quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

MENSAGEM PARA O "ARCANJO" RAFAEL PINTO

 
Evgeni Dobrovinski (Capa de uma plaqueta da Ode à Tipografia, de Pablo Neruda, 1977).


Batias bem o componedor na caixa dos tipos ao compasso duma melodia surgindo em tua cabeça, enquanto apareciam caracteres de todos os lados.

Mal sabias que, naquela dança animada, a cultura vinha aos borbotões, as palavras e linhas do texto se transformando em nascente pensamento.

Mesmo assim não te descuravas daqueles difíceis significados e interagias pelo ritmo de tua inspiração, em contraponto às rebuscadas frases.

Tuas mãos esculpiam uma harmonia perfeita da forma com o conteúdo, os dedos encardidos de artífice compondo a mais limpa das obras gráficas.

Eras Mestre em corrigir a ortografia nos descuidados originais e eu aquele Aprendiz a quem fazias sem querer pegar gosto pelo idioma pátrio.

Quando cochilavas à beira da bancada, oxalá teus sonhos pudessem alcançar a evolução da prensa de Gutenberg até a atual Era da Informática.

E assim me tornaste um escriba sem maiores pretensões do que jogar com as letrinhas como costumava fazer antigamente nos tipos de antimônio.

8 comentários:

Anônimo disse...

Olá José Alberto, bom dia.
Bem lembrado o seu "Arcanjo" e não sei se foi coincidência, mas exatamente hoje, 04/12 faz 77 anos que o vô Cantalicio fundou A Folha
Um abraço
Luiz Augusto

Hunder Everto Corrêa disse...

Caro José Alberto.
Estás escrevendo cada vez melhor.
Que o "Arcano" Rafael te ilumine e te proteja.
Obrigado e um abraço.

Corálio B.P. Cabeda disse...

Sempre há um anjo bom (ou arcanjo, superlativo de anjo) por perto...

clovis erly rodrigues. bispo disse...

Meu conterrâneo J>Alberto és o nosso orgulho.A nossa Ponte Mauá que representas tão bem a nossa terra no terreno das letras.Continua sempre a brilhar.
abrs. desde a infância , do,IPA ,do Navegantes , do Heponino , do Luminário , dos Curtos , abrs. Clovis ( o baixinho da farmácia Graciliano)

Marco Aurélio Vasconcellos disse...

Um belo e inspirado texto, caro Souza. A cadência palpitante nele contida me leva a considera-lo uma verdadeira prosa poética. Parabenizo-te pela qualidade costumeira.

Maria (Nilza) de Campos Lepre disse...

Um belo texto.

Fernando Rozano disse...

Texto em que a memória é presente e Neruda um sensível testemunho. Abraço.

Helena Ortiz disse...

Lindo texto, Souza, e sempre o sentimento, as relações, a memória tão bem acordada. E ainda mais a foto do livro, um achado. grande abraço