domingo, 27 de julho de 2014

GENTE OU BICHO, CADÊ A INCLUSÃO SOCIAL?

Antonio Galderio "Sem Teto"

Sabes quem eu sou? De onde venho?
Pois é, ninguém sabe nem quer saber. Nem mesmo eu me importo
com falta de vontade, impedindo-me de reagir.

Quando peço uma moedinha, qualquer coisa já me basta,
até agradeço por teres me dado atenção,
chego a ficar contente apenas com tua palavra.

À noite, tenho vontade de procurar a casa de Deus,
mas sempre encontro as portas fechadas
para que eu não permaneça por lá um tempo sem fim.

Fico perambulando pelas ruas, ajeito-me agachado
em qualquer canto onde possa descansar
sem que perturbe a passagem indiferente das pessoas.

Sentimento de gratidão é que me ocorre quando encontro
o espaço generoso de uma dessas marquises sem grades
para me abrigar das intempéries.

E como dói ter que depender da caridade alheia,
muitas vezes mitigada pelo carinho de um prato de sopa quente, 
repartido como pão de Cristo.

Amigo, talvez não saibas nem tenhas vivenciado
esta total carência de quem deixou e segue deixando
o tempo passar na falta de oportunidades.

6 comentários:

EDEMAR ANNUSECK disse...

Grande Mestre José Alberto de Souza

Continuas escrevendo muito e retratando uma realidade visível aos olhos e ignorada por muitos.

Parabéns!

Edemar Annuseck
Curitiba - PR

Gilberto disse...

Fotografas essa realidade com sensibilidade

Clarice Villac disse...

Sues versos falam ainda mais alto nestes dias e noites de tanto frio, de chuva...

Ponto de vista que nos leva a trocar de lugar, de ponto, de vista...

Parabéns pelo necessário poema, Amigo José Alberto.

Pedro Antônio Corrêa disse...

Que poema lindo, prezado amigo! Revela bem seu espírito atento para as mazelas sociais. Parabéns!

Helena Ortiz disse...

Os pobres, nós os fizemos assim. (Murilo Mendes)

Marluce Aires disse...

ESTA É A REALIDADE DA VIDA SEM VIDA DE MUITOS DOS NOSSOS SEMELHANTES,PARABÉNS PELO EXCELENTE TRABALHO MEU AMIGO.