sexta-feira, 31 de julho de 2015
segunda-feira, 27 de julho de 2015
ATÉ DE REPENTE, ILUSTRE E NOBRE COLEGA !
A
memorialística deste Poeta das Águas Doces tem feito aparecer no Google o nome
de muitas pessoas conhecidas que costumam ali buscar alguma referência a seu
respeito. Assim é que acabei recebendo mensagem no “face” de um colega da
Engenharia, querendo saber quem eram aquelas gurias que sentaram à nossa mesa
no Restaurante Universitário. Devo dizer que estranhei essa inquirição de vez
que ele não fazia parte daqueles contatos a quem enviava postagem de nosso blog.
Além de esclarecer que as ditas ali se acomodaram por mero acaso, perguntei-lhe
como tomara conhecimento do fato e ele me respondeu que havia acessado aquela
postagem ao procurar seu nome no referido site de buscas.
Daí
se tornou mais ou menos frequente suas curtidas em minha linha de tempo tal o
interesse que demonstrava por saber o que eu andava aprontando na internet.
Para mim, era uma grande satisfação esta forma de trocar figurinhas, não muito
comum entre outros seguidores que passavam por cima daquilo que costumava
expor, sem dar a mínima bola. Ainda mais se tratando de um velho companheiro
que sempre me dispensou a maior das afinidades como daquela vez em que nos
convocavam a comparecer nas comemorações dos 40 anos de formatura na Engenharia
da UFRGS. Pois esse camarada teve o desplante de avisar aos organizadores do
evento: “só confirmo se ‘Jaguarão’ também confirmar!”
Diante
dessa intimação, não me restou alternativa se não aparecer em dia e horário
combinado na Sociedade Germânia, onde tomamos conta de uma das mesas junto com
nossas esposas e mais o colega Velco Tadeu de Mattos. Noite agradabilíssima em
que vivemos a grande emoção de rever colegas há muito afastados de nosso
convívio, remoçando alguns anos numa inesquecível volta ao passado, regada as mais
finas iguarias em bebidas e opíparos pratos da mais caprichada gastronomia. O
momento da despedida se encerrou com seu convite para visitá-lo em sua casa na
praia de Mariluz que chegamos a concretizar em certa temporada e desfrutamos da
amável companhia dos anfitriões na tarde refrescante daquele aprazível
balneário.
No
início deste ano, ele me falou que recebera telefonema de Antônio Carlos Bica
Smith, um dos nossos colegas da turma de Engenheiros Mecânicos, anunciando
preparativos para nosso cinquentenário de formatura, os quais eu desconhecia.
Depois, como não voltou a lhe fazer contato, buscava obter alguma informação
comigo que não podia lhe retornar por impossibilidade de conseguir me comunicar
com outros contemporâneos espalhados por este “mundo velho sem porteiras”. Era
evidente seu entusiasmo para reviver aquele mágico encantamento de uma década
atrás. Cheguei até combinar uma nova ida até Mariluz neste último verão, porém,
tive de postergar para outra ocasião por eventual indisponibilidade.
Mês
passado, sou colhido pela mudança de usuário em sua conta no “face book”,
passando a ser utilizada por sua esposa, devido a seu passamento no dia 25
transato, cujas missas de 7º dia e 1º mês deram-se a 1º e 25 do corrente.
Abalado por esta notícia cheguei a manifestar para sua esposa – “não terei
coragem de sentar em outra mesa que não esteja esse grande companheiro” – ao
que ela me respondeu: “Ele estará presente ao teu lado, curtindo a festa dos 50
anos”.
Reproduzo
aqui o texto que ele postou em seu mural a 25 de dezembro de 2014: “Natal em
Família – Eu e Maria com minhas amadas filhas Katiane e Jacqueline,
acompanhados dos genros Renato Henriques Martinbiancho e José Serpa Júnior, dos
netos Guilherme e Eduardo Martinbiancho, da minha querida cunhada Eugênia Sawka
e Sérgio, com meus sobrinhos Bruna Christine Chwal e Alex Felipe”.
