sexta-feira, 22 de abril de 2011

E aqueles carteiros de antigamente?

Não sei por que, mas a profissão de carteiro sempre me exerceu certo fascínio. Talvez pela oportunidade de levar a correspondência esperada ou inesperada que aproxima as pessoas desde os mais distantes lugares. Uma vez, participando de uma dinâmica de grupo, foi colocada a questão de escolher uma outra atividade que não a atual da ocasião. E eu com muita convicção apontei a magia inerente a esses mensageiros de tantas e variadas emoções. Parecia me realizar se conseguisse abreviar o tempo de espera daquelas pessoas que ansiavam por notícias de entes queridos. ******************************************************************************************************** Vivenciamos intensamente essas esperas indefinidas nas mais diferentes fases de nossa vida, seja aguardando a resposta de uma pessoa amada, seja o fechamento de algum negócio proposto. Quando morei no bairro Jardim do Mar, em São Bernardo do Campo, (SP), lá por meados da década de sessenta, o Correio costumava fazer a distribuição de correspondência nos bairros valendo-se de pessoas aposentadas – que baita inveja! - mediante um dinheiro extra e, nas vezes em que esses “carteiros” não apareciam ali, tínha de procurar as cartas no posta-restante da Agência da “cidade”. ******************************************************************************************************** Aqui em Porto Alegre, tinha um carteiro “afro-descendente”, alto e manco, que com a devida vênia passei a tratar como Sammy Davis Júnior porque quando o avistava sempre me lembrava daquele astro americano. Era uma pessoa simpática de fácil relacionamento na minha rua pela presteza com que atendia os destinatários do seu percurso. Às vezes, encontrava-o por volta do meio-dia, traçando o prato feito de algum bar nas proximidades de nossa residência. Cumprimentava-o – “alô, Sammy”- e ele me convidava – “não quer chegar para um gole da minha cervejinha?” ******************************************************************************************************** Há tempos, ocorreu-me uma surpresa ao receber um telefonema de diligente funcionário dos Correios que me pedia para confirmar a numeração não localizada de endereço numa encomenda destinada para mim. É claro que corrigi na hora o que estava errado, porém, estupefato manifestei minha curiosidade por saber como ele tinha conseguido meu endereço. “Fácil, fácil – me disse ele – procurei no Guia Telefônico”. Não deixei de elogiar sua atitude de eficácia e zelo pelo bom atendimento ao público, exemplo marcante de como proceder antes de enviar de volta ao remetente qualquer pacote. ******************************************************************************************************** Outro relato que preciso contar é sobre a seção de Achados e Perdidos dos Correios. Lá recorri para encontrar documentos que tinha perdido e sempre me atenderam dizendo que não constava meu nome na relação dos Achados e que eu deveria acompanhar pela imprensa o comunicado informando dessa lista. Passado certo tempo, fazendo cadastro numa loja, foi-me informado que havia documentos meus depositados na Agência Central. Imediatamente, procurei retirar os mesmos, porém, já não se encontravam mais ali e tinham sido devolvidos aos órgãos de origem. ******************************************************************************************************** Há cerca de quatro semanas, tive de enviar uma encomenda para São Paulo, enganando-me na numeração da rua – coloquei 142 ao invés de 140 – motivo por que me foi devolvida sem maiores delongas. Para mim, faltou um pouco de bom senso ao funcionário encarregado da entrega da mesma, pois acredito que todo carteiro deve ter conhecimento de quem é morador da sua zona de distribuição. Não tem 142, que custava indagar no 140 se aquele destinatário era residente dali. Ou então, consultar a lista telefônica para verificar o endereço correto. ******************************************************************************************************** O funcionário burocrata é eficiente na medida em que se bitola pelo regulamento da empresa, pouco importando que se lixe o cliente. Na contramão do bom senso como eficácia.

6 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite, Amigo José Alberto !

Estas coisas acontecem, de vez em quando !

Se os livros pudessem falar, quantas histórias escutaríamos, deste mês inteiro viajando, dormindo nas agências dos Correios... chegando aqui tão pertinho, e de repente, retomando o caminho de volta...

Agradeço de coração seu empenho !

Um abraço amigo, Clarice

Luiz Mauro Pinto Costa disse...

Muito bom, meu amigo.
Ótimo relato sobre o que falamos ontem a noite, pelo telefone.
Parabéns por mais esta.
Bom sábado e um forte abraço.

Cabeda disse...

Bom dia, Souza
Acho que o tempo dos carteiros amigos das famílias, que conheciam os moradores da sua zona, já passou.
Conheci alguns daqueles velhos e honrados servidores. Hoje, tudo mudou e ocorrem coisas inacreditáveis.
Cumprimentos. Está escrevendo cada vez melhor...
Abraços, Cabeda

Clarice Villac disse...

Esta crônica está excelente, uma conversa boa !

Lembrei de 'Il Postino', 'O Carteiro e o Poeta', o filme sobre a amizade entre Neruda e seu carteiro...

Aqui, um belo trecho, pra matar as saudades...

http://www.youtube.com/watch?v=fbTmmx_579A

:~)

Helena Ortiz disse...

Oi Souza, tudo bem?
Postei um comentário, mas não sei por quê não saiu.
Quero te dizer que a crônica está linda, eu também adorava carteiros e eles eram românticos no tempo em que éramos românticos.
Agora - terceirizados - agradecemos aos céus se as cartas chegam.
Abraço. Helena

Anônimo disse...

Boa noite, Bom dia, Amigo José Alberto !

Os livros chegaram hoje, pelo Sedex !

Fiquei tão contente e agradecida !

Estou com muita vontade de começar a ler, eles são bonitos, sugestivos e bem acabados, os títulos de cada texto deixam a gente curiosa !

E minha mãe já está na fila, esperando a vez dela ! Ela mora no centro da cidade, se aposentou este ano e agora está lendo bastante.

Os embrulhos dos livros contam as histórias deles... um pouquinho... selos, fitas, papéis...

Gracias !!!

um abraço fraterno,

Clacontente.