), Francisco Campos (O Patriarca), Antoninho Gonçalves (Sabiá Moreno) e Jessé Silva (Meu Pensamento).
Formado em Administração de Empresas pela UFRGS – chegou a empresar o zagueiro Ari Ercílio, seu irmão, quando este atuou na dupla Grenal - era funcionário aposentado da CEEE – Companhia Estadual de Energia Elétrica e dedicava-se à música por puro diletantismo. Ele nos contava que seu pai tocava o mesmo instrumento e que na ausência deste exercitava de ouvido as tecias do acordeom às escondidas com a conivência da sua mãe, até que um dia esta falou para seu pai – tu precisa ver, o guri está tocando direitinho. E o pai – não acredito, quero ver – e daí em diante passou a ser o seu maior incentivador.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A minha gana é fazer um show por lá

O título foi extraído de uma confissão do amigo Marco Aurélio Vasconcellos, cantor e compositor de notável expressão no cancioneiro gaúcho, que foi reproduzida ao final da postagem Chiru Bueno das Charlas, publicada em 29/10/2008 aqui em nosso blogue. E para nossa surpresa agora recebemos comunicação sobre o lançamento do CD Da Mesma Raiz, em que o Marco Aurélio interpreta Martim Cesar, Paulo Timm e Alessandro Gonçalves, os quais vem mostrando a sua produção musical em vários eventos e espetáculos do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. O resultado desse desempenho poderá ser conferido no show que deverá acontecer na próxima terça-feira, dia 22/12/2009, às 21 horas, no Teatro Esperança de Jaguarão, contando com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e transmissão ao vivo pela RadioCom 104.5 FM e site www.radiocom.org.br.
Portanto, fazemos aqui o registro de mais uma parceria desses talentosos conterrâneos, que já têm realizado excelentes performances em várias representações artísticas, tais como Caminhos de Si, Maria Conceição Canta e Canções de Armar e Desarmar, além de várias premiações nos festivais de música nativista do nosso Estado. Sem dúvida, uma iniciativa que merece ser prestigiada por todos jaguarenses.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

DESVIO DE ROTA


Sexta-feira, bolso forrado pelo salário recém obtido, despista os companheiros do chope no final da tarde, um programa diferente, na rua seu olhar naquela mulher despercebida entre a multidão, mesmo ela correspondendo prossegue no seu rumo, na dúvida retrocede no caminho andado, novamente visível a seus olhos a segue discreto à distância, volta e meia dá uma paradinha e confere sua aparência no reflexo das vitrinas, acintura o abdômen, ergue a calça quase caída e coloca por dentro a camisa solta, contém a rebelião dos cabelos sobreviventes, as mãos espalmadas e umedecidas por cuspidinha providencial, aquela sillhueta some da sua vista mas logo ali bem ao seu alcance ela se volta olhando para trás e sorrindo amistosa, reconhece a cor marrom-alaranjado do pacote que ela leva junto do peito, se reanima de um só fôlego, apressa seu passo e a deixa para trás a uma prudente distância, entretanto fica no aguardo de sua passagem na esquina mais adiante, ela chega naquele ponto de espera, discreta o saúda, ele nem consegue mexer o queixo caído sem reflexo suficiente para o gesto involuntário de esconder com a mão sua boca escancarada, assim ela cruza de relance em condições dele se recompor e sair daquele estado de catalepsia, ela dobra naquela esquina e ele retoma o caminho, ali perto uma fila de pessoas aguarda embarque numa condução para o bairro, ela em último lugar, ele chega de mansinho, passos curtos e cruzados, ombros caídos para diante, braços gingando, algo lhe sussura, voz anasalada quase fanhosa, ela se assusta, no contra-golpe um joelhaço nos testículos, depois entra na camionete e ele se encolhe do lado de fora, a máquina arranca.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Patrimonio Cultural de la Humanidad

RIELES Y PIEDRAS
***************
Qué me importa si estoy con usted a bailar,
Aunque usted me pida el amor que niego,
Que yo no quisiera que le diera.
*******
Si me siento superior,
Solo quiero sacarle este seiva
Que bate en sus venas.
*******
No voy a concederle
Mi existencia por todo siempre.
*******
Ese es mi precio
Para que usted no me convierta en esclavo
De su voluntad, de sus caprichos.
*******
No, no voy a concederle
Nada más que la indiferencia
Aún que tenga de lastimarle,
Tenga de olvidarle...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Epa, que faz esta foto por aqui?

Lá pelos idos de 1956, morava eu na Rua Demétrio Ribeiro, número 449, em P.Alegre. Na ocasião ali existia uma casa de dois pisos, um deles no subsolo, com duas janelas grandes, sob as quais havia pequenas aberturas para ventilação e iluminação do pavimento inferior, e uma porta que dava para o hall de entrada, onde uma escada subia para o piso superior e a outra descia para o porão habitável, alugado por Dona Alzina Monteiro. Ela residia no local com seu filho Edar e costumava sublocar os dois beliches de um dos quartos para os conterrâneos de Jaguarão. Desta forma, passei a dividir aquelas dependências com os companheiros Mário Teixeira de Mello, Newton Monteiro e José Martins de Souza Netto, transformando-as num autêntico consulado da terra natal. O Edar Monteiro era funcionário da Bolsa de Valores do Rio Grande do Sul e jogava as suas peladas de fim de semana no Antodel, capitaneado pelo corretor Antonio Delapieve, o dono do time. Já os demais companheiros de quarto também batalhavam fora o dia todo para ter a sua própria renda e eram dados a correr atrás de uma bolinha sempre que surgia alguma oportunidade. E eu passava, na parte da manhã, em casa estudando ou, à tarde, no Colégio Estadual Júlio Castilhos assistindo aulas do curso científico. Era, pois, de outro departamento e, inveterado perna de pau, só podia ser escalado nessa seleção ou como roupeiro ou como massagista.
Assim é que nesse ambiente, certo dia, apareceram na nossa república o Gessy, ponta de lança, e o Onete, goleiro, ambos atletas do Grêmio, aguardando a hora do encontro na pracinha do Alto Bronze com as namoradinhas que tinham por lá. Enquanto isso o jaguarense Onete, que tinha sido meu colega no curso primário, nos relatava aquela famosa revanche com o Santos, depois de perder o amistoso com o tricolor por 3x2. E ele mostrava-se assombrado com o que vira do banco de reservas, aquela máquina infernal do ataque alvinegro com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé, Edu & Cia. Vinte minutos de jogo com o escore de 3x0 e o Grêmio levando aquele baile, diz ele que não conseguia ouvir o treinador Foguinho mandando por três vezes seguidas ele substituir o argentino Germinaro até que, conseguindo despertar daquela letargia, foi para debaixo dos paus só para levar mais dois golinhos no restante da partida.
Clique na fotografia para ver os detalhes em tamanho maior.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Uma fenix ganhando às alturas

Acreditamos que o talento seja uma maldição, pois diariamente presenciamos a batalha inglória daqueles que optam por realizar as suas potencialidades latentes, sacrificando a própria sobrevivência.
É bem verdade que alguns são bafejados pela sorte de serem descobertos em meio a uma diversidade de competências escondidas sobre o manto das generalizações.
Assim, interpretamos a consagração nacional de expoentes da nossa cultura, tais como Érico Veríssimo e Lupicínio Rodrigues, sem dúvida alguma detentores de indiscutíveis méritos, porém, sobrepondo-se a outros tantos que nada ficariam a dever-lhes caso tivessem a seu dispor uma divulgação mais eficaz.
O saudoso Jorge Costa, autor e intérprete de músicas de grande sucesso na sua época, como é o caso de Triste Madrugada, dizia-nos que o seu grande problema era o de morar no lugar errado – São Paulo – o que lhe acarretava deslocar-se ao Rio de Janeiro e esperar vários dias para encontrar Beth Carvalho, então fazendo temporada de shows pelo Brasil afora, obrigando-o a voltar sem conseguir o seu intento por não dispor dos recursos necessários.
Aqui em Porto Alegre, podemos citar o caso de Adylson Rodrigueiro, que vem fazendo um esforço sobre-humano para impor-se na sua carreira de poeta, compositor, músico e intérprete, e investindo além de suas posses para alcançar o seu objetivo.
Com o apoio do FUMPROARTE, já conseguiu editar o livro e CD – O Tecelão de Fantasias (1998) – onde apresenta composições próprias.
Na sala Álvaro Moreyra, do Centro Municipal de Cultura, apresentou o espetáculo Consciências, que teve a participação do grupo Entre Cordas e Acordes, com Chico Pedroso (cavaquinho), Guaracy Gomes (bandolim), Luiz Palmeira (violão 7 cordas) e Valtinho (pandeiro), bem como da cantora Marília Benites e mais o grupo Tribo da Vila constituído pela percussão de Álvaro, vocais de Daniela e violão, contrabaixo e vocais de Jerônimo Rodrigues, seu filho.
Em 2005, lançou a sua coletânea de MPB composta em Porto Alegre, intitulada Enxuga Teu Pranto, com a colaboração dos instrumentistas Marco Farias, Chico Pedroso, Silfarnei Alves, Fábio 7cordas, Valtinho, Marcelo da Cuíca e Paulo Goia – além dos discos temáticos Amantes e Pecadores (românticas) e Terapia de Malandro É Conversa de Botequim (sambas).
A sua obra pode ser considerada performática, poética e romântica, alegre e brejeira, com toques de crítica social, valendo-se de violão e voz - regional brasileiro (violões, cavaquinho, bandolim e percussões) – piano e voz – ou então quinteto (teclados, baixo, bateria, violão/guitarra e sopros, conforme o formato temático e rítmico.
VALE A PENA CONFERIR!
DUAS MÚSICAS DO NOVO CD DE ADILSON RODRIGUEIRO! SHOW DIA 29.OUT. QUINTA-FEIRA 20h
ALTOS DO MERCADO PÚBLICO - CENTRO - POA - RS
CLIQUE ABAIXO URL do MySpace:

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

TRAJETÓRIA DE UM ASTRO ( VI )

Em SPFCpedia, encontramos a galeria dos 100 Jogadores Mais Importantes do São Paulo Futebol Clube, dos quais apenas constam oito goleiros, a saber: Gilmar, King, Mário, Poy, Rogério Ceni, Sérgio, Valdir Peres e Zetti. Considerando que poderiam ser formadas nove equipes de 11 jogadores com o total de atletas figurantes dessa mostra histórica, deduzimos que se teria de improvisar mais um goleiro entre outros não especialistas da posição. Desse modo, demonstra-se cabalmente a importância do nosso conterrâneo Mário Oliveira como baluarte da agremiação são-paulina.
É bem verdade que atualmente Rogério Ceni, sem sombra de dúvida, representa o jogador símbolo do tricolor do Morumbi, sob o peso de mais de 700 jogos disputados em 19 anos de carreira, e ainda permanece fresca a lembrança de Zetti e Valdir Peres, de grande e inegável experiência no cenário internacional. Porém, a poeira do tempo vai jogando no ostracismo a recordação daqueles que marcaram a sua época.
Permitimo-nos, portanto, percorrer aquela galeria para escolher alguns de seus integrantes que atuaram em outras posições no quadro do São Paulo F.C. e ai desfilam nomes como Bauer, Friaça, Leônidas, Mauro, Noronha, Ponce de Leon, Remo, Rui, Teixeirinha, Alfredo Ramos, Maurinho, Pé-de-Valsa e Poy, quer dizer, todos eles contemporâneos e companheiros do Mário na época em que defendia as cores do tricolor paulistano. Um verdadeiro time dos sonhos que conquistou o bicampeonato paulista em 1949, comandado pelo renomado treinador Vicente Feola, constituindo-se em autêntica inspiração para muitos disputantes do futebol de botão daquele tempo.
Recomendo a todos jaguarenses e simpatizantes da nossa terra para que acessem o link http://www.blogdozanquetta.com/?p=4204 a fim de darem uma força a esse injustiçado conterrâneo na votação que ali se processa para apontar o melhor goleiro da história do São Paulo e que se consagre Mário Oliveira com destaque mais expressivo nesse pleito. Afinal, ele continua sendo um dos nossos mais lídimos orgulhos.

domingo, 18 de outubro de 2009

TRAJETÓRIA DE UM ASTRO ( V )

Passando a palavra a Alberto de Oliveira, ele nos revela que Dª. Clori, com quem Mário se casou em Pelotas, é que lhe ensinou a desenhar o próprio nome – assim pelo menos dava seus autógrafos – pois era analfabeto e permaneceria nessa condição até o fim de sua vida, aos 74 anos, em 1998, quando veio a falecer. Essa senhora foi a companheira fiel e grande motivadora para que Mário superasse os percalços que surgiriam após a sua saída do São Paulo devido a desavenças com Leônidas da Silva, quando este passou a técnico e mais tarde dirigente dessa agremiação. Assim, o nosso conterrâneo viu-se forçado a peregrinar por vários clubes do interior paulista, entre eles o Comercial de Ribeirão Preto. Logo depois se vê obrigado a parar, quando sofre uma lesão que quase lhe custa a amputação da perna direita, não fosse o empenho e a persistência de salvá-la a qualquer custo da abnegada Dª. Clori.
Em 1970, Alberto Oliveira vai visitá-lo em São Paulo e encontra-o trabalhando de porteiro no Juventus, da Rua Javari, muito benquisto no bairro e sempre lembrado em todas as festas do São Paulo. Pouco tempo depois falece, aos 93 anos, a mãe de Mário, Dª. Idalina Barbosa de Oliveira, que morava em Porto Alegre junto com seu irmão mais velho, Joaquim Dionísio Oliveira, o qual cuidou dela durante toda sua vida. Assim que Mário aposentou-se no Juventus e como pagava aluguel em São Paulo, Alberto insistiu junto a ele para que viesse residir com aquele seu irmão. Sugestão acatada, com a esposa Dª. Clori e a filha Carmen Sílvia, logo se muda para a nossa Capital, enquanto a outra filha Carmen Lúcia, casada, permanece em São Paulo.
E assim foram surgindo as primeiras pistas para a ampliação dessa nossa pesquisa. Alberto Oliveira indica-nos o período entre 1948 e 1953 como o tempo em que Mário atuou naquele clube paulistano. Dessa forma, temos facilitado o nosso trabalho de acesso na Internet, onde descobrimos, através da SPFCpedia – Equipes Postadas Ano a Ano, fotos com as diferentes formações da equipe são-paulina nessa época, sendo Mário o titular da meta tricolor.

