quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Outro ilustre jaguarense em Guaporé

Serafina, Vespasiano e o filho Luiz Vespasiano
Serafina Corrêa e Vespasiano Corrêa são dois municípios gaúchos, antigos distritos de Guaporé, fundados respectivamente em 22 de julho de 1960 e 28 de dezembro de 1995, que tiveram suas denominações originárias de homenagens ao casal cuja passagem pela região, embora curta, foi marcante política, social e culturalmente.
A colônia de Guaporé foi criada em 1892, em terras pertencentes aos municípios de Lajeado e Passo Fundo. Em 1899, o jaguarense Engº. Vespasiano Rodrigues Corrêa, que trabalhava na Secretaria de Obras Públicas como agrimensor, foi designado pelo diretor da Comissão de Terras, Engº. José Montaury de Aguiar Leitão, para um trabalho demarcatório de lotes em Guaporé, com a incumbência de fazer cumprir a lei devido à ocupação de terras do governo por posseiros. Com medida variável entre 25 e 30 hectares, foram demarcados 5000 lotes.
Em 20 de fevereiro de 1900, o nosso conterrâneo assumiu oficialmente a chefia da Comissão de Terras de Guaporé.
Em 11 de dezembro de 1903, pelo decreto nº. 664, foi instituído o município de Guaporé, tendo como primeiro intendente o Engº. Vespasiano Corrêa, empossado em 1º. de janeiro de 1904. Então se projetou a cidade de forma arrojada para a época com quadras de 100m por 100m e avenidas de 25m. Até hoje seu Plano Diretor segue as normas delineadas há mais de 100 anos (mapa de xadrez regular em forma de quadrículos modulares), mantendo-a como uma das mais bem traçadas do Estado.
Para ser a residência do primeiro intendente do município, em 1902, edificou-se o prédio do atual Museu e Arquivo Municipal, sito à Avenida Alberto Pasqualini, 931.
Denomina-se Vespasiano Corrêa a praça central da cidade, muito arborizada, localizando-se ali a Prefeitura e a Igreja, rodeados pelas principais vias do município.
Vespasiano era filho de José Vicente Corrêa e Maria Carolina Rodrigues Corrêa e nasceu em 1871. Formou-se em Engenharia no Rio de Janeiro e casou-se com Serafina Corrêa na cidade de Rio Grande. Faleceu prematuramente, aos 38 anos de idade, em Pelotas. A família, então, já morava em Porto Alegre, quando em 1908 o Engº. Vespasiano teve de se afastar da Diretoria de Terras e Colonização da Secretaria de Obras Públicas, em razão de licença para tratamento de saúde. Desse casamento, nasceu um único filho, Luiz Vespasiano Corrêa, que estudou e casou nos Estados Unidos.
Em 25 de julho de 1985, data do jubileu de prata do município de Guaporé, os seus restos mortais foram depositados no Mausoléu, erguido postumamente em sua homenagem.
Entrevistando o médico anestesista Dr. Alcides Carlos Pinto Corrêa, residente em Porto Alegre, fiquei sabendo que o Engº. Vespasiano era irmão de sua avó Leocádia Rodrigues Corrêa (Querida), casada com Zózimo Corrêa, genitores do seu pai Vespasiano Rodrigues Corrêa, coronel do Exército, já falecido. Contou-me ainda que esta sua avó engravidara na mesma época que uma cunhada sua (?) e que elas teriam combinado dar o mesmo nome se nascessem homens os seus filhos, o que veio a ocorrer, daí sendo batizado o seu sobrinho como Vespasiano Faustino Corrêa (também eram descendentes do comendador Faustino Corrêa), futuro cirurgião em Porto Alegre.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Família Maia vai se reunir em Jaguarão

Excepcionalmente, transcrevo a seguir texto de autoria do Engº. Nelson Casarotto Filho, colega aposentado do BRDE em Florianópolis-SC, com a biografia de seu bisavô Coronel Agilberto Atílio Maia, um dos jaguarenses que participou da fundação do município de Guaporé-RS.

