UMA LIÇÃO DE VIDA E LUCIDEZ AOS 97 ANOS
Bate-papo com Alcides Carlos de Moraes
(Colaboração de Carlos Alberto Machado Neves)
Com quantos anos ingressou no Cruzeiro, de
Jaguarão? Quando deixou de ser "filhote"?
Comecei a
jogar no Cruzeiro, como filhote, aos doze anos como centro-avante,
Antes da construção da ponte, você atravessava o
rio de bote para jogar com o Cruzeiro em Rio Branco, onde eram recebidos com
banda de música e marchavam lado a lado com a equipe adversária até o campo de
futebol. De onde saiam apressados e hostilizados até as canoas, após o final
das partidas. Verdade?
Antes da ponte, quando se tratava de muita
gente, o transporte era de balsa. Nunca joguei em Rio Branco. As nossas excursões eram a Vergara e Melo.
Massinha residiu muito tempo aqui perto, na Rua
Costa, Menino Deus, e depois se mudou para Taquara, se não me engano.
Infelizmente não cheguei a conhecê-lo, mas um conterrâneo Newton Monteiro
costumava visitá-lo e me falava que tinha um pôster em casa, motivo de grande
orgulho, em que aparecia fazendo um gol em Bra-Pel. Adivinhe quem foi a vítima?
Quanto ao
Massinha fomos moleque em Jaguarão.
Escalação do Cruzeiro em 1934: Alcides,
Deoclides e Irumé; Álvaro Moreira, Alberto Pintado e Alberto Neves; Aldírio
Moraes, Moreirinha, Arloque, Amador e José Carvalho.
Escalação do 9º R.I. em 1934 e 1935 (parece até
uma seleção de S. Vitória do Palmar, enxertada pelo jaguarense Folhinha): Brandão,
Jorge Augusto e Chico; Ruy (Folhinha), Itararé e Celistro; Birilão, Bichinho
(Coruja), Cerrito, Cardeal e Gasolina.
Pelo visto, aquela partida histórica em que o
Cruzeiro perdeu para o 9º R.I. por 3 a 1 (1934) não foi válida pelo Campeonato
Farroupilha 35. Confirma o escore?
Se não me
falha a memória o escore foi de 4x0.
Confirma as escalações das equipes conforme o acima
referido?
Confirmo a
escalação do 9º R.I. Quanto a do Cruzeiro onde se lê Irumé, leia-se Irani.
Quem eram os técnicos do Cruzeiro e 9º R.I. em
1934?
Era
treinador do E.C. Cruzeiro do Sul o Júlio Proença. Foi ponta esquerda do
Cruzeiro. Do 9ºRI Corbiniano de Andrade,
conhecido pelo apelido de Castelhano. Foi, também, jogador. Tomou parte na
segunda grande guerra. Fazia parte da Força Expedicionária Brasileira. Tem nome
de Rua em Pelotas e foi condecorado pelos
Estados Unidos como herói.
É verdade que Cardeal foi o Pelé da sua época?
Sezefredo
da Costa, como era chamado no Nacional de Montevidéu, era o nome do Cardeal.
Foi um craque, na expressão da palavra. Jogou, também, no Fluminense do Rio e
Seleção gaúcha e brasileira.
Jogava mais que Friedenreich?
Quando comecei a jogar futebol, o Friedenreich
estava abandonando a carreira. Nunca o vi jogar. Segundo a crônica, foi um
senhor jogador do esporte bretão. Os argentinos chamavam-no El Tigre.
Qual o maior craque que enfrentou em sua
carreira esportiva?
Dos
jogadores famosos que enfrentei. No Internacional de P. Alegre: entre outros,
Tesourinha e Sílvio Pirilo. Contra o Peñarol de Montevidéu, a famosa ala
esquerda formada por Camaiti e Varela. Este se consagrou no Boca de Buenos
Aires, como um dos melhores jogadores da América. Na seleção gaúcha contra os paulistas
Servilio, Luizinho, Teleco, etc. Contra a seleção Botafogo-Fluminense: Russinho
Milman, pelotense, Heleno de Freitas, Romeu Peliciari, etc.
(CONTINUA)
2 comentários:
Você me confirma que o futebol de várzea foi semelhante de Norte a Sul do Brasil, aventura, alegria, infância, beleza e arte!
Parabéns, Poeta das águas doces!
Raimundo Cândido
Olá, boa noite
Meu avô foi jogador nessa mesma época, Jogou alguns anos pelo Bancário de Pelotas e, depois de uma grave cirurgia no joelho, passou a jogar no regimento em Jaguarão.
Temos na família uma carta do então Tenente Manoel Antônio de Souza, reforçando para que meu avô fosse logo jogar no regimento. Esta carta e mais uma medalha da época estão com meu irmão em Porto Alegre. O nome do meu avô era Dionisio Mendes Vieira
Gostei de acompanhar essas histórias. Ahhh Um dos nomes que ele citava, além do Cardeal era o do Celistre. Ele faleceu em 1993. Abraços
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