TRAJETÓRIA DE UM ASTRO ( IV )

Em competição válida pelo Campeonato Paulista de Futebol da Segunda Divisão, aconteceu em 19 de dezembro de 1954, no Estádio Luis Pereira (Vila Tibério) de Ribeirão Preto, o primeiro clássico Come-Fogo da fase profissional.
A contenda que terminou empatada em 1x1, com golos de Américo (B) e Mairiporã (C), teve arbitragem de João Batista Laurito. As equipes entraram em campo com as seguintes escalações:
Comercial F.C.: Mário, Toninho e Sula, Assunção, Bié e Laércio, Sigilo, Ademar, Mairiporã, Maneca e Clive;
Botafogo F.C.: Enio, Mexicano e Kelé, Diógenes, Oscar e Nascimento, Dorival, Neco, Ponce, Américo e Fernando.

TRAJETÓRIA DE UM ASTRO (III)

1948 - São Paulo F.C. (Campeão Paulista): ********** Mário, Savério e Mauro, Rui, Bauer e Noronha, China, Ponce de León, Leônidas, Remo e Teixeirinha.
O São Paulo sagrou-se bicampeão paulista em 1949, ao derrotar o Santos, no Pacaembu, por 3x1. O jogo ocorreu no dia 20 de novembro e o árbitro era Godfrey Sunderland. Os golos foram marcados por Teixeirinha aos 25 minutos; Friaça aos 31 minutos do 1º. tempo e aos 19 minutos do 2º. tempo; e Alemãozinho aos 44 minutos do 2º. tempo. O tricolor formou com: Mário; Savério e Mauro; Rui, Bauer e Noronha; Friaça, Ponce de León, Leônidas, Remo e Teixeirinha; tec. Vicente Feola. O Santos jogou assim: Chiquinho; Charreta e Dinho; Nenê, Pascoal e Alfredo; Alemãozinho, Antoninho, Juvenal, Odair e Pinhegas; tec. Oswaldo Brandão. (in Planeta Tricolor, Anos 40).
1950 - São Paulo F.C. (Vice-Campeão Paulista): ***** Mário, Savério e Mauro, Rui, Bauer e Jacob, Friaça, Ponce de León, Leônidas, Leopoldo e Teixeirinha.
1952 - São Paulo F.C. (Vice-Campeão Paulista): ***** Mário, Turcão e Mauro, Pé-de-Valsa, Bauer e Alfredo, Alcino, Bibe, Albella, Leopoldo e Maurinho.

sábado, 17 de outubro de 2009

TRAJETÓRIA DE UM ASTRO ( II )

No dia 18 de novembro de 1945, o Internacional, jogando no Estádio da Timbaúva, em Porto Alegre, venceu o Pelotas por 3 x l, marcando Carlitos e Tesourinha (2) para o colorado e Pepito para o auri-cerúleo. Com público de 8500 pessoas e arbitragem de Paulo Cortelari, as equipes alinharam da seguinte forma:
S.C. Internacional - Ivo, Nena e Alfeu, Viana, Ávila e Abigail, Tesourinha, Rui Motorzinho, Adãozinho, Elizeu e Carlitos;
E.C. Pelotas - Mário, Vaz e Demi, Rui, Laerte e Geraldo, Calvete, Amaral, Ápis, Fierro e Pepito.
Assim, o S.C. Internacional, que já havia ganhado no jogo de ida (15/11) em Pelotas por 4x2 sagrou-se então Hexacampeão Gaúcho de Futebol, ficando o E.C. Pelotas com os títuloz de Vice-Campeão Gaúcho e Campeão do Interior nesse ano.

sábado, 10 de outubro de 2009

TRAJETÓRIA DE UM ASTRO ( I )

Coloco no Google – Mário goleiro do São Paulo – e me aparece um comentário, assinado por Alberto Oliveira, sobre o texto Goleiros de São Paulo, de Luizinho Trocate, inserido na página São Paulo Minha Cidade: “Pois é, tu falaste em quase todos goleiros do são paulo, faltou o mário, início da década de 50! não por que fosse meu tio, foi melhor do que muitos, e o poy era reserva dele... Jogou no time dos grandes da época...e o arrogante do leônidas, virou tecnico e "queimou" o cara...Abraços”.(sic).
Com o endereço eletrônico de Alberto Oliveira, apresento ao mesmo a minha disposição de pesquisar sobre a carreira do conterrâneo Mário Patão, como era conhecido em sua terra natal, que se consagrou defendendo a meta do São Paulo Futebol Clube, da capital paulista. Anteriormente, já tinha ficado sabendo da dificuldade do pesquisador de Jaguarão, José Nunes Orcelli, autor do livro Os 103 Anos do Futebol Jaguarense, em recolher dados acerca desse grande goleiro, de vez que na cidade quase nada se sabia da sua história.
Através desse sobrinho, ficamos sabendo que o irmão mais velho de Mário, Joaquim Dionísio, chegou a servir no Exército quando moço, perseguindo a coluna Prestes até a fronteira com a Bolívia, enquanto isso em Jaguarão a mãe viúva, Dª. Idalina Barbosa Oliveira, cuidava dos filhos menores, João da Cruz (pai de Alberto) e Mário, e sempre buscava o rancho – direito adquirido como genitora de militar em combate – que lhe era fornecido pelo Regimento local.
De nossa parte, contatando gente contemporânea que chegou a conhecer esse grande goleiro que figura na galeria dos 100 jogadores mais importantes da agremiação são-paulina, conseguimos precariamente registrar a sua trajetória na história do nosso esporte. Valemo-nos, pois, de importantes depoimentos de Alcides Carlos Moraes, arqueiro da seleção gaúcha de futebol em 1941, hoje com 93 anos e residindo no Rio de Janeiro; de Edu Pucurull, um dos veteranos fundadores do Mauá F.C., de Jaguarão, e de Luiz Carlos Vergara Marques, jaguarense e ex-narrador de turfe em nossa Capital.
Alcides Carlos Moraes, que também atuou no E.C.Pelotas, falou-nos que Mário, recém saído do Jaguarão F.C., foi o seu sucessor na meta auri-cerúlea em 1942, quando dependurou as chuteiras para assumir o seu cargo na Mesa de Rendas do Estado. Edu Pucurull lembrava-se de Patão treinando no Mauá no ataque sem grandes brilhos e que num recreativo colocaram-no debaixo das traves, quando então se revelou, apesar de não assumir a titularidade, cujo dono da posição era Oscar Emygdio Garcia, o craque Oscarzinho. Vergara Marques refere-se ao servente de pedreiro Mário trabalhando na casa do seu pai.
Dessa forma, retratamos inicialmente a passagem desse grande astro do futebol nacional pelos gramados do Rio Grande. O nosso falado Patão (calçava 44) iniciou a sua carreira aos 16 anos de idade, lá pelos idos de 1940, treinando no Mauá F.C., logo após se integrando no quadro do Jaguarão F.C.; daí transferindo-se para o Esporte Clube Pelotas, da cidade do mesmo nome, onde formou no trio final Mário, Catalã e Betinho Conceição. Já em 1947, emissários do São Paulo Futebol Clube foram buscá-lo para assinar contrato.
A seguir, contaremos como Alberto Oliveira, sobrinho de Mário. vem de nos desvendar a trajetória desse astro até chegar ao tricolor paulistano.