A história de Agilberto Atílio Maia deve ser iniciada por Jaguarão, pois de lá é originária a família Maia. Esse nosso bisavô nasceu em 1877, filho de José Luiz Maia e Gertrudes Passos Maia, que tiveram na sequencia Rosalvo, Eloi, Agilberto, Comba (Querida), Manoel, José (Zeca) e Alda.

Agilberto iniciou sua atividade no Exército em 1893, indo até 1899 e sendo depois agricultor. Ainda moço foi para Guaporé, saindo de Jaguarão em 1903 para assessorar o então intendente de Guaporé Vespasiano Rodrigues Corrês, seu compadre e primo de sua mulher Maria Carolina Rodrigues Maia. Estabeleceu-se ali para ocupar o Notariado e Registro Geral.

Em 1905, passou a exercer os cargos de Secretário e Tesoureiro do Município, nos quais permaneceu até 1912, quando foi eleito intendente. Foi reeleito outras duas vezes, completando 12 anos nessa função e promovendo enorme desenvolvimento ao município.

Em 1925, foi nomeado Oficial do Registro Geral de Imóveis e, em 1928, foi novamente sagrado intendente com o voto dos correligionários. Depois foi nomeado prefeito, já no governo Getúlio Vargas. Além disso, exerceu o cargo de Delegado de Polícia.

A "descoberta" do oeste catarinense passa pelo nome dos Maia. Segundo Walter Fernando Piazza, em "A Colonização de Santa Catarina" (BRDE, 1982), "a 18 de setembro de 1918, com um capital de Rs. 100.000$000, Agilberto Maia, Manoel Passos Maia e Ernesto Bertaso, com participações iguais, fundaram a firma Maia, Bertaso & Cia., que perduraria até 21 de novembro de 1923". Havia grande amizade entre os sócios, sendo que Agilberto e Ernesto eram compadres. Após a dissolução da sociedade, essa empresa que "fundou" Chapecó-SC passou para Ernesto Bertaso. Agilberto continou como intendente em Guaporé até 1937.

Com Maria Carolina Maia, teve 11 filhos: José Domingos, Herondina, Nayr, Luiz, Vespasiano, Olga, Ary, Agilberto, Ildefonso, Ariosto e Álvaro, todos falecidos.

Na vida política, pertenceu ao Partido Republicano Riograndense, pelo qual em 1893 pegou em armas aos 17 anos. O Coronel Agilberto faleceu em 1948 e dá nome a Rua e Colégio, tendo seu busto na praça principal de Guaporé. A família doou para o município sua casa, onde hoje funciona o museu da cidade.

Em 2006, seus descendentes (202 na época) se reuniram em Guaporé e acertaram, sem data definida, que o próximo encontro da família deverá ocorrer em Jaguarão.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A DESPEDIDA DE UMA ÚLTIMA VEZ

Na foto, Fernando Collares e Luiz Mauro no lançamento de "Rua da Praia" (2003). Sempre existe uma última vez sem que se perceba tratar de uma despedida. Já visitei pessoas hospitalizadas que não tiveram oportunidade de obter a alta desejada. Nessas ocasiões, cheguei até pensar em postergar esses encontros para outro dia, porém, algo me impelia a que procurasse confortar o enfermo naquele preciso momento que viria a se tornar, sem que o soubesse, em nosso derradeiro adeus. Conformava-me após com a idéia de ter chegado ali a tempo de demonstrar minha lembrança e afeição com esse pequeno ato de presença, quem sabe, uma inesperada solidariedade humana.

Nesta última segunda-feira, fui colhido pela triste notícia do falecimento do grande amigo Fernando Collares que, há cerca de um mês, sofrera parada cardiorrespiratória, permanecendo em coma desde então na CTI do Hospital Divina Providência. Também fui informado da cerimônia fúnebre ocorrida nesse mesmo dia no Crematório Saint-Hilaire, em Viamão, que deixei de comparecer por impedimentos particulares. Embora abatido por não levar pessoalmente minhas condolências a seus familiares, recordei-me daquela última ocasião em que avistei Fernando ainda com vida, transbordando a sua proverbial alegria.

