domingo, 29 de setembro de 2013

O BÊBADO E A FLOR (UMA CENA URBANA)


Aquela gravata folgada 
no colarinho aberto,
o vento por perto,
soltando a camisa 
da calça quase arriada,
de que me adiantou
barba, cabelo e bigode
caprichados, ela nem notou.

Pra meus cacos juntar,
passei naquele bar,
tantos tragos que tomei
não foram suficientes
como estranhos confidentes
das mágoas que desabafei,
até sair de lá tropeçando
nas minhas lembranças,
na mão ainda levando,
entre outras esperanças,
este botão de rosa vermelha,
afinal foi o que me restou
duma apagada centelha.



8 comentários:

Anônimo disse...

Adorei seu poema, alias, como tudo que você escreve é sempre muito bom de ler.
Bjim
Maria Nilza

EDEMAR ANNUSECK disse...

O nome "Poeta das Águas Doces" se justifica um pouco mais a cada dia. Sua inspiração, seu texto, sua poesia são a expressão qualificada daquilo que você meu amigo José Alberto de Souza, o Grande Mestre faz, e o faz, porque sabe fazer, como poucos.Parabéns.
Edemar Annuseck
Curitiba - PR

Anônimo disse...

Oi Souza!
Grande poeta, achei muito lindo, sensível: poesia pura!!!! Adorei.
Abração grande
Zinaida

Academia de Letras de Crateús - ALC disse...

Um poeta,
mesmo das águas doces do Sul
não se remenda em mesa de bar!
Um poeta,
com José Alberto de Souza
mesmo desfeito em pedaços , em cacos,
só se rejunta no aroma das rosas
e nas palavras alinhavadas da poesia!

Raimundo Cândido

JASouza. disse...

Tempos atrás, estava eu sentado na mesa de um bar e avistei pela porta de entrada, um cidadão que, fora o desalinho das roupas, pareceu-me bem vestido numa calça preta, camisa branca e gravata preta, bem limpas. Apesar de bem "afeitado", ele vinha cambaleando na rua e me chamou atenção uma rosa vermelha que trazia na mão.
Pensei então, "isso dá samba" e fiquei imaginando seu drama, como se fosse contado por ele mesmo, daí a razão dessa letra na primeira pessoa.

Unknown disse...

Caro colega e amigo,

A seiva que corre em tuas veias leva a marca da sensibilidade, capacitando a mente para enxergar através da matéria e produzir a imagem em poesia. Muito bem.

Saudações, spa
vasco, 051013

Anônimo disse...

Caro Souza:
Somente hoje, 8/9, li a tua bela poesia.
Não tenho palavras para comentá-la.
É simplesmente bela.
Grande abraço, Guilherme.

Clarice Villac disse...


Poema tocante,

e saber de sua origem, também é saboroso, pois a arte da memória do
Amigo José Alberto é já de grande apreço por nós !