domingo, 12 de julho de 2009

DA INSÔNIA À INSÂNIA

Sala pequena, apenas duas janelas e uma porta, mais escritório do que moradia. Corredor longo, banheiro coletivo no fundo. Haviam de ser disciplinadas as necessidades, também coletivas. Mesa de estudos junto às janelas, em frente à porta. Iluminação incidente pela direita, sem atrapalhar a escrita, de canhoto. Ao lado da cama, o criado-mudo. Em cima deste, o rádio tipo capela. Luz precária, tentava ler, o sono não vinha. Um copo de leite quente, sugeria, para acalmar. Calça e blusa sobre o pijama, de chinelos mesmo, trespassava a porta. Ali perto, dezoito degraus num só lance, do segundo ao primeiro pavimento, e mais vinte e dois até o térreo. Do lado de fora, encostava o portal, voltaria em seguida. Avenida movimentada, veículos nervosos. Na outra margem, salão iluminado, aglomeração de mesas e cadeiras. Atravessava esquivo a corrente para chegar ao balcão. Estranho entre notívagos que se admiravam quando pedia bebida incomum. Trocando calorias, pelo esôfago, entranhava-se o líquido aveludado. Degustava demorado, como se quisesse repartir a noite com os outros. Um tempo arrastado, pagava a conta, virava as costas. Ao cruzar a via, a provocação de novo. A porta do edifício, alguém a trancou. Esperar até quando? Amanhecer nesse mundo, jamais. A vidraça quebraria para puxar o trinco, por dentro. Na esquina, a viatura policial. Um arrombador poderiam julgar. Um plano simples, assumiria a responsabilidade, de manhã chamaria o vidraceiro, acertaria o prejuízo, não dormiria na rua. Se fosse assim, dos guardas nada a opor. Um tijolo maciço haveria de encontrar por ali. De mão, o apararia. Frontalmente, faltaria impulso, melhor enviesado, só dar uma corridinha. Dardo retangular numa desajeitada trajetória, a coreografia se esboçaria ante o olhar fixo. Saindo de comprimento, se atravessaria na largura, ficando de pé, o aríete se esforçaria por cair suave e não se esfarelar no solo. Em vão a súplica da vidraça, já determinado pelo instinto, mesmo por que não conseguiria adormecer.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

ECOMANIA: QUEM SE HABILITA?

Não sei se existe alguma coisa que me causa mais aversão do que saco plástico. Se não me engano, comecei a detestar esse troço desde que um motorista de táxi resolveu me cobrar certa quantia a cada sacola carregada, resultando no total uma apreciável percentagem sobre o valor da corrida. Protestei e ainda fui reclamar no supermercado que exagerava no número de sacos fornecidos para o transporte das compras – uns vinte, cujo conteúdo poderia ser perfeitamente acondicionado na terça parte dos mesmos. Das duas a uma: ou o empacotador tinha combinação com o taxista ou a administração do supermercado não fazia valer o direito de serem mais bem atendidos os seus clientes no ponto encostado ao estabelecimento.
Depois de acontecido o fato, passei a gastar certo tempo eu mesmo esvaziando em pleno supermercado as sacolas com as compras para depois acondicioná-las em número menor de sacos, descartando o excedente. Então me lembrava daqueles tempos em que eram usados sacos de papel – os únicos que param em pé – com um aproveitamento considerável de cada unidade, o que facilitava bem mais o transporte das compras. Porém, esse produto não se prestava para o seu reaproveitamento no descarte do lixo. E as famigeradas sacolinhas voltam de novo a desempenhar o seu papel de péssima utilização quando dificultam o trabalho de quem recolhe os resíduos domésticos – onde cabem uns dois ou três quilos, colocam-se algumas gramas.
Vai daí que me vem à memória aquelas caminhadas que fazia com o saudoso colega Ruy Firmino, quando encerrávamos o expediente no BRDE e nos dirigíamos tagarelando rumo ao Menino Deus. O Ruy era um sujeitinho esbelto, metódico, que detestava fazer volume nos bolsos, só levava a carteira de identidade, procurando sempre manter as mãos livres dessas tralhas tipo pastas ou leva-tudo. Mas ele não deixava de marcar o seu ponto nas bancas de frutas e verduras ali na Praça XV e, nessas ocasiões, ele sacava d’algibeira um saquinho dobrado simetricamente, onde acomodava as hortaliças frescas para o consumo da família. Até nisso, ele me parecia uma pessoa diferenciada e cuidadosa com a sua postura, dispensando o excesso de bolsas plásticas.
E a coleta seletiva? Lixo seco. Lixo limpo. Lixo inorgânico. Tudo certinho como manda o figurino no dia e local determinado. Vivia de bronca com os catadores. Eles chegavam antes do coletor e nem se importavam em descartar o plástico em plena via pública. Aí saquei qual era a deles – virei fiscal do lixo – e passei a guardar o plástico numa sacola separada, juntando papel, lata e vidro a parte, pois eram os materiais mais comercializáveis para os distintos especialistas. Aprendi então que, até para os excluídos, o plástico representa um valor irrisório em função do seu baixo peso específico. Traduzindo-se assim num alto custo-benefício a sua não reciclagem face às árduas conseqüências desde limpeza urbana até agressão ao meio ambiente.
Hoje em dia, fala-se muito na alta taxação daqueles produtos nocivos à saúde pública tais como o fumo e o álcool, apesar de que – limitante este fator – o poder público não só concede incentivos à produção dos mesmos sob a justificativa do grande potencial de arrecadar impostos e gerar empregos dessas indústrias, como também se omite ao não considerar os gastos da previdência social com o tratamento dos viciados. E ainda tem a escalada nefasta da fabricação de veículos automotores, de indiscutível capacidade poluidora. Eis por que precisamos entender como ainda não se onera substancialmente a comercialização dos sacos plásticos e, por outro lado, não se estimula através de medidas efetivas às empresas que operam com o reaproveitamento desse material. Mas não é necessário apoiar quem importa lixo da Inglaterra ou da Cochinchina...

