segunda-feira, 26 de junho de 2017

Poeta Garoeiro e a semana Heitor Saldanha (IV)






Heitor Saldanha – A Hora Evarista – 1974 – pp. 54/55.

Em mim esse fulgor de alucinâncias
que paralisa os contrários
e reconquista um campo de batalhas
cansei de cruzar fronteiras
com passaporte lacrado
entanto não me projeto
somo um simples apelido
num alfabeto sincrônico
que há muito foi desusado
operário de impossíveis
trabalho sobre o imprevisto
escrevi cartas anônimas
à luz de velas mortiças
e minhas correspondências
chegavam sem endereço
...
mas não andei sobre as águas
não imitei Jesus Cristo
eu sou o lado contrário
e vou passar sem ser visto
...
sim meu trajeto é de longe
fazendo um curso de espasmos
com sombras de fuzilados
caindo dentro de mim
até chegar ao teu reino 
e te cantar   liberdade

Um comentário:

Átila Resem disse...

Parabéns Tio, pelas belas postagens sempre fazendo referência a nossa terra natal!!!!!