Esse nosso encontro – se não me engano no início deste ano - aconteceu na agência Menino Deus da Caixa Econômica Federal, onde tinha acabado de fazer um depósito. Já me retirava daquelas dependências quando fui surpreendido pela abordagem do saudoso amigo, convidando-me a que sentássemos ali mesmo na sala de espera a fim de bater um papo descontraído, já que decorria um longo tempo sem nos ver. Enquanto sua esposa, Dª. Sandra, resolvia assuntos pendentes na Gerência, ficamos relembrando agradáveis momentos de uma época em que eram freqüentes as nossas ligações.

Um balde de água fria nesse entusiasmo me veio em seguida, quando o radialista Glênio Reis me deu a notícia de que fora diagnosticado Mal de Alzheimer no estado de saúde daquele velho companheiro. Eu não acreditava, há pouco o tinha visto tão bem e feliz. Falando com o cantor Guilherme Braga, este me confirmou que estava no estágio inicial da doença. E através do Guilherme continuei me mantendo informado da sua acelerada evolução degenerativa. Coisas do destino, indagava-me eu, que nos colocara frente a frente, oportunizando-me gravar em minha mente uma imagem que me legara Fernando Collares, tão plena de otimismo e confiança no futuro.

A primeira vez que assisti o notável cantor foi por ocasião da estreia do espetáculo “Reencontro (O Show tem que continuar)” na Boate Le Club, em 16 de outubro de 1991, do qual participava junto com Guilherme Braga e Maria Helena Andrade, mais acompanhamentos de Paulo Santos (violão/guitarra) e Celso Lima (teclados) e apresentação do veteraníssimo Ary Rego. Conforme prometia o mote caracterizado no convite - “A gente precisa se reencontrar/ com os amigos/ com a música/ com os músicos/ antes que tudo passe/ com a alegria de viver” – todos os presentes fomos aquinhoados por uma noite esplendorosa e inesquecível.

Porém, nosso relacionamento mais estreito só veio a se concretizar em 1999, quando Guilherme Braga me sugeriu o seu nome para integrar o projeto “Por Amor à Música” que estávamos apresentando ao Fundo Municipal de Produção Artística, ao qual destinaríamos três faixas do CD que se pretendía gravar: “Quatro Estações” (Jayme Lubianca), “Minha Oração” (Jorge Machado) e “Sabiá Moreno” (Antoninho Gonçalves). Foi então que tomamos conhecimento da competência e da extrema versatilidade de Collares nos ensaios e nas sessões de gravação ao vivo promovidas pelo técnico Marcelo Sfoggia, tal a sua desenvoltura diante dos microfones.

Daí em diante, passei a me tornar participe da “turma do gargarejo”, assistindo sempre as diversas apresentações de Fernando Collares onde me fosse possível estar presente. Entre elas, no lançamento do CD “Rua da Praia” (2003), no qual interpretava a canção de Tito Madi que deu título ao disco, além de composições de Luiz Mauro (“Nunca é Tarde Para Sonhar” e “Lembranças”) e de Omar Stocker (“É o Amor”, “Ajuda-me Senhor”, “O Sítio”, “Ilha Azul”, “Leite Derramado”, “Poesia Sem Final”, “Sorria”, “Mãe Solteira” e “Mais Que Um Amigo”). Para complementar, reproduzo aqui o link da postagem que fiz no site Caros Ouvintes http://www.carosouvintes.org.br/blog/?p=4836, abordando as letras homônimas, com os respectivos áudios, de Alberto do Canto e Tito Madi.
Temos o grande Fernando Collares
esbanjando a sua jovialidade
que vem contagiando tantos pares,
de romântico, a habilidade.