sábado, 27 de junho de 2009

DISCONTUS : XXIX, XXX, XXXI & XXXII

DISCONTUS XXIX
Minha retina parece um cosmos onde se travam formidáveis batalhas navais.
Como guerreiro estelar, o oftalmologista é paciente, nunca desiste: dispara o canhão do laser e impede o inimigo de me jogar a visão no buraco negro.
DISCONTUS XXX
Minha cabeça é uma concha acústica, caixa de ressonância por onde penetram os ecos do passado que só me fazem escutar solidão.
DISCONTUS XXXI
Que fazes, minha doce menina, encerrada nesses olhos tristes? Por que se arregalam eles quando pareces que queres fugir?
Ah, esse arrebatamento como se bastasse um príncipe para te resgatar!
DISCONTUS XXXII
No cimo daquele morro, onde sopra o velho vento que tanto me desgrenhou esta crespa cabeleira, ainda quero contemplar a paisagem dos meus sonhos. O casario despencando suave, encosta abaixo, até chegar bem perto do meu caudaloso rio. Então me permitirei uma derradeira lágrima como minha despedida neste caminho sem volta.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Mais currículo menos diploma

O jornalista Lino Tavares, de Alegrete, tem freqüentado as colunas de opinião de alguns jornais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, protestando contra a decisão do Supremo que cassou a exigência de diploma de Jornalismo para o exercício da profissão. Acredito que essa medida seja uma forma de autodefesa de Suas Excelências quanto à demanda – provavelmente uma enxurrada - que por certo deve estar acontecendo, de processos pendentes sobre aquela irregularidade. Parece-me que assim eles estariam retirando o sofá da sala, caso contrário não perderiam o precioso tempo de suas atividades para discutir o sexo dos anjos dessa questão.
********************************************************************* Então me acode a idéia que se começa a esboçar da profissão de escritor a ser regulamentada através dos cursos de graduação em Letras existentes em várias universidades do país. Ora, escrever bem e corretamente é um dom que prescinde de qualquer exigência de diploma, porém, requer uma prática e disciplina constante para se obter um contínuo aprimoramento. E as Oficinas Literárias estão aí para abreviar esse aperfeiçoamento para os mais talentosos, além de formar leitores melhor preparados para percorrer os rumos sinuosos da arte da escrita. E o resto é autonomia de voo.
********************************************************************* Em qualquer profissão liberal, assistimos cotidianamente o desvirtuamento da instituição do diploma de curso superior em que muitos formados se vem às voltas na luta por uma colocação no mercado de trabalho, sujeitando-se a exercer funções não compatíveis com o seu preparo (p.ex.: farmacêuticos/balconistas), já que lhes falta a experiência necessária e a oportunidade de treinamento adequado nas empresas procuradas, cujo maior interesse concentra-se no candidato já pronto.
********************************************************************* E muitas vezes as grandes realizações do gênio humano processam-se por meio de gente comum que apenas dispõem do seu extraordinário bom senso e sentido de observação da Natureza, como é o caso daquele jardineiro e assistente negro do Dr. Christian Barnard, no pioneiro transplante de coração ocorrido na África do Sul. Em plena época do apartheid racial vigente naquele país, esse cidadão propiciou todas as condições para que aquele cirurgião se tornasse uma celebridade mundial, revelando-lhe as técnicas rústicas das operações bem sucedidas que costumava efetuar em animais. Isso que a sua aparição nas fotografias da equipe do Dr. Christian era sempre escamoteada do público, sem que ao menos lhe fossem proporcionadas melhores condições de vida – humilhado no gueto em que morava com sua família. Embora tardiamente, o reconhecimento de suas habilidades veio-lhe com a outorga do Diploma de Doutor Honoris Causa pela University of South Africa.
********************************************************************* Outro exemplo marcante que posso revelar, diz respeito a meu tio e pai de criação – Cantalício Resem – autodidata alfabetizado até o 3º. Ano primário por seu progenitor; aprendeu Geografia com os selos que juntava nos envelopes descartados da correspondência em seu emprego; um dos idealizadores do curso de alfabetização 20 de Setembro, em Jaguarão-RS; jornalista panfletário d’A Situação; viria a tornar-se Juiz de Direito nessa cidade, por nomeação - a qual tentou declinar, mas que foi intimado a assumir - do então Presidente do Estado, Dr. Carlos Barbosa, chegando a ter elogiados seus despachos em julgado por eminentes desembargadores no Tribunal de Justiça. Ele sempre me aconselhava a ler bastante para que escrevesse bem – com a leitura podes até dispensar a gramática. Ao meu saudoso primo e irmão de criação, seu filho Anysio de Souza Resem, coube-lhe o encargo de dar continuidade à editoria do jornal A Folha, outro dos seus empreendimentos. Sem nunca ter obtido um diploma sequer.
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Resumindo: as Faculdades de Comunicação devem continuar burilando a competência dos mais aptos para concorrer em condições mais vantajosas pelas vagas disponíveis.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A HERANÇA DE UM IDEALISTA


