sexta-feira, 31 de julho de 2015

_ONDE VOCÊ ESTIVER, ETERNA ADMIRAÇÃO !

Da esquerda para direita: Helio Hartstein, Hermann Lobmaier, Ivar Vildo Rojas Lopez, JAROSLAV KOHUT, José Alberto de Souza, José Antônio De Carli Eberle, José Carlos Soares de Araujo, Luiz Fernando Michelena e Luiz Fernando Schmitt.

Já me disseram que não sou brilhante, porém, não sou medíocre. Mediano, talvez, orgulho-me de tantas celebridades que me acolheram em seu ambiente, tratando-me com toda consideração. E eu me honro de haver partilhado da amizade de uma figura brilhante como foi o Engenheiro Mecânico JAROSLAV KOHUT, se não me engano, aluno quase laureado – sempre colecionando notas máximas –, na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cuja trajetória tive o ensejo de acompanhar desde os primórdios até a conclusão do nosso curso superior.
Um grande parceiro no encontro de todas as horas, seja no café da manhã na lanchonete do Centro de Estudantes Universitários de Engenharia – CEUE, ou nas salutares caminhadas até o Restaurante Universitário, durante muito tempo situado na Avenida Azenha (hoje Instituto de Identificação) e após na Avenida João Pessoa. Ele sempre se valia do transporte coletivo, vindo do bairro Jardim Floresta, na distante Zona Norte da nossa capital, aproveitando esse tempo demorado para repassar seus apontamentos e até preparar as lições recebidas na realização das provas iminentes.
Kohut era projetista da Metalúrgica Staiger, cujo proprietário Sr. Carlos lhe dava suporte para cursar seus estudos superiores, mediante compensação de horas extras que se estendiam ao período noturno para completar suas tarefas profissionais. Não dispunha, pois, de tempo domiciliar para se preparar adequadamente e nem costumava adquirir os livros técnicos adotados na Escola, quando muito os acessava na Biblioteca da Engenharia ou através de manuais dispostos em seu ambiente de trabalho. Ele era muito mais um engenheiro de prancheta do que de gabinete.
Este colega tinha todas as condições para escolher o emprego mais conveniente após sua formatura, chegando a receber convite de outro nosso contemporâneo, Engº. Mecº. Hermann Lobmaier, para trabalhar em São Paulo. Entretanto, mantinha sua lealdade para a firma de Carlos Staiger, onde reconhecia o apoio recebido na época de estudante universitário. E ali permaneceu batalhando e colaborando na concordata que envolveu aquela empresa, falindo algum tempo depois. Restou-lhe uma aposentadoria modesta, mas suficiente para se manter dignamente perante seus familiares.
Carlos Werner Uhlig, Flávio Antunes Graziuso, Jaroslav e eu formamos um grupo para elaborar trabalho de conclusão na disciplina de Construção de Máquinas, em que se fez notória a experiência em desenvolvimento de projetos técnicos de Kohut. Foi uma oportunidade de atuar coletivamente, onde cada um de nós deixou a marca de sua contribuição, revelando curiosas facetas de sua personalidade. Na ocasião, ficamos sabendo que Jaroslav costumava fazer contas mentalmente em alemão e o resultado traduzido para português, a posteriori.
Lembro-me de uma vez em que ele nos mostrou a sua carteira modelo 19, em que constava sua nacionalidade como apátrida e ele nos contou que nascera na Ucrânia, então território polonês, com sucessivas anexações a outros países como a Rússia, o que dificultava uma definição mais exata no órgão de imigração. Ele nos dizia do privilégio de viver no Brasil com abundância de suas frutas tropicais, tão raras naquele país, de inverno extremamente rigoroso, mas que se revestia com sua exuberante Natureza no decorrer da Primavera, descrita em suas entusiásticas palavras.
Lealdade, sem dúvida, é o maior legado que nos legou JAROSLAV KOHUT como traço marcante de seu magnânimo caráter.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

ATÉ DE REPENTE, ILUSTRE E NOBRE COLEGA !