Não
conseguindo externar todo meu sentimento pela irreparável perda do saudoso JAROSLAV KOHUT, encerro aqui esta lauda
com nossas condolências à família enlutada, apesar de que devo voltar com meu
depoimento pessoal em nova postagem.
quarta-feira, 15 de julho de 2015
AQUELAS INSTIGANTES CARTAS D'ALÉM MAR !
Grata surpresa! Recebemos carta de
Portugal, dos Açores. Assinada por um nome consagrado da nossa literatura: LuizAntonio de Assis Brasil. Letra a letra, digerimos as palavras vagarosamente a
fim de prolongar o sabor da crônica gostosa. Detalhista, ele nos faz relato de
sua atual estadia naquele arquipélago, em Ponta Delgada, a capital sediada na
ilha de São Miguel. Desse primor de correspondência, extraímos alguns trechos para
repartir com os leitores de A FONTE a honrosa exclusividade.
O impulso de continuar lendo Assis
Brasil é tão intenso que nos desperta a curiosidade para o seu livro de
estreia, escrito em 1976 – “Um Quarto de Légua em Quadro” – que trata
justamente da saga da colonização açoriana em terras gaúchas.
Nos três cadernos que compõem o diário
do médico Dr. Gaspar de Froes, podemos sentir a trajetória dos ilhéus desde sua
chegada à antiga Vila do Desterro (Ilha de Santa Catarina), até sua instalação
no Porto dos Casais, que deu origem à capital do Estado do Rio Grande do Sul.
A sacrificada travessia marítima
(maligna, mal de Luanda, febres), a estada provisória no Desterro e depois na
Vila do Rio Grande, a demarcação das fronteiras acertada pelo Tratado de Madri
entre Portugal e Espanha, a precariedade do arranchamento no Morro de Santana,
tudo inquieta o narrador que se identifica com a sua gente através de um
sentimento generalizado de frustração: o descaso com a sorte desses colonos
consequente da indiferença dos planejadores da ocupação dos vazios geográficos
da América do Sul.
A realidade da pesquisa histórica se entremeia com a
ficção do drama íntimo de personagens comuns, conformados em sobreviver num
meio estranho e inóspito. Enfim, o autor reconstitui um dos tantos momentos
cruciais nos vários deslocamentos daqueles milhares de adultos e crianças
trazidos dos Açores – “tocados de lá para cá como gado manso”.
(Publicado em A Fonte, Jornal de Integração de Santo Antônio da Patrulha e Litoral Norte, na 2ª quinzena de Março de 1992, Ano I, Nº 1).
(Publicado em A Fonte, Jornal de Integração de Santo Antônio da Patrulha e Litoral Norte, na 2ª quinzena de Março de 1992, Ano I, Nº 1).
terça-feira, 14 de julho de 2015
UMA VALIOSA CORRESPONDÊNCIA AÇORIANA
...aqui
estamos já aquerenciados neste torrão ancestral de todos nós, gaúchos. O que
são os Açores, afinal? Antes de mais nada, umas sujadinhas de mosca em pleno
Atlântico Norte (se deres uma olhada no mapa mundi, encontrarás o arquipélago a
meio caminho entre Lisboa e Nova Iorque). Tecnicamente, uma Região Autônoma de
Portugal, com regime político próprio, com presidente próprio, mas sempre
território português, com moeda portuguesa, etc..
Os
Açores são constituídos por nove ilhas, divididas em três grupos (ocidental,
central e oriental). Estamos nós na ilha de São Miguel, na capital (Ponta
Delgada). São Miguel tem 90 km de comprimento por 14 km de largura, em média. É
a maior ilha e que concentra quase 60% de toda a população do arquipélago que
é, no total, de 250 mil habitantes. Ponta Delgada tem 45 mil habitantes, é uma
cidade europeia, com excelente nível de vida, problemas de trânsito (a cada
ano, entram 25.000 automóveis em São Miguel e não sai nenhum), um canal de TV,
uma rádio AM e uma FM (a TV com três novelas brasileiras – faz sucesso aqui “A
Rainha da Sucata”). As rádios transmitem preferentemente rock e música
brasileira, esta felizmente boa. Uma bela universidade com 2.100 alunos
distribuídos em vários cursos, exceto os de Direito, Medicina e Engenharia. Uma
primorosa biblioteca pública. Um conservatório musical. Uma orquestra de câmara
e coral. Vários museus. Oito igrejas, a maioria dos séculos XVII e XVIII,
embora haja até do século XVI. Como se vê, uma cidade altamente civilizada.
