Olhas para trás e enxergas uma longa estrada percorrida, um
caminho sem volta, e tu ainda tentas fazer algo nesse tempo sem qualquer pressa.
Sem rumo, sem destino, tu consegues avistar tantos vultos
sempre presentes em toda essa jornada, aparecendo vaporosos na penumbra do
olvido.
Tens vontade de voltar nesse espaço curto para rever velhos
companheiros e ficar remexendo n’algum bom combate em épocas ocultas da
memória.
Uma pipa de bom vinho seria o suficiente para juntos brindarem
então um efêmero reencontro de vocês com aquelas glórias outrora vivenciadas.
Dessa confraternização decerto nasceria um instante mágico de
suprema harmonia entre seres afins, compartilhando os sucessos uns dos outros.
Porém, és andarilho solitário, um velho trapo esquecido dos
prazeres, e vives quase a divagar pelos corredores do mundo em maldito mistério.
Tentas te manter na saga do itinerante para não perderes
equilíbrio e cair em definitivo no solo duma desgraça plena a se anunciar
iminente.
Já deixaste de ter qualquer paradeiro por não te submeteres
aos grilhões daqueles teus desafetos, buscando te encontrar em vielas
quebradas.
Uma estranha indiferença te tornou um nômade a
percorrer um deserto de vida, apesar de inúmeros oásis aonde chegas para
retemperar energias.