Da esquerda para direita: Celso Batista Pizato, Antônio Gilberto da Luz Hartz, Raul Ludwig, Antonio Carlos Bica Smith, Luiz Fernando Schmitt, Ciro Paulo da Cunha e Silva, Luiz Fernando Michelena, Roberto Julio Bereta, JAROSLAV KOHUT, Darcy Kurban Abrahão, Flávio Antunes Graziuzo, Velco Tadeu de Mattos, Sergio Victorio Paseti, Enio Rigon e José Antônio De Carli Eberle (em pé), Agis Caraíba dos Santos, José Alberto de Souza, Cláudio Marchetto, Edemar Soares Antonini, Luiz Felipe da Rosa Ferlauto, Flávio Lúcio Scaf e Carlos Roberto Delgado Martins (agachados) - comemorando 25 anos de formatura no curso de Engenheiros Mecânicos da Escola de Engenharia (UFRGS).


A memorialística deste Poeta das Águas Doces tem feito aparecer no Google o nome de muitas pessoas conhecidas que costumam ali buscar alguma referência a seu respeito. Assim é que acabei recebendo mensagem no “face” de um colega da Engenharia, querendo saber quem eram aquelas gurias que sentaram à nossa mesa no Restaurante Universitário. Devo dizer que estranhei essa inquirição de vez que ele não fazia parte daqueles contatos a quem enviava postagem de nosso blog. Além de esclarecer que as ditas ali se acomodaram por mero acaso, perguntei-lhe como tomara conhecimento do fato e ele me respondeu que havia acessado aquela postagem ao procurar seu nome no referido site de buscas.
Daí se tornou mais ou menos frequente suas curtidas em minha linha de tempo tal o interesse que demonstrava por saber o que eu andava aprontando na internet. Para mim, era uma grande satisfação esta forma de trocar figurinhas, não muito comum entre outros seguidores que passavam por cima daquilo que costumava expor, sem dar a mínima bola. Ainda mais se tratando de um velho companheiro que sempre me dispensou a maior das afinidades como daquela vez em que nos convocavam a comparecer nas comemorações dos 40 anos de formatura na Engenharia da UFRGS. Pois esse camarada teve o desplante de avisar aos organizadores do evento: “só confirmo se ‘Jaguarão’ também confirmar!”
Diante dessa intimação, não me restou alternativa se não aparecer em dia e horário combinado na Sociedade Germânia, onde tomamos conta de uma das mesas junto com nossas esposas e mais o colega Velco Tadeu de Mattos. Noite agradabilíssima em que vivemos a grande emoção de rever colegas há muito afastados de nosso convívio, remoçando alguns anos numa inesquecível volta ao passado, regada as mais finas iguarias em bebidas e opíparos pratos da mais caprichada gastronomia. O momento da despedida se encerrou com seu convite para visitá-lo em sua casa na praia de Mariluz que chegamos a concretizar em certa temporada e desfrutamos da amável companhia dos anfitriões na tarde refrescante daquele aprazível balneário.
No início deste ano, ele me falou que recebera telefonema de Antônio Carlos Bica Smith, um dos nossos colegas da turma de Engenheiros Mecânicos, anunciando preparativos para nosso cinquentenário de formatura, os quais eu desconhecia. Depois, como não voltou a lhe fazer contato, buscava obter alguma informação comigo que não podia lhe retornar por impossibilidade de conseguir me comunicar com outros contemporâneos espalhados por este “mundo velho sem porteiras”. Era evidente seu entusiasmo para reviver aquele mágico encantamento de uma década atrás. Cheguei até combinar uma nova ida até Mariluz neste último verão, porém, tive de postergar para outra ocasião por eventual indisponibilidade.
Mês passado, sou colhido pela mudança de usuário em sua conta no “face book”, passando a ser utilizada por sua esposa, devido a seu passamento no dia 25 transato, cujas missas de 7º dia e 1º mês deram-se a 1º e 25 do corrente. Abalado por esta notícia cheguei a manifestar para sua esposa – “não terei coragem de sentar em outra mesa que não esteja esse grande companheiro” – ao que ela me respondeu: “Ele estará presente ao teu lado, curtindo a festa dos 50 anos”.
Reproduzo aqui o texto que ele postou em seu mural a 25 de dezembro de 2014: “Natal em Família – Eu e Maria com minhas amadas filhas Katiane e Jacqueline, acompanhados dos genros Renato Henriques Martinbiancho e José Serpa Júnior, dos netos Guilherme e Eduardo Martinbiancho, da minha querida cunhada Eugênia Sawka e Sérgio, com meus sobrinhos Bruna Christine Chwal e Alex Felipe”.