Quanto
ao meio físico, a ilha de São Miguel é de formação (deformação!) vulcânica. Há gêiseres
impressionantes, arroios de água quente, inúmeros vulcões extintos e a presença
constante de uma ameaça, terremoto.
O maior que se teve nos últimos tempos foi em Angra do Heroísmo, capital da
ilha Terceira, há 10 anos, que arrasou a cidade, com centenas de mortos. Todo
açoriano teme a possibilidade de sismos. Os técnicos da Universidade dizem que
há pelo menos 300 abalos de terra por dia, embora só perceptíveis por
instrumentos. A meteorologia da ilha é curiosa: são constantes os ventos de 120
km/hora e são raros (ao menos agora no inverno) os dias de sol, o normal são
dias nublados, de céu cinzento. A temperatura, por sorte, é constante nos 11º e
12º graus Centígrados.
Alugamos
aqui uma casa do século XIX, muito semelhante – aliás igual – à de Bento
Gonçalves, em Triunfo (porta e duas janelas em um pequeno pátio). Fica situada
a 10 minutos do centro de Ponta Delgada, em uma rua sossegada, uma ladeira suave,
num bairro chamado de Calheta.
O
povo da rua é amável, como aliás o é todo açoriano, prestativo, generoso, miúdo
e trabalhador. O português aqui ouvido é bem diferente de Portugal continental,
tem música e é falado tão às pressas que pouco se percebe.
A
seguir, um pequeno glossário com a respectiva tradução: barrinha (cama de
solteiro), paneleiro (homossexual), bicha (fila), mulher a dias (faxineira),
lixívia (detergente), rabo (bunda, mas não é palavrão), fato aos quadros
(paletó quadriculado), sala de banho (banheiro), giro (bom, legal), fixe
(bacana, legal), bica (cafezinho), copo (trago, bebida), cadeirão (sofá),
alcatifa (carpete), almofada (travesseiro), quarto de cama (quarto de dormir),
camisola (camisa comum), cueca (o mesmo que no Brasil, mas também significa
calcinha de mulher), meia de vidro (meia de nylon feminina).
Então
que giro, não?
(Publicado em A Fonte, Jornal de Integração de Santo Antônio da Patrulha e Litoral Norte, na 2ª quinzena de Março de 1992, Ano I, Nº 1).
sexta-feira, 10 de julho de 2015
A IMPLACÁVEL GANGORRA - DOS NOSSOS DIAS
Qualidade
de vida para um casal de velhos é carinho, respeito, atenção, repartido de
igual para igual, para usufruírem o resto de seus dias.
Amarga
é a solidão daqueles que chegam à idade avançada e vêm partindo seus afetos,
esperando ansiosos pela reposição de antigas afinidades.
Alguns
têm poder financeiro e conseguem atender necessidades dos seus próximos sem
esperar retorno a não ser disposição para suas carências.
Mas
esse desprendimento nem sempre é reconhecido como justa e perene compensação,
pouco importando o favorecimento que deixa de ser cobrado.
Já
idosos, marido e mulher compartilhando anos a fio um mesmo teto, muitos se
mantêm relegados a quatro paredes, isolados do mundo exterior.
Até
parece que a orbe clama por substituição de suas peças gastas para dar lugar a
outras, o seu espaço reivindicando numa máquina desumana.
Porém, um tempo virá em que
lágrimas tardias haverão de rolar em faces vincadas por esta maturidade já
contando o restante de sua vida útil.
terça-feira, 7 de julho de 2015
FOI EM 2002: CHEGAMOS AOS SESSENTA ANOS
1951 foi o último ano em que funcionou o Departamento de Jaguarão
do Instituto Porto Alegre. Ainda não tinha findado o período letivo e já
agonizavam o Ginásio e a Escola Técnica de Comércio, mantidos por aquela
instituição. Direção e professores aguardavam ansiosos pelo desfecho, a
solução: encampamento pelo Estado do Rio Grande do Sul daqueles
estabelecimentos de ensino.
