PAPO LEGAL
As
crônicas do poeta cearense Raimundo Cândido Teixeira Filho, ilustre cria dos
sertões de Cratheús, são uma provocação a nos desafiar a vontade de prosear,
sentado na calçada, jogando conversa fora.
Eis que ele acaba de pinçar uma
inédita manifestação sertaneja no prolífero dicionário cearês - “a genial
expressão “B.R.O brós” só para indicar os meses mais quentes do ano, de
setembro a dezembro”.
Prosseguindo, arremata o período com uma
sentença folclórica: “Dizem que o mundo, uma vez, findou-se com muita água e
que, agora, vai se acabar é nas labaredas de fogo e o foco é no sertão cearense”.
Peço licença ao Professor pra me
trasladar de cadeira e cuia até sua calçada e me sentar sem cerimônia alguma,
aproveitando a brisa refrescante deste Aratiba amigo que surge em madrugadores
mormaços.
Ah, se eu não falaria das estripulias
de “El Niño” lá pelas bandas do Pacífico, causando esta tremenda bagunça que
não deixa de ser sempre inversão de valores com inundação no Sul e seca no
Nordeste.
Até proporia uma força tarefa de
serafins bombeiros a fim de impelir essa nossa enxurrada a irrigar aquelas
áridas terras do Agreste, combatendo as maléficas intenções do Capeta nesta
fornalha acesa.
Para consolo desse nobre Vate, ainda relataria
certa madrugada na praia de Tramandaí, em que alguns moradores do condomínio
Quebra-Mar acomodaram seus colchões e ventiladores nos corredores externos.
Vixe, foi uma vez só, nem precisei
aquecer água para o chimarrão, mas que me senti reencarnado nas profundezas
ígneas, palavra que senti, duvidando existir qualquer calorão senegalesco mais
intenso.
E você ainda fala de outro Aratiba
desviando-se pelas esquinas desta cidade e revoludteando “santinhos” de mico leão
dourado, onça pintada e garoupa que gerariam corrupção entre políticos e
eleitores.
Parece-me, Mundinho, que os ventos se
comunicam entre si, se não como explicar que o nosso Minuano venha compactuando
com essa safadeza engendrada pelo manhoso Aratiba nestas tão longínquas
paragens.
6 comentários:
Eh, poeta das águas doces, estamos conectados de qualquer jeito, pelo ar, pela terra, pelas circunstâncias e pela poesias. Daqui da Ribeira do Poti, aonde escaramuça a brisa do aracati, lhe mando um abraço, meu grande amigo!
Raimundo Cãndido
Eta papo gostoso este! Abraço apertado ao amigo Poeta das Águas Doces.
Magnífico esse teu texto, com leves pinceladas hilárias.
Achei uma preciosidade e tenho a convicção de que estás cada vez melhor.
Parabenizo-te pela qualidade do texto, num português fluente e rico.
Êta véinho que deu bom esse!
Abraço imenso.
Eu me lembro bem do verão tão quente, nós também estávamos na praia.
A Academia Brasileira de Letras aguarda a ambos. Torço por isso.
Saudações
Edemar Annuseck
Curitiba - PR
Concordo com o Marco Aurélio, amigo: estás cada vez melhor.
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