sexta-feira, 5 de julho de 2013

OS ESTREANTES NO MERCADO EDITORIAL


A escritora Helena Ortiz, uma das idealizadoras da Editora da Palavra, no Rio de Janeiro, recebeu de Alexandre Guarnieri, autor de “Casa das Máquinas” (poemas) a seguinte mensagem que bem poderia traduzir o desencanto de um talentoso estreante no mercado editorial:
“liberei geral, e eis o livro livre,
envie pra quem quiser!
bjks e saudds, G.”

Todo novo autor que pretende editar algum livro deve pensar nos custos de impressão, lançamento, distribuição e estocagem da sua obra. Sendo um nome desconhecido no mercado, tem de arcar com todas essas despesas. A começar pelo orçamento editorial que inviabiliza as pequenas tiragens, encarecendo o preço unitário de cada volume. E  para comercializar esse produto precisa abrir mão de qualquer lucro a fim de chegar a um custo razoável de venda. Que se agrava ao pagar a comissão ao distribuidor com dinheiro do próprio bolso.

A seguir, vem as providências para lançamento do livro, envolvendo envio de convites pelo correio, em número bastante expressivo para assegurar um mínimo de presenças nas sessões de autógrafos. Uma incógnita imprevisível na estimativa do coquetel para atender os convidados. Sem qualquer apoio, todo risco corre na conta do autor.

Este escritor como não tem expressão para figurar no catálogo de qualquer editora, logo se vê às voltas com a estocagem imensa dos livros entregues na própria residência. Se tiver tempo e disposição, ele vai percorrer diversas livrarias, pingando aqui e ali os poucos exemplares que forem aceitos para vender sob consignação, sujeitando-se às altas comissões exigidas até se concretizar o pagamento final. Ou então, prevenido pela sacola recheada, frequentar locais públicos onde possa convencer algum conhecido e provável leitor.

Também poderá optar por distribuir graciosamente sua obra aos amigos, nem sempre agrupados em locais que facilitem seu encontro. E assim não resta alternativa se não o Correio, mediante envelopamento e selagem desse presente. Uma mão de obra danada que talvez só valha a pena com o reconhecimento do valor desse trabalho.

Acredito que já era tempo dos editores criarem uma linha especial para novos autores, apresentando coleções de livros em pequenas dimensões e número limitado de páginas (edições de bolso), de custo mais econômico e preço mais barato, possibilitando vendagens em bancas de revista, notadamente situadas em aeroportos e rodoviárias. De preferência, uma leitura fácil que ajude a passar o tempo em longas esperas.

Ultimamente tem sido dada ênfase à editoração eletrônica que dispensa o papel para ser impresso. A meu ver, a grande opção para qualquer escritor desejoso de mostrar e divulgar o resultado dos seus esforços literários, liberando-o de alguns encargos bastante onerosos acima relatados. Não vai se preocupar mais com a gráfica e a conseqüente estocagem e distribuição dos livros publicados. Adeus para as despesas postais do Correio e para coquetéis de lançamento nas imprevisíveis sessões de autógrafos.

De posse do original editado, geralmente em PDF (Portable Document Format), esse autor só vai se dar o trabalho de colocar o seu livro em algum catálogo virtual para ser baixado por algum interessado na respectiva aquisição. Se assim não o fizer, poderá também repassá-lo através do correio eletrônico, disponibilizando sua leitura às pessoas de sua relação. E pode acontecer ainda o efeito multiplicador gerado por esses destinatários, que se prestarem a recomendá-la a seus amigos e conhecidos. 


7 comentários:

Anônimo disse...

Excelente artigo, caro poeta das águas doces! Nos encontraremos na festa de lançamento do Varal em Floripa né? Fraternal abraço daqui da terra de Anita. Carinhosamente. Fatima.

Anônimo disse...

Uma bela matéria, José Alberto. Cumprimentos. Costa Franco

Anônimo disse...

Parabéns, Souza.
Lúcido e verdadeiro.
Grande abraço,
Fernando Neubarth

Blog do Glênio disse...

MEU AMIGO ZÉ SABE DAS COISAS E TEM DADO BELAS INFORMAÇÕES AOS QUE ACOMPANHAM OS SEUS OBJETIVOS TEXTOS, ASSIM COMO EU FAÇO COM PRAZER E SABOR DR AMIZADE.
Glênio Reis

Helena Ortiz disse...

Meu caro amigo,
Agora sabes tudo, não é mesmo? E essas são as dificuldades de superfície. Há outras, de outra banda, que acontecem dentro de nós, as que nos marcam de verdade, vendo o livro transformado em coisa de segunda, o descaso e até o desprezo pelo que nos custa tanto fazer. Tudo fruto da falta de cultura, principalmente por parte daqueles que fizeram um negócio daquilo que para nós é vida.
V. chega na livraria para deixar o livro. Leva qualidade e nota fiscal, e mesmo assim um "muderno" manda você voltar outro dia, numa hora em que ele não estará nem mais no emprego, e você volta, e então não é mais ele e você volta e então você para de voltar.
Tua idéia das coleções de bolso é ótima. Os uruguaios fazem isso há muito tempo. Mas os uruguaios, vamos combinar, entendem muito mais de educação do que nós.
Grande abraço e continuemos, que para nós a luta nunca parou.

Gilberto disse...

Prezado Souza:

Comentário útil e esclarecedor.
Um abraço e parabéns pela matéria.

Marco Aurélio Vasconcellos disse...

Belos e preciosos ensinamentos, meu caro Souza.
Grande abraço.
Marco