E os alunos remanescentes invejavam os integrantes da última turma a ser formada sob a
chancela do IPA. O pessoal da 3ª. Série chegava ao Prof. Jorge Abel Neto, o
último Diretor, solicitando para que estendesse até o próximo ano a sobrevida
da instituição; queriam se formar como ipaenses. E o Prof. Abel fazia um
esforço enorme para não sensibilizar-se com aqueles apelos, justificando-se com
a situação calamitosa da falta de recursos para manter a escola, muitas vezes à
custa do sacrifício pessoal de todo corpo docente.
No ano
seguinte, veio a nova Administração, tendo á frente o Padre Octávio Gurgel,
nomeado Diretor pelo governo estadual. Mas ainda restava acesa a centelha
ipaense daqueles alunos que conservavam dentro de si o estado de espírito da
antiga escola. Assim, buscavam retomar aquelas tradições que tinham sido
legadas pelos colegas e mestres antecessores. A última turma de alunos que
ingressou no IPA foi responsável pela realização da derradeira Festa da Saudade
oferecida pelos terceiro-anistas aos formandos de 1953. Essa gente foi a que
manteve o definitivo cordão umbilical com o Instituto Porto Alegre já que, ao
se formar em 1954, deixou de receber aquela homenagem: as turmas que lhes
sucederam não haviam vivenciado aqueles inesquecíveis tempos.
Fomos
participantes das comemorações dos 40 e 50 anos de fundação do IPA em Jaguarão:
nessa última oportunidade, nos perguntávamos se haveríamos de festejar o 60º.
Aniversário que aí está chegando neste próximo 11 de maio e até duvidávamos se
teríamos motivação suficiente para assim proceder. O milagre da vida tem
preservado a muitos ex-alunos para que se reencontrem e demonstrem às novas gerações
o dignificante exemplo de suas existências.
Entretanto,
cabe-nos refletir sobre a tese dos elos
de uma mesma corrente, tão brilhantemente formulada pelo Prof. Sebastião
Gomes de Campos, primeiro Diretor do IPA em Jaguarão. Inicialmente, gostaríamos
de colocar como núcleo estrutural da instituição o vetusto prédio da Rua
Joaquim Caetano da Silva, que teria abrigado em seus primórdios o antigo
Ginásio Espírito Santo e posteriormente outras escolas que lhes sucederam tais
como o Colégio Elementar, o IPA, o Ginásio Estadual de Jaguarão, o Colégio
Comercial Carlos Alberto Ribas e até o Colégio Estadual Espírito Santo, hoje
instalado na Rua Duque de Caxias.
Assim,
raciocinemos: se não dispusesse daquelas amplas dependências empilhadas nos
três andares do único Edifício então existente em Jaguarão, será que o
Instituto Porto Alegre teria aceitado o encargo que lhe queria atribuir o
governador Cordeiro de Farias? Portanto o IPA foi apenas o enxerto que vingou
no tronco primitivo, onde vicejava a seiva do saber.
De outra
parte, também nos ocorre: se o Governo do Estado do Rio Grande do Sul não
houvesse encampado a instituição em 1952 (a que tanto se empenhou Cristóvão
Neves, um dos pais que formou seus filhos naquele Departamento de Jaguarão), o
IPA assumiria o desafio de dar continuidade aos anseios daqueles estudantes que
sonhavam se formarem como alunos da velha escola? Da mesma forma, o Ginásio
Estadual foi outro enxerto que pegou naquele tronco ainda hoje preservado pelo
tempo.
A partir de 11 de maio de 1942, são sessenta anos que
o atual Instituto Estadual de Educação Espírito Santo estabeleceu como marco de
suas origens, quando na realidade essas se situam mais distanciadas no tempo:
oitenta, noventa, cem anos, quem sabe? Que se manifestem os historiadores de nossa Cidade Heróica.
(Publicado no jornal Nova Manhã, de Jaguarão, em 03/05/2002).
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