quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Epa, que faz esta foto por aqui?

Lá pelos idos de 1956, morava eu na Rua Demétrio Ribeiro, número 449, em P.Alegre. Na ocasião ali existia uma casa de dois pisos, um deles no subsolo, com duas janelas grandes, sob as quais havia pequenas aberturas para ventilação e iluminação do pavimento inferior, e uma porta que dava para o hall de entrada, onde uma escada subia para o piso superior e a outra descia para o porão habitável, alugado por Dona Alzina Monteiro. Ela residia no local com seu filho Edar e costumava sublocar os dois beliches de um dos quartos para os conterrâneos de Jaguarão. Desta forma, passei a dividir aquelas dependências com os companheiros Mário Teixeira de Mello, Newton Monteiro e José Martins de Souza Netto, transformando-as num autêntico consulado da terra natal. O Edar Monteiro era funcionário da Bolsa de Valores do Rio Grande do Sul e jogava as suas peladas de fim de semana no Antodel, capitaneado pelo corretor Antonio Delapieve, o dono do time. Já os demais companheiros de quarto também batalhavam fora o dia todo para ter a sua própria renda e eram dados a correr atrás de uma bolinha sempre que surgia alguma oportunidade. E eu passava, na parte da manhã, em casa estudando ou, à tarde, no Colégio Estadual Júlio Castilhos assistindo aulas do curso científico. Era, pois, de outro departamento e, inveterado perna de pau, só podia ser escalado nessa seleção ou como roupeiro ou como massagista.
Assim é que nesse ambiente, certo dia, apareceram na nossa república o Gessy, ponta de lança, e o Onete, goleiro, ambos atletas do Grêmio, aguardando a hora do encontro na pracinha do Alto Bronze com as namoradinhas que tinham por lá. Enquanto isso o jaguarense Onete, que tinha sido meu colega no curso primário, nos relatava aquela famosa revanche com o Santos, depois de perder o amistoso com o tricolor por 3x2. E ele mostrava-se assombrado com o que vira do banco de reservas, aquela máquina infernal do ataque alvinegro com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé, Edu & Cia. Vinte minutos de jogo com o escore de 3x0 e o Grêmio levando aquele baile, diz ele que não conseguia ouvir o treinador Foguinho mandando por três vezes seguidas ele substituir o argentino Germinaro até que, conseguindo despertar daquela letargia, foi para debaixo dos paus só para levar mais dois golinhos no restante da partida.
Clique na fotografia para ver os detalhes em tamanho maior.

2 comentários:

Glênio Reis disse...

Meu caro amigo.
Esta fase do Grêmio vivi intensamente e acabei me tornando amigo do sr. Osvaldo Rolla, além de seu grande admirador.
Conheci e convivi no Grêmio com Oneti (falecido, não?) que não possuia altura ideal para a sua posição de goleiro. Era um moço simples e dedicado. Todos o admiravam. Foi muito bom vê-lo ser lembrado.
GREIS

Lino Tavares disse...

Eu já tinha conhecimento desse fato, no 'pingue-pongue' de perguntas e respostas sobre histórias e 'estórias' do futebol mantido com o amigo Poeta das Águas Doces. Como integrante do 'time de comentaristas' do 3º Tempo, capitaneado por Milton Neves, devo saudar a colocação na 'vrtrine' de reminiscências desse tipo, pois trazem à lume a memória de figuras queridas do esporte bretão, que o tempo implacável vai aos poucos fazendo sumir. Isso coaduna com a página
"Que fim levou" do Site do Terceiro Tempo. Tanto o goleiro Onete quanto o atacante Jessy são gratas revelações gremistas, que ficam ainda mais valorizadas em sendo lembradas publicamente por um colorado de fé e de fato, como José Alberto de Souza, que é muito mais um parceiro a serviço do bom futebol gaúcho do que umadversário dos herdeiros de Eurico Lara. Glênio Reis, que honra este Blog com seu comentário, é outra glória do Rio Grande, sendo o que se pode chamar de 'homem dos sete instrumentos' da mídia rio-grandense.
Parabéns pela postagem. Se "é doce morrer no mar" - como diz Caymme em sua letra - não é menos doce fazer renascer figuras queridas, navegando em "Águas Doces".
jorn. Lino Tavares