quarta-feira, 1 de abril de 2009

E deixamos de ser amigos virtuais...

Sabe daquela história da velhinha que viajava todos os dias numa certa linha de ônibus e costumava jogar pela janela sementinhas no caminho? Um rapaz que também era usuário do mesmo trajeto estranhava aquela atitude até que um dia, não resistindo a sua curiosidade, decidiu perguntar por que fazia aquilo que lhe parecia tão inútil. Ao que ela lhe replicou dizendo que com tantas sementes lançadas ao solo pelo menos uma ou outra deveria germinar. Passados alguns anos, ambos já tinham deixado de usar aquele ônibus, quando o rapaz voltou a transitar por aquela estrada e verificou as margens da via todas floridas.
Pois bem, eu acabei de conhecer um autêntico semeador de amizades. Por meio do site Caros Ouvintes de Florianópolis, tínhamos iniciado uma correspondência de troca de idéias sobre a situação do rádio nacional, daí nascendo uma cumplicidade solidária de respeito e admiração recíprocos.
Ontem de manhã, quando abri a minha caixa de correspondência, fui surpreendido ao constatar uma mensagem desse amigo virtual comunicando-me a sua viagem para Porto Alegre a fim de narrar o jogo de hoje à noite da nossa seleção contra o Peru e manifestando seu desejo de me conhecer pessoalmente. Além disso, informava-me o número do seu celular e que não tinha meu telefone, o que lhe passei de imediato. Telefonei-lhe então, colocando-me à sua disposição para realizar esse encontro.
Esse monstro sagrado do rádio esportivo que me proporcionava uma grande honra, eu costumo tratá-lo como Grande Chefe Annuseck, pois seu nome me lembra mais aqueles apelidos de caciques de nações indígenas norteamericanas do que propriamente o alemão de sua descendência. Ao final da tarde, recebo o seu telefonema dizendo-me estar hospedado no Hotel Máster, da Senhor dos Passos, e assim trato de convidá-lo para um jantar à noite, ficando de apanhá-lo em sua hospedagem.
Quando cheguei ao Máster, enxerguei Edemar Annuseck sentado numa das poltronas do saguão de entrada do hotel. Cumprimentamo-nos efusivamente, sentindo aquela emoção de reconhecer uma velha amizade que no momento estava deixando de ser virtual. Após uma conversa preliminar, dirigimo-nos à Grelha do Porto, onde prolongamos a nossa palestra, dividindo experiências e passagens da vida de cada um.
Na ocasião, fiquei embevecido com a sua lição de vida, filho de pai e mãe alemães, morando em região colonial de Blumenau, isolada, onde se falava apenas a língua materna, veio aprender a falar o português aos 7 anos, hoje dominando fluentemente não só esses dois idiomas como também o espanhol. Com todo aquele seu jeitão bem humorado, foi me contando inúmeros fatos de sua carreira profissional, as viagens em que cruzou o mundo inteiro, acompanhando várias Copas do Mundo e excursões da nossa Seleção Brasileira.
Impressionou-me a sua simplicidade, bom caráter, de vida familiar bem estruturada, orgulhoso da esposa Dª. Margot e dos filhos Sandra, Cláudia e Edemar Júnior, todos eles com formação superior, com excelente base religiosa evangélica, ex-atleta praticante de punhobol, atualmente exercitando-se no nado de costas, mil metros por dia, cuidadoso na alimentação refletindo-se no bem estar da sua voz, a ferramenta de trabalho. E olha que esse elemento esteve ai dando sopa na praça durante dois anos, até que a Rádio Record de São Paulo antecipou-se com a sua grande contratação. E agora, que me perdoem os amigos: vou escutar Edemar narrando Brasil x Peru, do Beira-Rio.

3 comentários:

Laerte disse...

Olá, Souza!

Lendo seu relato lembrei de um caso que presenciei há alguns anos, talvez do tempo da oficina do Assis Brasil lá na PUC. Era noite, e eu vinha para Novo Hamburgo. No ônibus entrou um senhor cego. Ao lado dele sentou um rapaz, 20 e poucos anos e começaram a conversar. Não lembro como chegaram a isso mas recordo que o rapaz dizia que, nos seus confrontos pela vida, não levava desaforo para casa, que xingava, batia, fazia e acontecia. O homem cego ouviu vários desses relatos em silêncio e depois disse: "Eu nunca semeio espinhos pelo caminho. Um dos motivos é que nunca saberei se em algum momento não terei que voltar por ali, e o pior de tudo, descalço." Ai foi a vez do rapaz ouvir em silêncio.

Grande abraço

Laerte

Anônimo disse...

José Alberto de Souza, meu amigo real.
Não sei que palavras usar para agradecer sua atenção. Foram horas maravilhosas de convívio abrindo um enorme espaço, com certeza em nossas vidas.Obrigado de coração, pela amizade, pela acolhida e pela oportunidade de conhecer um novo amigo. "Amigo é coisa prá se guardar".

Um grande abraço também a Dona Gislene que com certeza conhecerei num churrasco que espero não demore a acontecer.

Edemar Annuseck

Luiz Carlos Teixeira disse...

Caro Irmão e Amigo Souza:

Parabéns !

A tua "veia" de jornalista modernizou-se através do teu "blog"...

Teixeira