sábado, 10 de janeiro de 2009

DISCONTUS : XXI, XXII, XXIII & XXIV

DISCONTUS XXI
Ela me reconhece na passeata dos bancários, pergunta se lembro dela. Está diferente: fez plástica no nariz. Exalto sua aparência. Vai se aposentar. Tão jovem, não acredito. Problemas de coluna. Sinto-me um caco.
********************
DISCONTUS XXII
Alguns papéis chegam-lhe às mãos. Irresistivel sua curiosidade. Entre tantos versos, um retrato de mulher. Os olhos de leve umedecidos, ela diz:
- Mas em vida sempre foi um bom marido.
********************
DISCONTUS XXIII
Sombras orvalhadas cobrem o cerrado das sepulturas. A claridade indiscreta da lua flagra um vulto se esgueirando na alameda dos cipestres. Debaixo da capa preta, uma viola escondida.
Seu pai sempre gostava daquelas serenatas.
********************
DISCONTUS XXIV
E nem sentia o tempo passar, seus dedos ágeis quais bailarinos-equilibristas a saltitarem nos cabos esticados. solfejando um tema melódico:
La-ra... la-la... La-ri... La-ra-la-ra-ra....

Nenhum comentário: