A escritora Helena
Ortiz, uma das idealizadoras da Editora da Palavra, no Rio de Janeiro, recebeu
de Alexandre Guarnieri, autor de “Casa das Máquinas” (poemas) a seguinte
mensagem que bem poderia traduzir o desencanto de um talentoso estreante no
mercado editorial:
“liberei geral, e eis o
livro livre,
envie pra quem quiser!
bjks e saudds, G.”
Todo novo autor que
pretende editar algum livro deve pensar nos custos de impressão, lançamento,
distribuição e estocagem da sua obra. Sendo um nome desconhecido no mercado,
tem de arcar com todas essas despesas. A começar pelo orçamento editorial que
inviabiliza as pequenas tiragens, encarecendo o preço unitário de cada volume. E para comercializar esse produto precisa abrir
mão de qualquer lucro a fim de chegar a um custo razoável de venda. Que se
agrava ao pagar a comissão ao distribuidor com dinheiro do próprio bolso.
A seguir, vem as
providências para lançamento do livro, envolvendo envio de convites pelo
correio, em número bastante expressivo para assegurar um mínimo de presenças
nas sessões de autógrafos. Uma incógnita imprevisível na estimativa do coquetel
para atender os convidados. Sem qualquer apoio, todo risco corre na conta do
autor.
Este escritor como não
tem expressão para figurar no catálogo de qualquer editora, logo se vê às
voltas com a estocagem imensa dos livros entregues na própria residência. Se
tiver tempo e disposição, ele vai percorrer diversas livrarias, pingando aqui e
ali os poucos exemplares que forem aceitos para vender sob consignação,
sujeitando-se às altas comissões exigidas até se concretizar o pagamento final.
Ou então, prevenido pela sacola recheada, frequentar locais públicos onde possa
convencer algum conhecido e provável leitor.
Também poderá optar por
distribuir graciosamente sua obra aos amigos, nem sempre agrupados em locais
que facilitem seu encontro. E assim não resta alternativa se não o Correio, mediante
envelopamento e selagem desse presente. Uma mão de obra danada que talvez só
valha a pena com o reconhecimento do valor desse trabalho.
Acredito que já era
tempo dos editores criarem uma linha especial para novos autores, apresentando
coleções de livros em pequenas dimensões e número limitado de páginas (edições
de bolso), de custo mais econômico e preço mais barato, possibilitando
vendagens em bancas de revista, notadamente situadas em aeroportos e
rodoviárias. De preferência, uma leitura fácil que ajude a passar o tempo em
longas esperas.
Ultimamente tem sido dada
ênfase à editoração eletrônica que dispensa o papel para ser impresso. A meu
ver, a grande opção para qualquer escritor desejoso de mostrar e divulgar o
resultado dos seus esforços literários, liberando-o de alguns encargos bastante
onerosos acima relatados. Não vai se preocupar mais com a gráfica e a
conseqüente estocagem e distribuição dos livros publicados. Adeus para as
despesas postais do Correio e para coquetéis de lançamento nas imprevisíveis
sessões de autógrafos.
De posse do original
editado, geralmente em PDF (Portable Document Format), esse autor só vai se dar
o trabalho de colocar o seu livro em algum catálogo virtual para ser baixado
por algum interessado na respectiva aquisição. Se assim não o fizer, poderá
também repassá-lo através do correio eletrônico, disponibilizando sua leitura
às pessoas de sua relação. E pode acontecer ainda o efeito multiplicador gerado
por esses destinatários, que se prestarem a recomendá-la a seus amigos e
conhecidos.
7 comentários:
Excelente artigo, caro poeta das águas doces! Nos encontraremos na festa de lançamento do Varal em Floripa né? Fraternal abraço daqui da terra de Anita. Carinhosamente. Fatima.
Uma bela matéria, José Alberto. Cumprimentos. Costa Franco
Parabéns, Souza.
Lúcido e verdadeiro.
Grande abraço,
Fernando Neubarth
MEU AMIGO ZÉ SABE DAS COISAS E TEM DADO BELAS INFORMAÇÕES AOS QUE ACOMPANHAM OS SEUS OBJETIVOS TEXTOS, ASSIM COMO EU FAÇO COM PRAZER E SABOR DR AMIZADE.
Glênio Reis
Meu caro amigo,
Agora sabes tudo, não é mesmo? E essas são as dificuldades de superfície. Há outras, de outra banda, que acontecem dentro de nós, as que nos marcam de verdade, vendo o livro transformado em coisa de segunda, o descaso e até o desprezo pelo que nos custa tanto fazer. Tudo fruto da falta de cultura, principalmente por parte daqueles que fizeram um negócio daquilo que para nós é vida.
V. chega na livraria para deixar o livro. Leva qualidade e nota fiscal, e mesmo assim um "muderno" manda você voltar outro dia, numa hora em que ele não estará nem mais no emprego, e você volta, e então não é mais ele e você volta e então você para de voltar.
Tua idéia das coleções de bolso é ótima. Os uruguaios fazem isso há muito tempo. Mas os uruguaios, vamos combinar, entendem muito mais de educação do que nós.
Grande abraço e continuemos, que para nós a luta nunca parou.
Prezado Souza:
Comentário útil e esclarecedor.
Um abraço e parabéns pela matéria.
Belos e preciosos ensinamentos, meu caro Souza.
Grande abraço.
Marco
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