quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O pirata que virou papagaio

O flagrante acima foi colhido durante a programação do Sem Fronteiras , através da câmera fotográfica da cantora Jussara Souza, minha conterrânea que brilhou na Rádio Gaúcha e como crooner da orquestra do maestro Karl Faust, lá por meados dos anos cinquenta. Acontece que Dª. Tônia, moradora do mesmo andar do nosso prédio, esteve visitando em Piracicaba/SP outra cantora daquela época, sua amiga Loiva Terezinha. Esta recém tinha recebido uma série de fotos que a Jussara tinha lhe mandado e resolveu mostrar as mesmas para Dª. Tônia. Qual não foi a surpresa da visitante quando deu de cara comigo
- mas o que está fazendo o meu vizinho nesta foto?
E hoje, creio eu, estarei supreendendo o Magrinho Elétrico, Professor Glênio Reis, tentando transmitir-lhe todo reconhecimento pelo estímulo e pelas idéias que me tem passado para apresentar este modesto Diário. Há anos que venho cultivando essa admiração pelo Tio Glênio, como é carinhosamente chamado nos meios artísticos. De minha parte, prefiro tratá-lo como Professor, à maneira como os jogadores de futebol costumam bajular os seus treinadores. Agora, não querendo ser puxa-saco, afirmo com toda convicção que muito tenho aprendido com o seu fraternal convívio e a cultura musical que esbanja por todos os poros.
A princípio, quando o conheci nas inesquecíveis churrascadas de sábados à tarde na residência do saudoso casal Iracema e Francisco Campos, naquele que foi o mais afamado fundo de quintal do bairro Medianeira, achava-o meio arredio e refratário a novas amizades. Até que um dia ele chegou para mim e me disse - estou impressionado com a tua sensibilidade - pura e simplesmente por que eu lhe havia perguntado qual o disco que havia rodado em seu programa de uma cantora até então desconhecida, mas com nome artístico bacana pra chuchu, Consuelo de Paula. Pois não é que ele tinha tocado Samba, Seresta e Baião despretenciosamente e, quando lhe falei, resolveu analisar melhor o conteúdo desse disco e acabou descobrindo uma artista de grande talento. Posteriormente, veio a entrevistá-la no Sem Fronteiras, por telefone, e até insistiu para que mostrasse o seu trabalho aqui no Rio Grande do Sul, durante a época mais adequada para tanto, ou seja, no Festival da Moenda da Canção, de Santo Antônio da Patrulha.
Sem querer, acabei pialando o mate da amizade de uma criatura extremamente gentil, que passa a ser, a partir deste momento, patrono desse Poeta das Águas Doces.