segunda-feira, 26 de julho de 2010

AS FLORAIS DE DONA MARTA

Eu também já pedi para publicar uma das crônicas de Marta Medeiros num Jornalzinho. Até concordo: ela é bárbara, escreve bem paca.
Necessita de adivinhação, pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
A distinta vai enfileirando as palavras e, de repente, como num passe de mágica, deixa-nos encantados na fumaça desse caldeirão.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil.
Viram só que receita a feiticeira vai compondo com o seu sopão literário.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible do trabalho.
A fórmula é completa, não tem como errar.
Não tem namorado quem não sabe o valor... de ânsia enorme de viajar para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico, bugre, foguete interplanetário ou carrossel de parque suburbano.
Nem mesmo Ana Maria Braga conseguiria guardar tantos ingredientes em sua televisiva cozinha.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e vai com ela ao parque, fliperama, beira d’água, show de Milton Nascimento, bosque enluarado, rua de sonho ou soltar pipa e passarinho de gaiola.
Abre a bolsa e larga tudo o que tem dentro, em cima da mesa, parece até bolso de moleque.
...ponha a saia mais leve, aquela de renda de harpa e passeie de mãos dadas com o ar.
Não é moleza produzir em série tanta beleza.
Enfeite-se com as margaridas e escove a alma com leves fricções de esperança.
Daí a gente sai mais atrapalhado do que quando termina de ler um livro de auto-ajuda.
De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
E a caixa registradora vai tilintando, tilintando...
Acorde com o gosto de caqui e sorria lírios para quem passar debaixo da sua janela.
Nunca que Madame Dilly conseguiria arrancar tantos suspiros das moiçolas.
Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada.
Você já leu a sua MM hoje?
Ande como se o som soasse a flauta e do céu baixasse uma nuvem de borboletas, cobertas de frases sutis e palavras de galantearia.
Tanto romantismo que, se a velha Bibiana escutasse, na certa era bem capaz de largar mais uma daquelas famosas tiradas:
Aperue-se, mia fia, aperue-se!

2 comentários:

Helena Ortiz disse...

Dale Souza,
vamos derrubar os mitos. é incrível como a propaganda estabelece como sendo bom o que é apenas armação.
a marta o que é de marta, mas aperuar-se ainda mais acho que é difícil. o povo é que precisa ler mais, para distinguir e alcançar o que há de bom; por exemplo, a nossa Lila Ripoll.

Gilberto disse...

CARO SOUZA:
OS FLORAIS DA DONA MARTA SÃO EFICENTES NA MEDIDA EM QUE ELES SATISFAZEM ÀS CARÊNCIAS DOS SEUS (PACIENTES) LEITORES.