terça-feira, 17 de junho de 2008

DISCONTUS : V & VI & VII & VIII

DISCONTUS V --------------------------------- Atende o telefone: mudo, desliga. Nova chamada, outra vez calado; se põe a xingar, bate a peça furiosa. Mais três ou quatro tentativas, deixa tocando até que cesse. Ocorre-lhe deixar o fone fora do gancho: ------------------------------------- - Dá trote agora, seu desgraçado! DISCONTUS VI -------------------------------- Na estrada, a morena super-gostosa fazia sinais. Parou bem em frente a ela. Tratava-se de trocar o pneu. -------------------------------------------------- - Com todo prazer... ---------------------------------------------------------------------------- Feito o serviço, ela agradeceu, entrou no carro e foi embora. DISCONTUS VII ----------------------------------------------------------------------------- Loura, maneira audaciosa de vestir, lábios tão tentadores, um azul perdido nos olhos. É insinuante na sua fala, tem graça no folhear das páginas coloridas da amostra encadernada. Quer fechar o pedido, se vou ficar com a obra: ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- - Enciclopédia que nada, me dá o teu telefone! DISCONTUS VIII ---------------------------------------------------------------------------- Frequentemente buscava sintomas nos livros - nenhum que já não tivesse. Nunca usava sanitário público, pois só em casa podia fazer assepsia nas mãos e se banhar depois das necessidades fisiológicas. No necrotério constataram: --------------------------------------------------------------- Estava embalsamado desde que viera ao mundo.

Um comentário:

Anônimo disse...

José Alberto, se esse texto acima que tu postou no blog não é teu, mas de outrem, parabéns pela escolha.

Agora... se é teu, meu jovem, venho te informar o que já deves saber: és um gênio, um gênio. Li, reli e mostrei para minha moçoila, que delirou – eu e ela adoramos esses inusitados textuais. Pior é que eu e ela estamos sempre comentando que fulano ou sicrano "já morreu e não contaram para ele", hehehehe.