segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Túnel do Tempo: cinquenta anos atrás



CRUZEIRO CAMPEÃO ESTADUAL – Primeiro de uma série

18 de fevereiro de 1962. Chega a seu término o Campeonato Estadual de Amadores da Série Verde, correspondente à temporada de 1961. E conquista o título máximo o Esporte Clube Cruzeiro do Sul, de Jaguarão. Prêmio justo e merecido que vinha coroar com êxito um passado de lutas e glórias de uma das mais tradicionais entidades amadoristas do Estado. Fundada em 1924, a agremiação esportiva baluarte daquela cidade vem se mantendo garbosamente através dos tempos – tantos e tantos clubes passaram enquanto essa vai ficando.
Realmente, vários fatores contribuíram de modo decisivo na brilhante campanha encetada pelo quadro tricolor, invicto há 49 jogos. Entre eles, a organização exemplar da Diretoria, a eficiente orientação técnica, a disciplina e camaradagem dos atletas nos treinos e concentrações e a torcida da colônia jaguarense radicada em Porto Alegre nos jogos de Guaíba e Canoas. Nas excursões, os dirigentes estrelados não pouparam esforços em proporcionar a máxima assistência aos jogadores. Estes eram transportados nas condições melhores possíveis e chegaram até a serem concentrados na Praia da Alegria, às vésperas dos cotejos finais.
São unânimes os jogadores em salientar a orientação técnica que vêm recebendo – a do Dr. José Antônio Candiota Duarte da Silva, Campeão Panamericano de 1956 – sem igual até então nos clubes locais. Treinamentos intensos são realizados durante a semana, com ensaios de conjunto às terças e quintas e preparo físico às quartas e sextas. No decorrer dos treinos, existe um revezamento entre titulares e aspirantes, resultando sempre a escalação do que render melhor. E não participa dos cotejos o atleta que não treina. Por esse motivo, embora visados, vários elementos de fora não chegaram a ser utilizados. Unicamente têm a sua oportunidade os mais assíduos e persistentes nas práticas.
Impressiona sobremaneira a facilidade e o jeito todo especial com que o treinador manobra cada um dos seus pupilos. O que resulta de um saneamento mental empreendido através de uma disciplina rígida e inflexível com poucas punições, porém, de caráter profundo. Em Pedro Osório, alguns elementos de destaque encontravam-se afastados da equipe que mesmo assim ainda conseguiu um empate de 1x1 frente ao Piratini local. E esta disciplina é mantida fora e dentro de campo. Basta dizer que a agremiação vem granjeando um ótimo conceito em todas as homenagens de que lançaram mão.
Na temporada passada, um grande plantel de jogadores esteve em ação – Oscar, Almir e Luiz Carlos (arqueiros), Cordeiro, Pedrinho, Silveira e Aramis (zagueiros), Ludwig, Oliveira, Bittencourt, Cacaio e Fontoura (médios), Afonso, Nogue, Otaviano, Luiz Orlando, Adãozinho, Neca, Elbio, Vitor Hugo e Pitella (artilheiros). Todos em iguais condições e nenhum titular absoluto, de modo geral, correspondendo perfeitamente bem. Reservas apenas eventuais, mas sempre prontos para intervir nas partidas.
Após o jogo em Canoas, muitos dos atletas mostravam-se desejosos de chegar a Porto Alegre. No entanto, voltaram para a Praia da Alegria, onde estiveram concentrados. Lá o treinador Duarte fez-lhes ver da necessidade de repousar, tendo em vista a viagem longa e cansativa que tinham pela frente e o pouco tempo de que dispunham para os “aprontos” da contenda decisiva do Campeonato. Mas deixou a critério de cada um essa resolução e todos prontamente lhe atenderam o aviso. Comentando o fato, Duarte apenas se limitou a citar Osório – “É fácil a missão de comandar homens livres: basta lhes mostrar o caminho do dever”.
(Publicado em 20.03.1962 na Folha da Tarde Esportiva, de Porto Alegre).

5 comentários:

Maria da Luz disse...

Legal mesmo! Não sabia deste teu passado de cronista de esporte. Bjo

Anônimo disse...

Remocei muitos anos ao rever estas historias e me orgulhei do nosso time!
Muito obrigado por teres me proporcionado esta alegria.

Huldo Cony
Médico Veterinário

Marco Aurélio Vasconcellos disse...

Bah, Souza! estás te tornando uma verdadeira enciclopédia.
Eta cara organizado!
Abraço e parabéns.
Marco

Nara Maria dos Santos disse...

Que lembrança boa! Eu e meu pai festejando na Av 27 de Janeiro a volta da delegação, orgulhosos!
Nara Santos

Anônimo disse...

Oi Zezinho
Foi muito bom ler este comentário, pois me levou aos tempos do Ginásio, onde vi nomes de muitos desses jogadores que foram meus colegas, que não os vejo há muitos anos.
Abraços
Theophanes