Tortura na comunicação |
Os muito jovens dirão que é casmurrice
de velho ou implicância de surdo. Mas não suporto uma das inovações da
modernidade, que é essa escolha múltipla de opções nas ligações telefônicas
para empresas ou repartições públicas. “se quiser a garagem, digite 1; se
quiser o contador, digite 2”; para o sanitário, digite 4”; “para a alcova do
diretor, digite 5" E seguem-se mais seis ou sete opções, que implicam em
conhecer o próprio organograma da empresa ou a sua intimidade.
Agora me aconteceu de telefonar para o
meu jornal de assinatura, a fim de pedir a transferência da entrega, de Porto
Alegre para Torres. E o que antes era um procedimento muito fácil, ao alcance
de qualquer criança, transformou-se num quebra-cabeças. Salvo engano, as
alternativas foram em número de sete: se queria reclamar falta de entrega do
jornal; se o jornal chegara incompleto, se houvera mudança definitiva de
endereço... Um número para cada uma dessas hipóteses. Afinal, veio a única pergunta
que me interessava: a hipótese de transferência transitória; creio que a
sétima... É claro que também informei os dois endereços, o de Porto Alegre e o
de Torres. Depois ainda me perguntaram o nº de minha inscrição como assinante e
meu CPF ou CPJ. Quando tudo parecia acertado, inclusive a confirmação correta
dos endereços, veio uma derradeira indagação, que a minha deficiência auditiva
não entendeu bem, e o resultado foi a anulação de todo o procedimento. Como
havia uma última e salvadora opção, que era a do atendimento personalizado,
acionei-a com justa esperança de humanização do processo. Aí, então, uma
simpática voz feminina atendeu ao meu apelo de socorro, esclareceu-me que a via
eletrônica não tinha funcionado, anotou meu endereço transitório e garantiu que
o jornal virá para Torres, sem problemas.
Tinha perdido uns cinco minutos na pretendida comunicação eletrônica; dois
minutos de viva voz bastaram para solucionar a questão.
Mais uma vez a
realidade atropela as sofisticações modernas. A última opção, do atendimento
personalizado, continua sendo a mais confiável e eficiente. E que me perdoem os
adeptos do telefone, mas este, em alguns casos, se transforma num instrumento
de tortura.
Sérgio da Costa Franco
2 comentários:
Caro0 josé Alberto. Este caso contado por nosso conterrâneo, Sérgio da Costa Franco, já se tornou universal, comigo, volta e meia está acontecendo o mesmo. É lamentável que na época em que as comunicações se agilçizam aconteça, ainda estas coisas. Um abraço. Hunder
Há pouco tive de cancelar proposta de assinatura em servidor de televisão, entrando em contato telefônico com o setor de atendimento ao cliente, onde me informaram que devia ligar para xy0zz. No referido número, foi-me perguntado se era cliente ou não e eu escolhi a primeira opção, depois solicitaram que digitasse o número do CPF, quando me informaram que não era cadastrado. Voltei ao xy0zz e desta vez me apresentei como “não cliente”, novamente pediram para digitar CPF e tive aguardar a consulta ao cadastro que resultou em “sua proposta está sendo analisada”. Foram várias tentativas e nada de encontrar a opção do “cancelamento”, insistindo e suplicando outras tantas vezes na urgência desse procedimento, até que uma das atendentes me deu a dica de ligado no xy0zz, continuar digitando o “zero” para que surgisse aquela opção, o que veio a ocorrer e assim conseguir meu intento.
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