sexta-feira, 12 de junho de 2009

A triste ronda de uma tragédia

Recém hoje me dou conta, mas espera aí, esse cara eu conheço. Pois é, meu caro amigo, as tragédias rondam-nos por perto e a nossa insensibilidade não nos permite enxergar o que se passa a nosso redor. Como se nunca fosse acontecer a qualquer um de nós. Veja só: 228 passageiros, 34 nacionalidades e, entre eles, alguns gaúchos, justamente ele, a sua esposa e sua filha que tiveram a sua sonhada viagem de recreio interrompida pela fatalidade. Embora tardiamente, é como uma punhalada que me dilacera a alma.
Ai perpassa pela minha mente, aqueles momentos tão marcantes, em 1994, quando acorríamos semanalmente à Biblioteca Pública do Estado, a fim de participar daquele inesquecível Seminário de Criação Literária da Profª. Lea Masina, num saudável convívio de aprendizado e troca de experiências. Além de nós, compareciam ainda o Paulo Fabris, o Blau Fabrício de Souza, a Maria Aparecida Becker, a Beth Motta, a Maria Moura, o Leandro Mallmann, a Maria Amoretti, o Regis Conte.
Hoje estou remoendo-me todo naquelas imersões do nosso batismo literário, tomando conhecimento da obra de autores clássicos e contemporâneos, tais como Sérgio Faracco, Manoel de Barros. Antônio Carlos Resende, Adolfo Bioy Casares, Mário Arregui, Sófocles, Shakespeare, Guy de Maupassant, Flaubert, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Alan Poe, D.H.Laurence, Horacio Quiroga, Jorge Luis Borges e Virginia Woolf. Posteriormente, repassávamos a regionalidade de Alcides Maia, Simões Lopes Neto, Érico Veríssimo, Lia Luft, Laury Maciel, Caio Fernando Abreu, Assis Brasil e Reynaldo Moura.
Detenho-me relendo dois trabalhos seus apresentados naquelas reuniões e me espelho na sua extrema sensibilidade, no gosto artístico e na refinada cultura da sua formação acadêmica. Revejo as suas importantes e assíduas colaborações nas coletâneas Médicos (pr)escrevem, coordenadas por Blau Fabrício de Souza, Fernando Neubarth, Franklin Cunha e José Eduardo Degrazia, abordando Ficção, Crônicas, Memória, Humor, O Cômico e o Inesquecível. Abro na sua secção em MP 1996 (página 155) e transcrevo:
Roberto Corrêa Chem – Nasceu em Bagé, em julho de 1942. Filho único, estudou até o final do curso primário no Colégio Espírito Santo e em 1950 a família mudou-se para Porto Alegre. Fez todo o resto do curso secundário no Colégio Rosário. Bacharelou-se em História Natural e era professor de Biologia no curso pré-vestibular Mauá, enquanto fazia o curso de Medicina na antiga Faculdade Católica de Medicina, hoje Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas. Ao terminar o curso médico fez concurso e ingressou no magistério superior na área de Anatomia Humana, onde trabalha até hoje. Formado em Cirurgia Plástica, sua especialidade, atualmente dedica-se ao magistério em ambas as áreas: Anatomia Humana e Cirurgia Plástica. Publicou um livro pioneiro na área médica: Introdução à microcirurgia reconstrutiva (Medsi, 1992). Casado com psicóloga, pai de três filhos: um médico, uma bacharela em Comércio Exterior, e uma aluna de curso pré-vestibular.

Nessa mesma página, colhi o seu autógrafo – Para Gislaine e José Alberto, com a esperança de que possamos fazer uma nova Oficina juntos. Com meu abraço RCC agosto 96. Não deu, fiquei-lhe devendo esta, quem sabe ainda possa reencontrá-lo em outro plano para me esclarecer melhor espiritualmente, orientando-me com as luzes do seu caminho.

Um comentário:

Anônimo disse...

ESQUIZOFRENICIDADES
OU MUDANÇAS DE SENTIDOS

Não no sentido de ir para cá
Ou para lá
Não vou nem volto
Daqui ou dali
Mudo o sentido de sentir
A percepção poderia mudar
Talvez para melhor?
Fluir?
Flutuando
Eu poderia cheirar o azul
Ou quem sabe sentir o gosto adocicado da 6ª
Pastoral
Se eu olhando o prurido
Ou a coceira
Ouvindo a fumaça dos meus pensamentos
Loucos
Quem sabe amaria mais
Quem sabe?
Seria bem melhor

Roberto Corrêa Chem