Não conseguindo externar todo meu sentimento pela irreparável perda do saudoso JAROSLAV KOHUT, encerro aqui esta lauda com nossas condolências à família enlutada, apesar de que devo voltar com meu depoimento pessoal em nova postagem.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

AQUELAS INSTIGANTES CARTAS D'ALÉM MAR !



Grata surpresa! Recebemos carta de Portugal, dos Açores. Assinada por um nome consagrado da nossa literatura: LuizAntonio de Assis Brasil. Letra a letra, digerimos as palavras vagarosamente a fim de prolongar o sabor da crônica gostosa. Detalhista, ele nos faz relato de sua atual estadia naquele arquipélago, em Ponta Delgada, a capital sediada na ilha de São Miguel. Desse primor de correspondência, extraímos alguns trechos para repartir com os leitores de A FONTE a honrosa exclusividade.
O impulso de continuar lendo Assis Brasil é tão intenso que nos desperta a curiosidade para o seu livro de estreia, escrito em 1976 – “Um Quarto de Légua em Quadro” – que trata justamente da saga da colonização açoriana em terras gaúchas.
Nos três cadernos que compõem o diário do médico Dr. Gaspar de Froes, podemos sentir a trajetória dos ilhéus desde sua chegada à antiga Vila do Desterro (Ilha de Santa Catarina), até sua instalação no Porto dos Casais, que deu origem à capital do Estado do Rio Grande do Sul.
A sacrificada travessia marítima (maligna, mal de Luanda, febres), a estada provisória no Desterro e depois na Vila do Rio Grande, a demarcação das fronteiras acertada pelo Tratado de Madri entre Portugal e Espanha, a precariedade do arranchamento no Morro de Santana, tudo inquieta o narrador que se identifica com a sua gente através de um sentimento generalizado de frustração: o descaso com a sorte desses colonos consequente da indiferença dos planejadores da ocupação dos vazios geográficos da América do Sul. 
A realidade da pesquisa histórica se entremeia com a ficção do drama íntimo de personagens comuns, conformados em sobreviver num meio estranho e inóspito. Enfim, o autor reconstitui um dos tantos momentos cruciais nos vários deslocamentos daqueles milhares de adultos e crianças trazidos dos Açores – “tocados de lá para cá como gado manso”. 

(Publicado em A Fonte, Jornal de Integração de Santo Antônio da Patrulha e Litoral Norte, na 2ª quinzena de Março de 1992, Ano I, Nº 1).

