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A última fotografia de minha saudosa e querida esposa Gislaine Fagundes de Souza, na véspera de seu passamento. |
Pode ser que a tristeza seja natural,
mas quem aguenta a dor de uma saudade? Toda uma vida que se dedica a uma pessoa
amada e, de repente, somos privados do seu convívio. Tudo ao nosso redor vira
lembrança constante de uma sentida ausência. E haja força para se acostumar a
uma nova rotina de quebra de hábitos arraigados. Como se fosse ainda aquela
presença uma realidade que não aceitamos ser extinta. Tanto desejássemos
proporcionar a qualidade de vida que lhe faltou para cumprir a derradeira
missão.
Quanta coisa ficou pendente que
planejávamos providenciar para seu conforto – atendimento domiciliar para
coleta de exame de sangue, consulta médica agendada, tomografia da mandíbula
completa, implantes dentários, continuidade de tratamento osteopático, troca de
colchão para ortopédico, reforma do banheiro, – tanto que confiávamos na sua
resistência até a conclusão dessas tarefas. Nem as lágrimas derramadas são
capazes de compensar tantos adiamentos que foram processados.
Tentamos conscientizar nossos filhos de
que eles sempre serão o fruto do nosso encontro conjugal, a verdadeira razão de
suas existências, dando prosseguimento a futuros descendentes para consolidar
uma modesta estirpe e encarando conflitos familiares como um necessário
aprendizado para chegar a um entendimento dos valores afetivos. Ela que nem
conseguiu enxergar a primavera florescendo, partiu em busca de suas origens, ao
encontro daqueles outros entes queridos no plano espiritual.
Ela foi uma companheira das boas e más
horas, uma esposa que ajudou a constituir um razoável patrimônio para nossa
família, graças a sua noção de economia, garantindo um futuro pecúlio à nossa
sobrevivência. E assim conseguimos enfrentar aqueles momentos tão difíceis que
culminaram na recuperação plena da saúde de um dos nossos filhos. Agora
recentemente tivemos a satisfação de ver o outro filho recomeçar a sua carreira
profissional após dois anos desempregado com escassos recursos.
Ela era uma pessoa muito extrovertida,
apesar de se tornar bastante carente com o passar do tempo que a imobilizava
para se distrair naquelas atividades que lhe causavam prazer – foi colaboradora
voluntária na Creche de Mães da Vila Lupicínio, aonde chegou a presidir essa
entidade a pedido de seus beneficiários necessitados do recebimento de verbas
municipais, E posteriormente veio a exercer ocupações como secretária do Clube
da Melhor Idade do Menino Deus, braço direito do presidente Lourival Ávila.
Gislaine Fagundes de
Souza vinha tendo dificuldades para se movimentar com problemas nos joelhos
bastante doloridos, definhava com dificuldades de alimentação e de beber água
suficiente para estancar uma acelerada desidratação. Teve de ser removida para
o Hospital Mãe de Deus, aonde veio a falecer em 21 de setembro de 2017, após três
paradas cardíacas. Faltando 64 dias para completar oitenta anos do seu
nascimento e deixando em nós esta imensa saudade da sua presença inestimável.