Em abril último, estive participando de reuniões para reativar a Associação do Museu da Imagem e do Som de Porto Alegre, ocasião em que tive oportunidade de voltar a manter contato com o seu idealizador Hardy Vedana. Então lhe falava da veteranice da maioria do pessoal que ali se encontrava reunido, afora os representantes da Secretaria Municipal de Cultura como apoiadores desse projeto. Com o que ele não concordava e retrucava dizendo da sua saúde debilitada, a qual não o impedia de seguir adiante em suas atividades de pesquisa e codificação dos primórdios da música em nossa Capital.
Era sensível a preocupação de todos os presentes em acelerar as providências para constituição e localização da sede dessa entidade, preservando e restaurando o antigo prédio onde funcionou A Casa Elétrica, fábrica de discos pioneira no início do século passado, atualmente abandonado e sito na Avenida Sergipe, bairro Glória. Velho batalhador da idéia, Vedana mostrava-se atento à explanação do companheiro Battu que vem se dedicando com afinco para conseguir legalizar o tombamento daquela área como Patrimônio Cultural do município.
A Secretaria Municipal de Cultura já vinha apoiando e preparando um projeto para ser apresentado ao Minc, de restauração da Casa Godoy, já tombada na Avenida Independência, para guardar o acervo de Hardy Vedana que seria doado àquele Museu, o qual também teria ali instalada a sua sede provisória. Para tanto necessitava que fosse realizada Assembléia Geral para eleição da nova Diretoria da Associação e aprovação do seu estatuto social.
Já em 29 de abril, Hardy Vedana não se furtou ao encargo de presidir essa Associação até 2011, tendo Nério Letti como secretário e José Alberto de Souza como tesoureiro, além de Juarez Fonseca, Danilo Ucha e Carlos Bocanera Koch como membros do Conselho Fiscal, quando então solicitou um tempo para se submeter a uma intervenção cirúrgica na iminência de ocorrer naquela época.
Uma queda, duas costelas fraturadas, pneumonia contraída, uma parada respiratória e outra cardíaca, não dava mais para resistir e, dois dias após completar 81 anos (13/06/2009), Ardy Antônio Vedana, sai de cena melancolicamente, abandonando a contragosto toda uma obra a completar, antigos projetos que jamais deixou de lado num esforço extraordinário para levá-los adiante. Mas ele nos deixa com a força do seu exemplo e desprendimento e o compromisso de prosseguir na sua jornada interrompida.
Enquanto isso, fico a pensar naquela conversa com um velho taxista, indignado com a greve dos metroviários, ocorrida recentemente, provocando um trânsito caótico em nossas principais vias de escoamento. Este também me dizia que, apesar de aposentado, continuava trabalhando para não sentir-se parasita na sociedade em que vive. E eu argumentava com a necessidade de injetar sangue novo nas instituições esclerosadas, como era o meu caso cedendo o meu espaço aos mais moços. Reacionário, queria apenas me convencer que essa gente nova era de uma geração de malandros e drogados que não se esforçava por merecer a posição dos mais experientes.
Nessa linha de raciocínio, sou levado a espelhar-me na razão do saudoso Hardy, na sua tenacidade, na dedicação de uma vida inteira a resgatar fatos, valores e costumes relegados à poeira do ostracismo. Como se estivesse lembrando daquela inscrição na entrada do Templo Positivista de Porto Alegre – os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A triste ronda de uma tragédia

Recém hoje me dou conta, mas espera aí, esse cara eu conheço. Pois é, meu caro amigo, as tragédias rondam-nos por perto e a nossa insensibilidade não nos permite enxergar o que se passa a nosso redor. Como se nunca fosse acontecer a qualquer um de nós. Veja só: 228 passageiros, 34 nacionalidades e, entre eles, alguns gaúchos, justamente ele, a sua esposa e sua filha que tiveram a sua sonhada viagem de recreio interrompida pela fatalidade. Embora tardiamente, é como uma punhalada que me dilacera a alma.
Ai perpassa pela minha mente, aqueles momentos tão marcantes, em 1994, quando acorríamos semanalmente à Biblioteca Pública do Estado, a fim de participar daquele inesquecível Seminário de Criação Literária da Profª. Lea Masina, num saudável convívio de aprendizado e troca de experiências. Além de nós, compareciam ainda o Paulo Fabris, o Blau Fabrício de Souza, a Maria Aparecida Becker, a Beth Motta, a Maria Moura, o Leandro Mallmann, a Maria Amoretti, o Regis Conte.
Hoje estou remoendo-me todo naquelas imersões do nosso batismo literário, tomando conhecimento da obra de autores clássicos e contemporâneos, tais como Sérgio Faracco, Manoel de Barros. Antônio Carlos Resende, Adolfo Bioy Casares, Mário Arregui, Sófocles, Shakespeare, Guy de Maupassant, Flaubert, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Alan Poe, D.H.Laurence, Horacio Quiroga, Jorge Luis Borges e Virginia Woolf. Posteriormente, repassávamos a regionalidade de Alcides Maia, Simões Lopes Neto, Érico Veríssimo, Lia Luft, Laury Maciel, Caio Fernando Abreu, Assis Brasil e Reynaldo Moura.
Detenho-me relendo dois trabalhos seus apresentados naquelas reuniões e me espelho na sua extrema sensibilidade, no gosto artístico e na refinada cultura da sua formação acadêmica. Revejo as suas importantes e assíduas colaborações nas coletâneas Médicos (pr)escrevem, coordenadas por Blau Fabrício de Souza, Fernando Neubarth, Franklin Cunha e José Eduardo Degrazia, abordando Ficção, Crônicas, Memória, Humor, O Cômico e o Inesquecível. Abro na sua secção em MP 1996 (página 155) e transcrevo:
Roberto Corrêa Chem – Nasceu em Bagé, em julho de 1942. Filho único, estudou até o final do curso primário no Colégio Espírito Santo e em 1950 a família mudou-se para Porto Alegre. Fez todo o resto do curso secundário no Colégio Rosário. Bacharelou-se em História Natural e era professor de Biologia no curso pré-vestibular Mauá, enquanto fazia o curso de Medicina na antiga Faculdade Católica de Medicina, hoje Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas. Ao terminar o curso médico fez concurso e ingressou no magistério superior na área de Anatomia Humana, onde trabalha até hoje. Formado em Cirurgia Plástica, sua especialidade, atualmente dedica-se ao magistério em ambas as áreas: Anatomia Humana e Cirurgia Plástica. Publicou um livro pioneiro na área médica: Introdução à microcirurgia reconstrutiva (Medsi, 1992). Casado com psicóloga, pai de três filhos: um médico, uma bacharela em Comércio Exterior, e uma aluna de curso pré-vestibular.

Nessa mesma página, colhi o seu autógrafo – Para Gislaine e José Alberto, com a esperança de que possamos fazer uma nova Oficina juntos. Com meu abraço RCC agosto 96. Não deu, fiquei-lhe devendo esta, quem sabe ainda possa reencontrá-lo em outro plano para me esclarecer melhor espiritualmente, orientando-me com as luzes do seu caminho.

terça-feira, 9 de junho de 2009

A panquecaria da prima Clotilde

De família pobre, o Zequinha tinha vindo do Interior, a convite de um tio, para procurar emprego na Capital. Esse tio que era zelador de um edifício, com a chegada do Zequinha, tratou de acomodá-lo num velho sofá-cama existente no galpão de ferramentas anexo à sua moradia situada no terraço do prédio, também utilizado para secar as roupas lavadas dos moradores nos varais estendidos no local. O Zequinha que não era dado a escolher qualquer ocupação, logo topou se arranjar como ajudante de padeiro na mercearia dos gringos ali perto, com horário puxado desde a madrugada a fim de colocar no forno a massa crua e repartida para dali sair transformada no sovado quentinho que a clientela buscava ávida para o alimento matinal. E mais ainda havia umas três fornadas para completar a produção diária até o entardecer.
E de noite, o Zequinha fazia um esforço danado para freqüentar a escola noturna que lhe possibilitaria conseguir uma melhor qualidade de vida. A rotina podia ser desgastante, mas ele ia agüentando firme, saindo do seu quartinho quando nem o sol tinha se levantado e voltando de tarde apressado a fim de pegar uma ducha ligeira e suficiente para banir do seu corpo o suor misturado com a farinha de trigo.
Raramente o Zequinha costumava avistar o seu tio e a esposa ao chegar ao apartamento deles, pois ambos se viravam por fora para conseguir uma renda extra a seus ganhos naquela zeladoria. Ele, bastante solicitado em serviços de hidráulica, eletricidade, pintura, sempre pegava o que aparecia, e ela cavando o seu em trabalhinhos de arrumadeira e passadeira. Clotilde, a filha, é que ficava tomando conta de casa...
Clotilde tinha as suas aulas no colégio durante a manhã e, à tarde, passava estudando e preparando os deveres de casa ou então assistindo televisão, sendo interrompida toda a vez que o Zequinha dava com a toalha, sabonete e a cara sisuda – oi, tudo bem – passando apurado em direção ao banheiro e depois se mandando para a rua, todo bem vestido. Até que um dia, a Clotilde notou algo de estranho nele...
E sempre num certo dia, geralmente ensolarado, em que ela ficava a cismar – xi, hoje tem roupa no arame! Pois nestes dias, não se sabe de onde, surgia no terraço recolhendo a roupa seca, Dona Antoninha, moradora do 507, recém separada do marido, que em seguida retirava-se toda lampeira, cantarolando escadas abaixo. E justo nesse instante, é que o Zequinha adentrava, toalha e sabonete, o corpo todo lambuzado, para o seu banho.
A Clotilde resolveu então tomar umas providências. Colou uma foto da Ana Hickman na parede do seu quarto e foi se espelhando na celebridade. O cabelo crespo desleixado foi recebendo umas chapinhas daqui e dali, carregou no xampu da banheira, a maquiagem caprichada, fez um photo shop ao natural, enfiou-se no tubo curtíssimo do modelito negro frente única que tinha descoberto na liquidação do supermercado.
Naquele dia, assim que o sol caia no poente, já não tinha mais nenhuma roupa no arame, o Zequinha saiu da sua toca naquela sutileza de sonso disfarçado e foi chegando para a higiene habitual, nem notou a ausência da prima na sala. Mas assim que se retirou da sua privacidade, eis que enxerga aquela tremenda ninfeta a ofertar-lhe uma taça de Côte Rouge, vinho uruguaio em promoção na praça, e querendo esticar o papo monossilábico...
Ele que escolhesse o sabor - à bolognesa, à catupiry ou à calabresa - pois, a partir de então, o Zequinha jamais poderia deixar de lanchar na panquecaria da prima Clotilde.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

UM POEMA QUASE CANÇÃO

Com a vontade da minha vontade,
eu cultivava como flor
esta ternura quase amor.
*******
Com a vontade da minha vontade,
eu buscava compreensão
para este amor quase paixão.
*******
Com a vontade da minha vontade,
eu esperava renascer
esta paixão quase querer.
*******
Com a vontade da minha vontade,
eu suplicava justiça
para este querer quase cobiça.
*******
Com a vontade da minha vontade
eu espantava com um sino
esta cobiça quase desatino.
*******
Imagem: Fernando Rozano.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Porto Alegre já tem Orquestra de Espetáculos!

A primeira vez que ouvi falar no maestro Garoto foi quando o meu grande amigo Jorge Machado, compositor e violonista autodidata, falou-me da sua vontade de contratá-lo para produzir a gravação das músicas de sua autoria, o que vem contemporizando até o presente momento. Dizia-me então o Jorge que se tratava de um investimento bastante vultoso, mas que valia a pena dada a grande competência daquele maestro, cuidando dos mínimos detalhes da produção, tais como elaborar os arranjos necessários, contratar músicos e cantores, dirigir o processo de captação fonográfica até o lançamento da obra.
Por uma destas quebradas do destino, vim a topar-me cara a cara com Altivo da Luz Penteado, seu nome de batismo, quando se encontrava batendo papo com um fiscal da Ecad, antes de sua apresentação no piano-bar do antigo Alfred Palace Hotel, situado ali no começo da Avenida Alberto Bins. Apenas cumprimentei-o sem maiores formalidades.
Posteriormente, tornei a deparar-me com o ilustre maestro no programa da Rádio Gaúcha Sem Fronteiras, apresentado pelo meu caro confrade Glênio Reis. Na ocasião, o eletrizante Garoto fazia a divulgação da sua Orquestra Porto Alegre de Espetáculos, com o Glênio rodando algumas faixas do disco que trazia para demonstração. Este decano da nossa comunicação esmiuçava a carreira do entrevistado desde os tempos em que integrava o juvenil do extinto Nacional F.C., onde atuara junto com os craques e irmãos Ercílio e Miroca. Pois o Glênio ainda o provocava, perguntando se esse negócio de grandes orquestras já não se tinha perdido na poeira do passado e o baixinho eriçava-se todo ao responder – o senhor está muito mal informado – defendendo com ênfase a sua posição. Mais ainda se contrariava quando o Glênio se referia à sua “banda” - não é banda, é ORQUESTRA PORTO ALEGRE DE ESPETÁCULOS!
É, meus amigos, o homenzinho é uma fera. Também esbanjando experiência e versatilidade por todos os poros, não é de se admirar da sua segurança para superar qualquer barreira. Para tanto transita com desenvoltura em qualquer meio de comunicação desde o rádio até a televisão, passando pelo cinema, casas de espetáculos e publicidade. Especialista em piano e vibrafone, ex-integrante do Breno Sauer Quinteto, tem rodado por este Brasil e além fronteiras, participando de shows e turnês artísticos ao lado de gente da pesada como Gilberto Gil, Tim Maia, Maysa e Dick Farney.
Plantando pertinácia e ousadia, está ai o Maestro Garoto colhendo estrondosos sucessos em eventos que nem o Prêmio Gaúcho de Qualidade e Produtividade na Fiergs, Clássicos do Cinema na Associação do Ministério Público, apresentação na Casa de Cultura Mário Quintana, comemoração dos 40 anos da RBS, jantar anual da AGAS no Leopoldina Juvenil, Feliz Natal no Praia de Belas Shopping, festa de 80 anos da Grande Loja Maçônica/RS na Sogipa, jantar de gala no aniversário da Associação Leopoldina Juvenil, Beatles in Concert no Abbey Road Pub e a recente exibição, dia 6 de maio, no Espaço Vonpar do Teatro São Pedro, em que testemunhamos e aplaudimos de pé a qualidade do espetáculo.
Luizinho Santos, Tito, Guinther, Rafael Lima e Rodrigo Santos (saxofones), Boquinha, Celso, Serginho e João Paulo (trombones), Renato, Anjinho, Wainer e Azambuja (trompetes), Beti Griger (piano), César Audi (bateria), Diego (baixo e guitarra) e os cantores Marcelo Quadros, Ana Paula Lonardi e Stephani, sob a regência do maestro Garoto e direção artística de Pedro Amaro, esta a formação atual da Orquestra Porto Alegre de Espetáculos, verdadeira plêiade de músicos e artistas diferenciados.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Cuando sus padres no se conocían...