terça-feira, 14 de julho de 2015

UMA VALIOSA CORRESPONDÊNCIA AÇORIANA


...aqui estamos já aquerenciados neste torrão ancestral de todos nós, gaúchos. O que são os Açores, afinal? Antes de mais nada, umas sujadinhas de mosca em pleno Atlântico Norte (se deres uma olhada no mapa mundi, encontrarás o arquipélago a meio caminho entre Lisboa e Nova Iorque). Tecnicamente, uma Região Autônoma de Portugal, com regime político próprio, com presidente próprio, mas sempre território português, com moeda portuguesa, etc..
Os Açores são constituídos por nove ilhas, divididas em três grupos (ocidental, central e oriental). Estamos nós na ilha de São Miguel, na capital (Ponta Delgada). São Miguel tem 90 km de comprimento por 14 km de largura, em média. É a maior ilha e que concentra quase 60% de toda a população do arquipélago que é, no total, de 250 mil habitantes. Ponta Delgada tem 45 mil habitantes, é uma cidade europeia, com excelente nível de vida, problemas de trânsito (a cada ano, entram 25.000 automóveis em São Miguel e não sai nenhum), um canal de TV, uma rádio AM e uma FM (a TV com três novelas brasileiras – faz sucesso aqui “A Rainha da Sucata”). As rádios transmitem preferentemente rock e música brasileira, esta felizmente boa. Uma bela universidade com 2.100 alunos distribuídos em vários cursos, exceto os de Direito, Medicina e Engenharia. Uma primorosa biblioteca pública. Um conservatório musical. Uma orquestra de câmara e coral. Vários museus. Oito igrejas, a maioria dos séculos XVII e XVIII, embora haja até do século XVI. Como se vê, uma cidade altamente civilizada.
Quanto ao meio físico, a ilha de São Miguel é de formação (deformação!) vulcânica. Há gêiseres impressionantes, arroios de água quente, inúmeros vulcões extintos e a presença constante de uma ameaça, terremoto. O maior que se teve nos últimos tempos foi em Angra do Heroísmo, capital da ilha Terceira, há 10 anos, que arrasou a cidade, com centenas de mortos. Todo açoriano teme a possibilidade de sismos. Os técnicos da Universidade dizem que há pelo menos 300 abalos de terra por dia, embora só perceptíveis por instrumentos. A meteorologia da ilha é curiosa: são constantes os ventos de 120 km/hora e são raros (ao menos agora no inverno) os dias de sol, o normal são dias nublados, de céu cinzento. A temperatura, por sorte, é constante nos 11º e 12º graus Centígrados.
Alugamos aqui uma casa do século XIX, muito semelhante – aliás igual – à de Bento Gonçalves, em Triunfo (porta e duas janelas em um pequeno pátio). Fica situada a 10 minutos do centro de Ponta Delgada, em uma rua sossegada, uma ladeira suave, num bairro chamado de Calheta.
O povo da rua é amável, como aliás o é todo açoriano, prestativo, generoso, miúdo e trabalhador. O português aqui ouvido é bem diferente de Portugal continental, tem música e é falado tão às pressas que pouco se percebe.
A seguir, um pequeno glossário com a respectiva tradução: barrinha (cama de solteiro), paneleiro (homossexual), bicha (fila), mulher a dias (faxineira), lixívia (detergente), rabo (bunda, mas não é palavrão), fato aos quadros (paletó quadriculado), sala de banho (banheiro), giro (bom, legal), fixe (bacana, legal), bica (cafezinho), copo (trago, bebida), cadeirão (sofá), alcatifa (carpete), almofada (travesseiro), quarto de cama (quarto de dormir), camisola (camisa comum), cueca (o mesmo que no Brasil, mas também significa calcinha de mulher), meia de vidro (meia de nylon feminina).

Então que giro, não?

(Publicado em A Fonte, Jornal de Integração de Santo Antônio da Patrulha e Litoral Norte, na 2ª quinzena de Março de 1992, Ano I, Nº 1).

sexta-feira, 10 de julho de 2015

A IMPLACÁVEL GANGORRA - DOS NOSSOS DIAS


Qualidade de vida para um casal de velhos é carinho, respeito, atenção, repartido de igual para igual, para usufruírem o resto de seus dias.

Amarga é a solidão daqueles que chegam à idade avançada e vêm partindo seus afetos, esperando ansiosos pela reposição de antigas afinidades.

Alguns têm poder financeiro e conseguem atender necessidades dos seus próximos sem esperar retorno a não ser disposição para suas carências.

Mas esse desprendimento nem sempre é reconhecido como justa e perene compensação, pouco importando o favorecimento que deixa de ser cobrado.

Já idosos, marido e mulher compartilhando anos a fio um mesmo teto, muitos se mantêm relegados a quatro paredes, isolados do mundo exterior.

Até parece que a orbe clama por substituição de suas peças gastas para dar lugar a outras, o seu espaço reivindicando numa máquina desumana. 

