Graças ao Prof. Marcelo Spalding tivemos oportunidade de divulgar a edição
digital de “O Velho Chateau daqueles rapazes de antigamente”
através do endereço eletrônico http://www.ovelhochateau.com.br ,
além de publicar textos de nossa autoria no site dos Artistas Gaúchos. E, por
tal motivo, retribuímos essas atenções, transcrevendo excepcionalmente artigo
de sua lavra destinado à orientação de todos os interessados no lançamento das
próprias obras literárias.
Publicar
um livro ainda é o grande sonho de quem gosta
de escrever, mas, para muitos, um tortuoso caminho.
De forma simples, podemos identificar três processos
depois do ponto final em um texto. Primeiro, descobrir a dificuldade que é
publicar, especialmente pela primeira vez. Segundo, entender o porquê dessa
dificuldade (excesso de escritores, escassez de leitores, mercado com leis capitalistas e alto custo do papel são algumas pistas). Terceiro,
encontrar uma solução para superar tais entraves.
Uma dica
importante é não desistir tão fácil. Melhor do que desistir seria tomar a
consciência do tamanho da literatura, muito superior a qualquer outra arte, e
reescrever mil vezes o texto, melhorando-o cada vez mais antes da publicação apressada. Porque só a literatura compete de
forma tão evidente com toda a sua história, uma história milenar. Na mesma
prateleira de um romance estará Dom Quixote e Madame Bovary, na mesma estante
de um teatro estarão os de Shakespeare e Ibsen. Um conflito, aliás, muito bem
representado por Carlos Henrique Schroeder em A Rosa Verde (tema da próxima
coluna): “eles continuam ali, rindo, me ameaçando com suas obras grandiosas,
criativas, geniais, me reduzindo, intimidando”. Se a intimidação servir de
estímulo para a releitura, para a visão
crítica do que se produziu ótimo, estamos no caminho certo.
E então o
texto está pronto e relido, aí há três caminhos:

É evidente que qualquer escritor começará pela
primeira, mas raramente terá sucesso. As editoras
comerciais são mais comerciais que editoras. E
nós não somos (ainda) o Pedro Bial biografando a vida do chefe.
Então
passaremos para a segunda. Conheço muita gente que começou por um concurso ou financiamento público, pode
ser uma alternativa. Mas requer, além de qualidade, muita paciência.
O
terceiro caminho é o mais traiçoeiro e viável. Antes, vale ressaltar que sempre se pagou para
publicar (de Augusto dos Anjos a James Redfield). A auto-publicação não é errada e se existe
preconceito é pela quantidade de lixo que se publica por conta própria. O que
torna traiçoeira esta alternativa são as falsas editoras que mal fazem o papel
de gráfica, diagramando e imprimindo o livro para o jovem escritor por um preço
muito superior ao que se conseguirá pelas vendas. Especialmente porque, depois
do ponto final e do cheiro de papel, há outro problema, a distribuição.
Mas
voltando à publicação, ela não atribui, por si só, qualidade a um texto. A
gente pensa que publicar trará reconhecimento, mas não basta ver nossa história
eternizada em papel. É preciso ter boas histórias, acima de tudo. E bem contadas.
As que forem realmente boas acabarão no papel. Porque o mercado editorial tem
lá suas regras, parecidas com as de um banco, uma loja ou um canal de
televisão. Ele está atolado no mercado, nas leis liberais deste, e só de vez em
quando estica os olhos para a novidade, para a arte. Cabe a nós, iniciantes aventureiros
malucos escritores em busca de espaço, aprimorar nossos textos para que se
aproximem desta tal arte. E assim sejam percebidos nessas esticadas de olhos do
mercado.
Dicas para quem tem um original pronto e não
sabe o que fazer com ele:
Procure
um bom primeiro leitor, de
preferência algum escritor, professor ou leitor exigente que aponte mais
defeitos do que qualidades;
Envie o
texto para uma revisão,
preferencialmente profissional;
Registre seu texto
na Biblioteca Nacional (clique aqui);
Se você
quiser enviar para editoras e concursos, mapeie quais estão adequadas ao perfil do livro. É importante conhecer a editora, pois
você tem mais chances de publicar um livro de contos na Cia. das Letras do que
na Sextante, por exemplo;
Prepare
um original sem erros de digitação,
diagramado com fonte de boa legibilidade e espaço no mínimo um e meio entre as
linhas; acrescente antes do texto uma breve carta de apresentação sua e,
depois, uma sinopse do livro que seja curta e eficiente;
Entregue o livro
pessoalmente ou, se não for possível, envie pelo correio. E não hesite em
enviar para mais de uma editora ao mesmo tempo. Mas se você for aceito por alguma,
é no mínimo elegante avisar as demais;
Se você
optar por uma edição paga, vá adiante, mas
cuidado, principalmente, com a editora que vai escolher. Tente se
informar sobre suas obras anteriores, converse com autores da editora, procure
saber o que ela oferece em contrapartida e sua reputação no mercado;
Se você
quiser fazer uma edição do autor,
tenha em mente que pode ser importante o código de barras e a ficha
catalográfica para a colocação em livrarias e até alguns prêmios literários;
Cuide, no
caso de livros publicados por conta própria, com os custos de impressão em
relação à tiragem e com a divulgação e distribuição da obra. Devido ao
fotolito, é sempre mais barato o custo
unitário do livro para tiragens maiores;
Não deixe
de continuar produzindo e, especialmente, participando da comunidade literária
enquanto seu livro não é aceito por nenhuma editora. Infelizmente ter um nome (re)conhecido é tão importante quanto
um bom texto.
Marcelo Spalding
5 comentários:
Muito oportunas estas orientações.
Aproveito para dizer que sou revisora editorial autônoma, profissional há mais de 25 anos.
Se houver interesse, é possível conversar mais sobre textos para revisão, por correio eletrônico.
Finalmente, amigo, um texto no blog ainda que de terceiro.
Já vai tempo desde o antológico "olhar tipo veneziana".
Tuas escritas eu aguardo como quem vai à banca para ver se o novo exemplar da coleção já chegou.
Grande abraço. Kie
Poeta das águas doces, saudações!
Coincidência grande, estou a aprender escrita com o grande Marcelo Spalding por um curso na Internet. Um abraço.
Raimundo Cândido
Souza,
Obrigado por intermediar este ensaio sobre um tema que interessa aos "escribas" que sentem na pele os problemas principalmente da "primeira publicação". Abraços e até domingo (27.04). Blog do Wenceslau.
Caro José Alberto boa tarde!
O artigo é muito válido para todos nós que desejamos publicar nosso livro. Aproveito pra dizer que chegou-me ontem via correio convencional um inesperado e supimpa presente! Já tenho em mãos O Velho "Chateau" daqueles rapazes de antigamente" Tenho certeza que vou gostar! Por ora deixo um abraço e vou popstar no facebook a capa do seu livro me exibindo como uma das privilegiadas! Sigamos em frente caro amigo! Adorei o presente! Obrigadíssima, querido! Fatima.
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