sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

No alto deste pedestal, meio século vos contempla


“José Alberto de Souza e demais formandos da Escola de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul tem o prazer de convidar (...) para a solenidade de sua formatura que será realizada no dia 18 de dezembro, ás 20.30 horas, no Salão de Atos da Reitoria” – abria-se assim o libreto Engenheiros – 1965. Portanto, arrogo-me o direito de evocar alguns fatos referentes a este evento a fim de retirar um pouco da poeira do tempo a que vai sendo relegado para que se resgate a importância desse acontecimento não só para as pessoas envolvidas como também em termos de benefícios para sua comunidade.
E as lembranças me chegam aos borbotões e me levam a saudosa época das reuniões dançantes do Centro de Estudantes Universitários de Engenharia e dos bailes da Reitoria, afora esticadas pela Arquitetura, Farmácia e outros recintos a que percorríamos nos fins de semana. Na Reitoria, vim a conhecer minha esposa Gislaine Fagundes, então estudante de Pedagogia, que também se formou nesse mesmo ano, poucos dias após minha diplomação. Esta foi num sábado, dia da semana que também marcou Natal e Ano Novo naquele ano, deixando o seguinte 8 de janeiro para marcar nosso casamento, logo depois viajando para São Paulo em busca de emprego.
Nosso orador, Izaltino Camozzato, e o paraninfo, Prof. Antenor Wink Brum, desandaram a tecer críticas ao sistema de ensino universitário, surpreendendo à mesa diretora da colação de grau. Posteriormente, na formatura do Curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia da URGS, idêntico protesto veio ocorrer na fala da oradora da turma, o que levou o Reitor presente ao ato a se manifestar fazendo referência a uma solenidade anterior (a nossa) e a atual que deixavam de ser motivo de congraçamento e orgulho de familiares e amigos dos formados para dar lugar a uma “lavagem de roupa suja”, impróprias para a ocasião.
Decorridos cinquenta anos, a turma de engenheiros formados em 1965, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, promoveu um reencontro para confraternização entre seus remanescentes na noite de 27 de novembro passado, ocorrido no restaurante da Sociedade Germânia, ao qual compareceram 2 engenheiros civis (transportes), 6 engenheiros civis (estruturas), 10 engenheiros civis (obras e saneamento), 1 engenheiro civil (obras hidráulicas), 18 engenheiros mecânicos, 18 engenheiros eletricistas, 2 engenheiros químicos, 3 engenheiros civis e eletricistas, 3 engenheiros metalúrgicos, 5 engenheiros mecânicos e eletricistas e 5 engenheiros mecânicos e metalúrgicos, provenientes de alguns estados do país, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Considerando-se um total de 166 alunos que ingressaram em nossa Escola de Engenharia, abrindo o ano letivo de 1961, dos quais 33 já falecidos e 60 ausentes por problemas de saúde e familiares, o mosaico daqueles que atenderam ao chamado dos organizadores dessa marcante festa comemorativa de seu cinquentenário de formatura, dá bem uma ideia da propagação dos conhecimentos adquiridos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, não só beneficiando as mais diferentes atividades econômicas, sociais e educacionais, como também gerando incalculável riqueza cultural e progresso para muitas regiões deste nosso imenso Brasil. 
Acredito que tenhamos desempenhado a contento essa relevante missão, sem medir esforços despendidos, muitas vezes à custa de sacrifícios pessoais que nos privaram de convívio familiar e até colocando em risco a própria saúde. E ai estão nossos cabelos grisalhos, as rugas de nossas faces, o físico alquebrado, os colegas que tributaram com a própria vida como testemunhas de uma batalha gloriosa. Rosito, grande agregador, que reuniu essa plêiade de abnegados como Nivaldo, Milano, Hartz, Bruno, Graziuso e todos aqueles que logo acorreram com suas adesões, formam este majestoso pedestal – parafraseando Napoleão – “onde meio século vos contempla”.