segunda-feira, 23 de julho de 2007

Qual a razão deste meu gosto pela música? (XII)

Outra das influências marcantes que recebi foi a do Seu Arcanjo, o Rafael Pinto, tipógrafo de A Miscelânea. Debruçado sobre as caixas de tipos, costumava colocar-me a seu lado, tentando arrancar-lhe os segredos da arte gráfica. Esse cidadão era metido a compositor e batucava naquelas caixas, quase as empastelando. Por osmose, eu ia me formando como gráfico e músico de araque e, de lambujem, aprimorando a ortografia que ele me ajudava a corrigir.
Lá por 1959, estive algum tempo na gerência do jornal A Fôlha que era composto e impresso pelo Seu Arcanjo e eu fazia as revisões: primeiro do material em que se passava um rolo de tinta de impressão, colocava-se o papel úmido por cima e batia-se com a mão sobre o papel para marcar no mesmo o texto; depois montavam-se as chapas de duas páginas que eram colocadas na impressora, tirando-se então a prova para a revisão final. Além disso, costumava colocar em prática as minhas idéias sobre diagramação, sempre assistindo seu Arcanjo na paginação do jornal sob seus protestos - guri, eu te vi nascer e agora queres me ensinar o ofício - de mestre desafiado pelo discípulo.
Certa ocasião, eu tinha feito a cobertura da Exposição Feira da Sociedade Agropecuária e redigi a matéria, descrevendo as evoluções da Banda Marcial do Colégio Gonzaga de Pelotas na abertura do evento. Banda Marcial pra cá, Banda Marcial pra lá, as letras a e u vizinhavam na caixa dos tipos. Tiramos a primeira prova, na sílaba Ban onde tinha o a aparecia o u que logo corrigi. Aí foi para a impressora e continuava a troca de letras. Por via das dúvidas, providenciei pessoalmente nessa correção, saindo imaculada aquela Banda Marcial do que Seu Arcanjo havia aprontado...