Encontro o Laerte Antonio e Silva. Estou ansioso por lhe contar as minhas andanças pelo Prata. Que tal um chope? Topo. Espero que ele toque no assunto. Falamos da corrupção pandêmica, da violência que grassa nas ruas e nos lares, ensaia-se até um tratado sobre a crise atual de valores. Ele psicólogo, jovem e talentoso escritor, bom partido, e eu aposentado, filhos independentes e neta bastante crescidinha, ficamos na dúvida sobre a sobrevivência de nossos descendentes nestes tempos bicudos. Angustio-me. Lá pelas tantas, aparece A Trégua, novela de Mário Benedetti, aquele autor uruguaio recentemente falecido. Finalmente, a minha deixa: pois é, acabei de chegar de Montevidéu. Aquelas fotografias, te lembras? Tu me dizias que eu deveria me haver topado algumas vezes com o Martin Santomé. Até fizestes as contas: as cartas de Isabel de 1942, mais os quinze anos passados, fechavam bem com a época. O Laerte lembra o episódio, nem engole o chope; os músculos faciais contraem-se com o riso solto, não contém o esguicho que borrifa a minha camisa de seda comprada na Deciocho de Julio. Aí lembramos do desfecho da novela que ninguém aceitou na Oficina Literária, até tentei explicar um surto de gripe asiática, houve mais de mil mortes no Uruguai. Assim fiquei sabendo, na ocasião, por correspondência de lá. Desta vez, nada fotografei; pretendia apenas relatar a viagem, comparar as impressões atuais com as antigas lembranças.
Chamava-se Florángel e tínhamos trocado cartas durante quatro anos. Julho de 1957, havíamos combinado nos encontrar em Montevidéu. Agora estive na Plaza Independenzia, onde visitei o panteão que foi colocado sob a estátua do General Artigas. Perto dali, avisto o Victoria Plaza Hotel, moderno cinco estrelas que confundo com o antigo Palacio Florida Hotel, onde me hospedara. Perguntei ao guia da excursão sobre o que fora alterado; respondeu-me que en aquél tiempo, mis padres recién habían se conocido, apenas sabia que a construção daquele hotel datava de 1960. Parece-me que ficava naquele edifício lá na esquina. Bien probable. Na chegada, a ligação telefônica, não estava na cidade. A frustração. Mandariam chamá-la. A esperança. Atento, o Laerte nem pisca. Dá uma boa história, diz ele.
Aquelas fotografias, revejo-as como cenas de um filme de antanho. A experiência de dar vida às figuras que cada um concebia no retrato do outro. Uma tarde ensolarada, passeávamos por La Rambla Costanera, a orla do rio da Prata, la pequena Copacabana. O melhor ângulo para a fotografia? Aqueles edifícios e casarões tradicionais. Aquella punta perdida en el horizonte se pone más bien con la Naturaleza. Junto os dois instantâneos, eles se emendam, formam uma vista panorâmica. Voltei a Montevidéu e, no City Tour, meu olhar brilhou de emoção reconhecendo a paisagem.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

67 anos do Ipinha de Jaguarão

A 11 de maio de 1942, foram iniciadas as atividades do Ginásio de Jaguarão - Departamento do Instituto Porto Alegre (IPA). Esse estabelecimento de ensino funcionou sob a orientação ipaense até fins de 1951, sendo encampado no ano seguinte pelo Estado, ocasião em que passou a se denominar Ginásio Estadual de Jaguarão.
Nestes quarenta anos que são decorridos, vem-nos à mente toda uma geração de colegas, os quais ai estão espalhados por todo esse imenso mundo de Deus, aplicando de forma admirável os inesquecíveis ensinamentos da filosofia metodista, norteadora da orientação pedagógica do IPA. E, acreditamos, os mestres que lançaram a semente da cultura a germinar no solo fértil daquelas mentes ávidas de saber estarão jubilosos por verem aquela semente hoje transformada na árvore frondosa da grande família ipaense dos seus antigos discípulos. Que dá a sombra do amor e do respeito ao próximo. Que dá o fruto da participação comunitária.
Recordamo-nos saudosos daquela década inteira de trabalho e dedicação à causa do ensino, onde pontificavam as figuras ímpares de um Oscar Machado da Silva, o fundador daquele Departamento e Reitor do IPA na ocasião; de um Sebastião Gomes de Campo, o primeiro Diretor do Ginásio de Jaguarão; de um Samuel Antônio de Figueiredo, de um Wilson Fernandes, de um Eurípedes Fachini, de um Jorge Abel Neto e tantos outros professores que deixaram a marca de suas presenças indelevelmente marcada na história daquele Educandário.
Justa e merecida a homenagem que, a 21 de abril último, vem de lhes ser prestada na reunião-almoço promovida pelo Centro Jaguarense desta Capital, na qual estiveram presentes, além de grande número de ex-alunos do Ipinha de Jaguarão, os professores Sebastião e Samuel, acima citados, Déa Rodrigues de Figueiredo, Clotilde Ordóvas Santos, Selma Kras Soares, Silvio Santos e Celses Português Soares. Reunião esta que foi temperada pela palestra brilhante e fluente do colega Aldyr Garcia Schlee, advogado, jornalista e escritor radicado em Pelotas, logo sucedida pelo pronunciamento oficial da atual Reitoria do IPA, ali representada através do Prof. Celses, e coroada pela eloquência do Prof. Sebastião.
Portanto, só mesmo um Encontro de Ex-Alunos e Professores, como o que está sendo programado para 15 de maio vindouro em Jaguarão, complementaria este marcante evento de confraternização a fim de que pudéssemos expressar condignamente nosso preito de reconhecimento e nosso tributo de gratidão e carinho aos velhos mestres por tudo que nos proporcionaram e que jamais poderemos lhes retribuir como o merecem.
(Publicado no CORREIO do Leitor/Porto Alegre, em 6 de maio de 1982).

sábado, 9 de maio de 2009

IMAGEM ESQUECIDA

Como o cego
Ante a luz que lhe restaura
A visão perdida,
***
Como o surdo
Ante o som que lhe propaga
A melodia proibida,
***
Como o mudo
Ante a ocasião de murmurar
A palavra refletida,
***
Assim eu
Oxalá pudesse
Tornar a minha mente
A imagem esquecida
No momento em que,
Na encruzilhada da vida,
Nos separamos
Eu e minha mãe querida.
***
(Publicado no jornal A Fôlha, de Jaguarão, em 02/06/1956)