quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quem diria? Já cozinhei pra cachorro...

“Sempre me surpreendo, me decepciono quando encontro a maldade em estado puro... em crianças e pré-adolescentes” – a escritora e poetisa Profª. Maria Clarice Sampaio Villac se mostra desencantada, relatando em sua crônica (http://www.simplicissimo.com.br/colunas-ativas/daqui-de-la/aquela-historia--quando-vai-acabar) recente experiência em sala de aula com alunos de idade média entre 11 e 12 anos na escola em que leciona em Valinhos-SP, alguns dos quais manifestaram modos incorretos de tratar os animais. A meu ver, só o fato de abordar esse assunto deve ter contribuído para lançar em mentes férteis uma boa dose de valores humanísticos.
O tema serviu para me provocar profundas reflexões. Por não ser muito afeito a encarar perdas constantes como são aquelas que dizem respeito aos animais de estimação, que têm vida breve se comparada a nossa existência, tenho evitado não me envolver em demasia com tais apegos. Mas nem por isso deixo de admirar aquelas pessoas que se dedicam a cuidar destas criaturas compartilhando da nossa jornada pelo planeta no qual habitamos. Há pouco, vimos na televisão o esforço sobre-humano de uma família em São Paulo que buscava os mais avançados recursos veterinários para salvar o seu dócil leão acometido de uma doença degenerativa.
Minha esposa e meus filhos são apaixonados por cães e gatos. E eu, na medida do possível, sempre os apoiei nessa preferência, assumindo encargos de providenciar os cuidados necessários, tais como saúde e alimentação, inclusive como cozinheiro de cachorro, aquela mão de obra considerável. Hoje, com os filhos encaminhados na vida, a mulher e eu vivemos sozinhos em apartamento sem a compensação de afetos alternativos. Já moramos em casa bem situada no nosso bairro, sendo um dos motivos pela longa permanência na mesma o pátio e o jardim que nos permitiu ser acompanhados por uma gentil “collie” até o fim de seus dias.
Pois nessa residência procedemos algumas reformas para adaptá-la às nossas necessidades, uma delas foi a construção de uma “suíte” em cima da garagem para ser instalado o quarto do casal que posteriormente tivemos de trocar por razões ortopédicas na subida da escada. Então ali se acomodou um dos filhos até encontrar outro espaço de maior privacidade. E este era useiro e vezeiro em atrair os gatos da rua para sua companhia dentro do quarto. Os bichanos se acostumaram então a entrar pela janela sem a menor cerimônia a qualquer hora do dia ou da noite, tendo de me valer de algumas vassouradas para ser mais respeitado.
Ali recebemos um casal de parentes que era habituado a dormir de janela aberta, fosse verão ou inverno, para melhor renovação do ar ambiente. E não é que a gataria invadiu o recinto sagrado, provocando o maior escarcéu por cima de tudo que era móvel e assustando aquela gente... Mas não eram só essas inconveniências que os bichos aprontavam, bastava que se deixasse alguma abertura por onde eles pudessem chegar e logo apareciam ninhadas aqui e ali, o que sempre acarretava um tempo para serem descartados em algum local propício às suas sobrevivências. Até chegamos a apelar para a Associação Protetora dos Animais, cruz credo!
Agora o outro filho foi quem nos brindou com aquela “collie” que ele trouxe para casa quando procurava comprar uma roupa emborrachada de “surf” e terminou trocando por aquela filhota que viu num “pet shop” em seu trajeto. Antes já nos tinha enfiado uma lebre (ou coelho, sei lá) que extinguiu todo o verde existente no quintal, além de espalhar “bolinhas” por toda casa, obrigando-me a construir uma gaiola para conter a danada. Terminei negociando a “fera” com gaiola e tudo - e mais uma pelega de mil no pescoço - para um colega de serviço que morava num sítio, convencendo-o das vantagens da cunicultura como reforço da economia doméstica.

7 comentários:

J P disse...

Muito bom Don josé. Em certas passagens até me lembra um pouco a Quinta do Romualdo!

Abraço

Cabeda disse...

Abraços, amigo Souza.
Esses bichos são mais amigos do que os amigos-da-onça...

Anônimo disse...

Poeta, como vai? Não lhe chamarei mais poeta das águas doces, pois você nem é peixe e acho que nem sabe nadar, chamarei mais não! Também não lhe chamarei Poeta Canino, só porque cria uma belíssima Çollie, você nem late , nem morde! Chamarei não! Chamarei ,sim, POETA DA VIDA, vida como valor absoluto que sua sensibilidade sabe decifrar.

Raimundo Candido(de uma Bodega aqui do Ceará)

EDEMAR ANNUSECK disse...

Grande Mestre José Alberto de Souza, el popular Dom José,

Cozinhar para cães deve ser interessante sobremodo. Hoje eles (pelo menos os meus em Curitiba) se deliciam com as rações que não só viraram moda, mas, que subtituem os "cozinheiros" de plantão (rsrsrsrs).
Forte abraço ao futuro Prefeito de Jaguarão (ainda iremos lá)

Edemar Annuseck
São Paulo - SP

Clarice Villac disse...

Amigo José ALberto,

seu texto é uma conversa agradável, cheia de sabedoria, imagens, vida plena !

Clarice Villac disse...

Hoje em dia, procura-se alertar as famílias para a necessidade de castrar seus gatos e cães de estimação, justamente para evitar
o abandono de filhotes.
Essas cirurgias são relativamente simples, muitas vezes organizam-se mutirões nos bairros, e junto com a informação adequada, costumam ser muito bem sucedidas.
Já que vivemos em cidades, as condições há muito deixaram de ser 'naturais', e cabe a nós, mais uma vez, tentar manter um equilíbrio, o mais justo possível...

Anônimo disse...

Que agradável surpresa saber que pessoas como Zé Alberto, Clarice Villac e Raimundim (o da bodega) estão na mesma roda que eu! Mas bah !Que gente querida!
Abraçalhão da Fatima.Laguna/SC