quinta-feira, 23 de maio de 2013

UMA LIÇÃO DE VIDA E LUCIDEZ AOS 97 ANOS (III)

Bate-papo com Alcides Carlos de Moraes


Olha só o que me apareceu nas imagens do Google: por acaso, reconhece esse pessoal? E o "paisano", quem é? Este não é o Pelotas de 1945?
Senão  me falha a memória,  é o time do Pelotas da década de 40, do século passado:
De pé, da esquerda para a direita: 1- RUI - 2ROVERÉ- 3 MÁRIO- 4~~NÃO RECONHEÇO - 5 LAERTE - 6 -  VAZ. AGACHADOS: AMARAL-PEPITO-BUCHELLI-FIERRO E BENTINH0.
O PAISANO: O URUGUAIO VISCARDI- TÉCNICO E MASSAGISTA.
Roverê não é Derni? Buchelli não é Apes?
Tenho absoluta certeza dos nomes que citei sobre a fotografia do time do Pelotas. Uma retificação: o "paisano" é de fato uruguaio e foi massagista e técnico, só que o nome dele não é Viscardi, como disse. O nome não me recordo.
O 4 (que não reconheceu)  não é Geraldo?
O nº 4 pode ser o Geraldo.
Segundo soube através de um de seus sobrinhos em Jaguarão, você enviuvou ano passado de Dª. Alda, certo? Qual o nome completo e naturalidade dela? Em que ano e cidade casou?
Eu enviuvei em novembro de 2008. O nome de  minha mulher de solteira era Alda Tavares de Oliveira. Ao casar passou a Alda Oliveira de Moraes. Seu pai era proprietário de uma fazenda no Uruguai. Por essa razão, alguns filhos  nasceram no Uruguai e outros no Brasil. Alda nasceu no departamento de Salto. Ao casar, segundo a lei, optou pela nacionalidade brasileira. Casamos-nos no dia 23 de junho de 1944, na cidade de Pelotas.
Tem dois filhos, desculpe se não cheguei a anotar nomes e profissões deles. Já tem netos e bisnetos? Quantos e seus nomes?
Tenho dois filhos. O mais velho, Luiz Fernando Oliveira de Moraes, é advogado e aposentado como Procurador do Ministério da Fazenda. O segundo, José Carlos Oliveira de Moraes, é médico. No dia 3 de dezembro de l972, foi vítima de um assalto que o deixou paraplégico, quando fazia residência médica aqui no Rio. Tinha 25 anos. Com uma licença especial da Secretaria da Fazenda do RGS, vim, com minha mulher, acompanhar sua reabilitação. Como foi muito demorada, voltei ao meu estado-, onde reassumi minhas funções até minha aposentadoria, o que ocorreu em junho de 1976. Esse meu filho é hoje professor titular de patologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi várias vezes à Europa e Estados Unidos como jogador de basquete em cadeira de rodas. Numa dessas andanças, conheceu  um vendedor de cadeiras, para tênis. Com um colega de infortúnio, Celso Lima, introduziram no Brasil o tênis para cadeirantes. Hoje há um  torneio que é disputado anualmente em caráter nacional.   Atlanta EUA, em 1986, tomou parte dessa olimpíada.
Mora no Rio de Janeiro desde 1972, foi nesse ano que se aposentou na Fazenda?
Moro no Rio de Janeiro definitivamente desde 1976, época de minha aposentadoria.
 Algo que não cheguei a falar é que achei no Google "Alcides Carlos de Moraes Neto", é seu parente?
Alcides Carlos de Moraes Neto é filho do meu filho mais velho. Tem trinta anos, casado, formado em ciência da computação e funcionário concursado do Senado Federal.
Desculpe se me estendi demais, qualquer acréscimo será sempre bem-vindo.
 Você me fez um tremendo bem. Conseguiu me transportar aos saudosos dias da minha mocidade. Tem a minha gratidão.

UMA LIÇÃO DE VIDA E LUCIDEZ AOS 97 ANOS (II)

Bate-papo com Alcides Carlos de Moraes

(Colaboração de Douglas Marcelo Rambor)

Em que ano se transferiu para o Bancário?
Joguei no Bancário no ano de l936.
Quando estreou no Pelotas?
A minha estréia no Pelotas foi no ano de 1937.
Poderia me falar de novo sobre aquele fato de sua decisão entre Botafogo e emprego assegurado na Secretaria da Fazenda do R.G.S.?
Minha desistência do Botafogo: Seria inaugurado o Porto de Pelotas. Isto nos idos de  1940. O emprego prometido seria de Fiel de Armazém. Cargo de muita responsabilidade, ao ponto de ter de abandonar o futebol. Gorou. Foram aproveitados dois funcionários do porto de Rio Grande que estavam disponíveis.
Em que ano saiu do Pelotas para ingressar na Mesa de Rendas?
Deixei o E.C. Pelotas em abril de 1942, para assumir as minhas funções na Secretaria da Fazenda do R.G. do Sul.
Foi o senhor que indicou Mário para ficar em seu lugar?
Não tive influência alguma no ingresso do Mário no Pelotas.
Em 1945 era o técnico do Pelotas Vice-Campeão do Estado?
Em 1945 fui Diretor de Futebol do E.C. Pelotas, com a responsabilidade de cuidar do time. Fomos bi-campeão da cidade e vice no Estado
Nas partidas com o Esperança de Novo Hamburgo em 1945, aparece como goleiro titular Carneirinho, sendo que Mário só veio a jogar na última partida com o Inter. Será que este andava meio "parobé"?
Quanto aos goleiros Mário e Carneirinho, eles faziam rodízio na posição.
(CONTINUA)


UMA LIÇÃO DE VIDA E LUCIDEZ AOS 97 ANOS

Bate-papo com Alcides Carlos de Moraes

(Colaboração de Carlos Alberto Machado Neves)

Com quantos anos ingressou no Cruzeiro, de Jaguarão? Quando deixou de ser "filhote"?
Comecei a jogar no Cruzeiro, como filhote, aos doze anos como centro-avante,
Antes da construção da ponte, você atravessava o rio de bote para jogar com o Cruzeiro em Rio Branco, onde eram recebidos com banda de música e marchavam lado a lado com a equipe adversária até o campo de futebol. De onde saiam apressados e hostilizados até as canoas, após o final das partidas. Verdade?
 Antes da ponte, quando se tratava de muita gente, o transporte era de balsa. Nunca joguei em Rio Branco. As  nossas excursões eram a Vergara e Melo.
Massinha residiu muito tempo aqui perto, na Rua Costa, Menino Deus, e depois se mudou para Taquara, se não me engano. Infelizmente não cheguei a conhecê-lo, mas um conterrâneo Newton Monteiro costumava visitá-lo e me falava que tinha um pôster em casa, motivo de grande orgulho, em que aparecia fazendo um gol em Bra-Pel. Adivinhe quem foi a vítima?
Quanto ao Massinha fomos moleque em Jaguarão.
Escalação do Cruzeiro em 1934: Alcides, Deoclides e Irumé; Álvaro Moreira, Alberto Pintado e Alberto Neves; Aldírio Moraes, Moreirinha, Arloque, Amador e José Carvalho.
Escalação do 9º R.I. em 1934 e 1935 (parece até uma seleção de S. Vitória do Palmar, enxertada pelo jaguarense Folhinha): Brandão, Jorge Augusto e Chico; Ruy (Folhinha), Itararé e Celistro; Birilão, Bichinho (Coruja), Cerrito, Cardeal e Gasolina.
Pelo visto, aquela partida histórica em que o Cruzeiro perdeu para o 9º R.I. por 3 a 1 (1934) não foi válida pelo Campeonato Farroupilha 35. Confirma o escore?
Se não me falha a memória o escore foi de 4x0.
Confirma as escalações das equipes conforme o acima referido?
Confirmo a escalação do 9º R.I. Quanto a do Cruzeiro onde se lê Irumé, leia-se Irani.
Quem eram os técnicos do Cruzeiro e 9º R.I. em 1934?
Era treinador do E.C. Cruzeiro do Sul o Júlio Proença. Foi ponta esquerda do Cruzeiro.  Do 9ºRI Corbiniano de Andrade, conhecido pelo apelido de Castelhano. Foi, também, jogador. Tomou parte na segunda grande guerra. Fazia parte da Força Expedicionária Brasileira. Tem nome de Rua  em Pelotas e foi condecorado pelos Estados Unidos como herói.
É verdade que Cardeal foi o Pelé da sua época?
Sezefredo da Costa, como era chamado no Nacional de Montevidéu, era o nome do Cardeal. Foi um craque, na expressão da palavra. Jogou, também, no Fluminense do Rio e Seleção gaúcha e brasileira.
Jogava mais que Friedenreich?
 Quando comecei a jogar futebol, o Friedenreich estava abandonando a carreira. Nunca o vi jogar. Segundo a crônica, foi um senhor jogador do esporte bretão. Os argentinos chamavam-no El Tigre.
Qual o maior craque que enfrentou em sua carreira esportiva?
Dos jogadores famosos que enfrentei. No Internacional de P. Alegre: entre outros, Tesourinha e Sílvio Pirilo. Contra o Peñarol de Montevidéu, a famosa ala esquerda formada por Camaiti e Varela. Este se consagrou no Boca de Buenos Aires, como um dos melhores jogadores da América.  Na seleção gaúcha contra os paulistas Servilio, Luizinho, Teleco, etc. Contra a seleção Botafogo-Fluminense: Russinho Milman, pelotense, Heleno de Freitas, Romeu Peliciari, etc. 
(CONTINUA)