segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Carta publicada em 18/04/1987 na "A Fôlha"/ JGO

À direira, Dair Nunes, récnico Campeão Juvenil 1970, pelo  Crizeoro
Volta e meia, tenho o prazer de me deparar aqui na Capital com a figura simpática e entusiasta do amigo Dair Nunes. Para mim, ele continua o mesmo daqueles tempos em que me criei na sempre lembrada Jaguarão. Ao que me consta desde que me conheço por gente, sempre vi o “Zazá” lépido e faceiro a correr atrás de uma bola. Desportista acima de tudo, praticando os mais diversos esportes – futebol, vôlei, basquete e outros mais. Incentivando as “peladas” da várzea, orientando os jovens nas tantas equipes que formou. Um carregador de piano, quantos pianistas não brilharam à sua custa!
Repito, tal encontro sempre me proporciona esta nostálgica sensação de retorno às origens. “Zazá” põe-me a par daquilo que acontece no meio esportivo da nossa cidade. Fala-me do seu inacreditável amor, autêntica paixão, pelo nosso saudoso Esporte Clube Cruzeiro do Sul. Da sua obstinada dedicação, creio que razão de ser da sua própria vida, na incansável tarefa de manter acesa a gloriosa mística tricolor.
Mas “Zazá”, velho amigo, vem me desabafar as suas mágoas pelo cansaço gerado com a incompreensão daqueles que lhe poderiam prestar um apoio mais eficaz. Fico sabendo que se encontra aqui na Capital tratando da sua saúde e que ao mesmo tempo aproveita para providenciar no encaminhamento de ficha de atleta da Associação Cruzeiro Jaguarense, na Federação Rio Grandense de Futebol. E assim os assuntos se vão sucedendo até chegarmos ao impasse surgido dentro daquela Associação quanto à sobrevivência do Departamento de Futebol, a qual vem sendo ameaçada por correntes favoráveis à sua extinção, apesar da fusão anteriormente acordada pelas duas sociedades – Clube Jaguarense e Esporte Clube Cruzeiro do Sul.
E nós aqui – Sheldon, Aparício, Nede e eu – estrelados da velha cepa, em nossas reuniões informais, ficamos perplexos ante a crítica situação a que chegou nosso inesquecível time do coração. Não conseguimos entender por que o “cruzeirista” está se tornando uma espécie em extinção. Por que dentro daquela Associação não existe gente disposta a reagir contra esse estado de coisas. Por que não se reúnem os remanescentes daquelas épocas áureas, buscando uma solução mais honrosa para essa questão. Quem sabe até denunciando o convênio dessa malograda fusão. 
Afinal de contas, “Zazá” não merece representar esse melancólico papel. 

2 comentários:

JASouza. disse...

Reproduzimos esta carta de 1987, publicada no Jornal "A Fôlha" de Jaguarão, com o fim de documentar nosso depoimento acerca da malograda fusão que resultou na atual Associação Cruzeiro Jaguarense.
Inclusive as pessoas ali nominadas se tornaram de saudosa memória.

Kie disse...

Resgatar a história ou contar uma história? Tanto faz. Importante é saber (e "ensinar") como começou, e onde/como está.
Grande abraço.
Kie