domingo, 25 de junho de 2017

Poeta Garoeiro e a semana Heitor Saldanha (III)

Heitor Saldanha 
– A Hora Evarista – 1974 – p. 88.

Hoje enquanto tiver dinheiro beberei.
Depois entregarei ao garçom
meu relógio de pulso
meus carpins de nylon
meus óculos de tartaruga (que nome bonito)
minha caneta tinteiro
e continuarei bebendo
sem literatura
sem poema
sem nada.

Só.
Como se o mundo começasse agora.
Estou nesses conscientes estados de alma
em que não posso me salva
e nem salvá-la.

Um comentário:

Jacqueline disse...

O poema de um momento na vida de todos nós...
Lindamente triste!