Porém, um tempo virá em que lágrimas tardias haverão de rolar em faces vincadas por esta maturidade já contando o restante de sua vida útil.

terça-feira, 7 de julho de 2015

FOI EM 2002: CHEGAMOS AOS SESSENTA ANOS

1951 foi o último ano em que funcionou o Departamento de Jaguarão do Instituto Porto Alegre. Ainda não tinha findado o período letivo e já agonizavam o Ginásio e a Escola Técnica de Comércio, mantidos por aquela instituição. Direção e professores aguardavam ansiosos pelo desfecho, a solução: encampamento pelo Estado do Rio Grande do Sul daqueles estabelecimentos de ensino.
E os alunos remanescentes invejavam os integrantes da última turma a ser formada sob a chancela do IPA. O pessoal da 3ª. Série chegava ao Prof. Jorge Abel Neto, o último Diretor, solicitando para que estendesse até o próximo ano a sobrevida da instituição; queriam se formar como ipaenses. E o Prof. Abel fazia um esforço enorme para não sensibilizar-se com aqueles apelos, justificando-se com a situação calamitosa da falta de recursos para manter a escola, muitas vezes à custa do sacrifício pessoal de todo corpo docente.
No ano seguinte, veio a nova Administração, tendo á frente o Padre Octávio Gurgel, nomeado Diretor pelo governo estadual. Mas ainda restava acesa a centelha ipaense daqueles alunos que conservavam dentro de si o estado de espírito da antiga escola. Assim, buscavam retomar aquelas tradições que tinham sido legadas pelos colegas e mestres antecessores. A última turma de alunos que ingressou no IPA foi responsável pela realização da derradeira Festa da Saudade oferecida pelos terceiro-anistas aos formandos de 1953. Essa gente foi a que manteve o definitivo cordão umbilical com o Instituto Porto Alegre já que, ao se formar em 1954, deixou de receber aquela homenagem: as turmas que lhes sucederam não haviam vivenciado aqueles inesquecíveis tempos.
Fomos participantes das comemorações dos 40 e 50 anos de fundação do IPA em Jaguarão: nessa última oportunidade, nos perguntávamos se haveríamos de festejar o 60º. Aniversário que aí está chegando neste próximo 11 de maio e até duvidávamos se teríamos motivação suficiente para assim proceder. O milagre da vida tem preservado a muitos ex-alunos para que se reencontrem e demonstrem às novas gerações o dignificante exemplo de suas existências.
Entretanto, cabe-nos refletir sobre a tese dos elos de uma mesma corrente, tão brilhantemente formulada pelo Prof. Sebastião Gomes de Campos, primeiro Diretor do IPA em Jaguarão. Inicialmente, gostaríamos de colocar como núcleo estrutural da instituição o vetusto prédio da Rua Joaquim Caetano da Silva, que teria abrigado em seus primórdios o antigo Ginásio Espírito Santo e posteriormente outras escolas que lhes sucederam tais como o Colégio Elementar, o IPA, o Ginásio Estadual de Jaguarão, o Colégio Comercial Carlos Alberto Ribas e até o Colégio Estadual Espírito Santo, hoje instalado na Rua Duque de Caxias.
Assim, raciocinemos: se não dispusesse daquelas amplas dependências empilhadas nos três andares do único Edifício então existente em Jaguarão, será que o Instituto Porto Alegre teria aceitado o encargo que lhe queria atribuir o governador Cordeiro de Farias? Portanto o IPA foi apenas o enxerto que vingou no tronco primitivo, onde vicejava a seiva do saber.
De outra parte, também nos ocorre: se o Governo do Estado do Rio Grande do Sul não houvesse encampado a instituição em 1952 (a que tanto se empenhou Cristóvão Neves, um dos pais que formou seus filhos naquele Departamento de Jaguarão), o IPA assumiria o desafio de dar continuidade aos anseios daqueles estudantes que sonhavam se formarem como alunos da velha escola? Da mesma forma, o Ginásio Estadual foi outro enxerto que pegou naquele tronco ainda hoje preservado pelo tempo. 
A partir de 11 de maio de 1942, são sessenta anos que o atual Instituto Estadual de Educação Espírito Santo estabeleceu como marco de suas origens, quando na realidade essas se situam mais distanciadas no tempo: oitenta, noventa, cem anos, quem sabe? Que se manifestem os historiadores de nossa Cidade Heróica.
(Publicado no jornal Nova Manhã, de Jaguarão, em 03/05/2002).