domingo, 4 de junho de 2017

* A ULTRA SENSIBILIDADE DE LUIZ CORONEL *



O homem no desemprego
é um homem amordaçado.
Esconde grito contido,
Por isso parece calado.

O homem no desemprego
rumina áspero o ódio.
O tempo boceja inútil 
sem agenda ou relógios.

O homem no desemprego
não tem passagens ou malas.
Move-se num vai e vem
qual uma fera na jaula.

O homem no desemprego
parece perdido no espaço.
Manearam suas pernas,
imobilizaram seus braços.

O homem no desemprego
é um homem no exílio.
Não tem idioma nem pátria.
É um trem fora dos trilhos.

O homem no desemprego
é um náufrago na tábua.
É um peixe asfixiado
num turvo aquário de mágoas.

Ao homem no desemprego
congelaram sua imagem.
O tempo rola seu filme
mas ele ficou à margem.

Ao homem no desemprego
o alambique destila
a salvação pelos copos
e o triste roteiro das filas.

Publicado em 17/maio/2017 no Caderno de Sábado do Correio do Povo (POA). 





5 comentários:

Jacqueline disse...

Triste situação a do ser que, sem uma ocupação que honre os seus dias, sofra do preconceito destilado pela sociedade. Sem esquecer do preconceito dele consigo próprio.
Abraço ao amigo, poema forte e atual!

Jacqueline

Academia de Letras de Crateús - ALC disse...

...Uma fera numa Jaula! É cruel!
Um abraço grande poeta das `Águas Doces.
Raimundo Cândido

JASouza. disse...

Para conhecer o autor, clique no título do poema.

Anônimo disse...

BELÍSSIMA POESIA!
OBRIGADO AMIGÃO PELA GENTIL E CARINHOSA LEMBRANÇA.
ABRAÇOS DO AMIGO PAULO E ESPOSA BETH.

Anônimo disse...

Muito bom, José Alberto.
Gostei muito.
Obrigado e um abraço,
Hunder